Desde o ano 2000 até hoje, as HRTechs brasileiras, ou seja, as startups com soluções de recursos humanos, já receberam US$ 3,4 bilhões em investimentos, ao longo de 310 deals feitos por fundos de venture capital nacionais ou estrangeiros, além de corporate venture capital (CVC). É o que mostra o Distrito HRtech Report 2021 – Inovação através do Capital Humano, relatório produzido pela plataforma de inovação aberta Distrito.
As HRTechs englobam, entre outras dimensões, desde a seleção até a educação, experiência, saúde, incentivo, benefícios e a gestão de seus colaboradores. Segundo o levantamento feito pelo Distrito, há hoje 356 startups fornecendo soluções para o desenvolvimento do capital humano no Brasil, que foram separadas em três categorias: aprimoramento e cuidados (140), contratação (116) e gestão (100).
A maior parte dos investimentos mapeados foram feitos em estágio Seed (124), mas há um número considerável de Series A e B. Já despontam também os primeiros late-stages. Apesar de o montante considerar duas décadas, os investimentos estão concentrados nos últimos três anos: de apenas US$ 4 milhões levantados em 2018, os aportes somaram US$ 1,5 bilhão no ano seguinte. O ano de 2019 teve seis Series A e 13 Series B, ante nenhuma e duas, respectivamente, em 2018. Foram feitas também, à ocasião, as primeiras quatro Series C do ecossistema brasileiro.
A pandemia ainda ajudou a impulsionar o setor: cinco dos dez maiores investimentos foram feitos nesse período. Até agora em 2021, US$ 1,35 bilhão foi aportado – faltando um trimestre para encerrar o ano, o volume já está muito próximo ao de 2019 – ano que registrou arrecadação recorde de US$ 1,55 bilhão. Entre os principais aportes desde janeiro, destaque para uma rodada de US$ 220 milhões do Gympass, startup que atua no modelo B2B e que possui uma plataforma de academias com foco em sua saúde e bem-estar dos colaboradores; e outra, no valor de US$ 20 milhões, direcionada à Flash, empresa que oferece às empresas um cartão de benefícios flexíveis.
Para o fundador e CEO do Distrito, Gustavo Araujo, isso reflete um dos maiores desafios das empresas dentro na nova economia. “Essa aceleração nos últimos anos é mais um indício de que o capital humano é um campo pleno de oportunidades e que deve se manter em ascensão nos próximos”, diz. Segundo ele, a busca por esses serviços aumentou durante a pandemia devido às condições criadas pelo trabalho remoto, a necessidade de desenvolvimento de novas habilidades e a busca de qualidade de vida e saúde mental dos funcionários. “Com as alterações provocadas pela COVID-19 no mundo do trabalho, e que muitos especialistas consideram permanentes, e a maior ênfase em saúde mental dos colaboradores, enxergamos um cenário próspero para essas novas soluções”.
Araujo ressalta ainda os grandes desafios que as organizações no mundo todo têm com relação à busca e recrutamento de profissionais para a área de inovação e tecnologia. “Existe um apagão hoje muito grande no setor, um gap de centenas de milhares de vagas desde TI até habilidades como desenvolvimento de produto. Essa é uma dor muito grande do mercado e as startups que estão despontando com soluções de formação e seleção nessa área para as empresas terão muitas oportunidades”, afirma.
Destrinchando os investimentos por categorias, percebe-se ainda que muitos aportes são destinados para as startups voltadas a Aprimoramento e Cuidados, que agrupa soluções de Qualidade de Vida (US$ 2,4 bilhões), Benefícios, Desenvolvimento de Skills e D&I (diversidade e inclusão).
O que são as startups de capital humano?
As HRTechs usam métodos como análise de métricas de desempenho, integração de dados, automação e acompanhamento de resultados para desburocratizar os processos de recursos humanos e otimizar a capacidade de decisão de gestores. Com elas, os processos são facilitados, melhorando a jornada de quem procura emprego e de quem busca por talentos.
A maior parte dessas startups surgiram recentemente. Houve um crescimento muito tímido desde os anos 90, seguido por uma aceleração considerável a partir de 2010, culminando em 2018, ano de maior número de startups fundadas. Isso não deve ser entendido como uma desaceleração entre 20218 até 2021, já que existe maior dificuldade de mapear startups muito jovens, o que faz com o que o número de empresas fundadas desde então pareça menor.
Confira aqui o estudo na íntegra: https://distrito.docsend.com/view/vn9a55ewbyabfm4g