Great Place to Work aponta caminhos para inspirar funcionários

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O Great Place to Work® – única empresa global de pesquisa, consultoria e treinamento que estimula as organizações a identificar, criar e manter excelentes ambientes de trabalho – aponta seis questionamentos que os líderes devem fazer para auxiliar os funcionários a identificar o significado no trabalho. Na chamada “Era do Significado”, os líderes inspiradores são associados à capacidade de construir ambientes corporativos produtivos, lucrativos, sustentáveis e nos quais os funcionários enxergam relevância na própria atuação. Novartis, Mars e Kimberly-Clark são empresas que mantêm práticas associadas ao tema e que estão na lista das Melhores Empresas para Trabalhar.

Iluminar o espírito, incutir, infundir. No dicionário, as definições da palavra inspirar não servem de ajuda para entender como um líder pode despertar esse sentimento nos funcionários. Ocorre que, à primeira vista, a questão não se apresenta de forma tangível. Comunicar os objetivos da empresa é a forma mais associada ao ato de inspirar. Mas, de acordo com o diagnóstico do Great Place to Work®, as práticas realmente inspiradoras estão muito além da mera comunicação objetiva; um líder inspirador é aquele que ajuda a equipe a encontrar o significado no trabalho; a relevância de cada indivíduo no ambiente corporativo.

Há mais de duas décadas, as pesquisas conduzidas pelo Great Place to Work®– em mais de 50 países – mostram que os melhores ambientes de trabalho são a origem de empresas mais produtivas, lucrativas e sustentáveis. A vanguarda da gestão empresarial reconhece que um modelo que tem como pilar central o investimento em pessoas é parte importante da estratégia do negócio. Hoje, vigora a chamada Era do Significado, na qual alinhar questões éticas com a atuação da empresa e do próprio funcionário não são meras utopias; é uma prática real e lucrativa. E, para isso, o funcionário deve entender qual é o significado do próprio trabalho; a importância da atuação dele na complexa engrenagem da organização.

Segundo Ruy Shiozawa, CEO do Great Place to Work® Brasil, o significado da atuação tem origem em três fatores: impacto pessoal no trabalho (o que faço); cultura/ambiente (como fazemos); e missão/propósito (motivos). “Muitas vezes pode parecer intangível, mas os efeitos no ambiente corporativo e o impacto nos negócios são bem nítidos. Estudos recentes atestam que funcionários que enxergam sentido no trabalho que fazem estão, em média, 70% mais satisfeitos e 40% mais engajados”, afirma o especialista, acrescentando que a condição essencial para um líder inspirador é se perguntar se felicidade e significado são sinônimos.

Um estudo da área de Psicologia mostra que 75% dos participantes registraram altos níveis de felicidade e baixos níveis de significado. No cerne da questão está a interação social. Uma pesquisa conduzida pela Universidade de Stanford, apontou que as pessoas associam a felicidade a um comportamento egoísta – obter vantagens nas interações com outras pessoas. No significado, ocorre o inverso, pois está associado a pessoas com comportamento altruísta. Com base nesse cenário, uma maneira simples de encontrar significado no trabalho consiste em as pessoas se preocuparem mais com o que têm a oferecer e não com o que querem conseguir dos outros.

Para ilustrar a importância do significado, Shiozawa cita a história real de um zelador da NASA, ocorrida na década de 1960. Varrendo o chão, ao ser questionado sobre o que estava fazendo, respondeu sem pestanejar: “levando o homem para a lua.” Ou seja, isso é significado. “Há mais de um caminho na busca por um propósito. Baseado em um artigo da Universidade de Berkeley e na metodologia do Great Place to Work®, listamos seis perguntas importantes que os gestores de pessoas deveriam fazer a si mesmos para determinar se o ambiente de trabalho da empresa é capaz de gerar significado para as pessoas. As respostas honestas podem nortear decisões importantes para tornar a gestão de pessoas uma área de excelência para a empresa”, afirma o especialista. Ruy Shiozawa acrescenta que as dicas estão associadas à missão da consultoria: “construir uma sociedade melhor, ajudando empresas a transformar seu ambiente de trabalho”.

1. Sua empresa possui um propósito maior?

Não estamos falando que a empresa deve desistir de buscar lucro e se tornar uma ONG. Mas a missão da organização deve ir além dos interesses econômicos. Uma missão pode ser um poderoso motivador, desde que seja vivida na prática. De nada adianta ter uma missão relevante se a empresa não pratica nada daquilo. Muito pelo contrário, isso irá apenas desmotivar os colaboradores.

2. Sua empresa permite um aprendizado constante?

Há vários anos, a pesquisa do GPTW aponta o mesmo resultado: o principal motivo de permanência para trabalhadores de até 44 anos de idade – que constituem mais de 80% da força de trabalho, segundo o levantamento demográfico realizado entre as empresas participantes do processo Melhores Empresas GPTW de 2014 – é a oportunidade de desenvolvimento. Se as oportunidades para desenvolvimento de carreira são poucas, ao menos as pessoas precisam ter espaço na empresa para sempre desenvolver suas habilidades. Caso contrário, o trabalho pode se tornar uma rotina robótica e adeus significado.

3. Seus colaboradores possuem um senso de realização?

O papel da liderança é vital. É essencial que cada um saiba exatamente como e porque o trabalho que realiza é importante. Você reconhece e agradece os esforços? Celebra as “missões cumpridas” com sua equipe? Algumas pessoas são capazes de encontrarem esse sentimento por conta própria, mas mantenha em mente que essa costuma ser a exceção, não a regra.

4. Sua empresa tem um ambiente respeitoso, de comunidade ou família?

As pessoas estão cada vez mais sozinhas. Hoje, as relações no trabalho são complementares ou – em alguns casos – substituem outros tipos de relacionamento interpessoal. Se a empresa pode suprir essa necessidade do colaborador, ele facilmente encontrará sentido no trabalho. Caso não seja possível, ao menos o ambiente deve ter confiança, cooperação e respeito.

5. As contribuições dos colaboradores são levadas a sério?

Não basta apenas ouvir. As boas ideias se concretizam na forma de projetos ou mudanças na organização? Todos precisam sentir que podem contribuir para ajudar nos objetivos da empresa. Quanto mais os colaboradores sentem-se envolvidos, mais engajados e confiantes para pensar sobre o assunto e sugerir melhorias. E de bônus, a tal inovação que é tão importante hoje em dia, fica bem mais fácil de acontecer.

6. A empresa dá autonomia às pessoas?

Algumas pessoas precisam de liberdade para trabalhar com a maior eficiência possível. Como você (e sua empresa) lida com elas? Tenta enquadrá-las no molde ou deixa que elas sigam em frente? Sua relação com elas é de chefe ou mentor? A sensação de confiança e liberdade ajuda a criar significado para o trabalho.

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Empresas que auxiliam o colaborador a encontrar o significado do trabalho

Empresa do setor de biotecnologia e farmacêutico, a Novartis tem por prática o Customer Centricity – responsável por fazer com que os colaboradores entendam o significado da própria atuação. Por meio do contato pessoal ou por vídeo, participação em visitas e campanhas internas, os funcionários fazem uma imersão na realidade dos pacientes e clientes. A ideia é mostrar como o trabalho de cada tem um impacto direto na vida das pessoas. O Quality Matters, outra prática, reforça a importância da qualidade no trabalho por meio de uma “pegadinha”. Durante uma semana, todos os veículos de comunicação interna operaram intencionalmente com baixíssima qualidade – cartazes rasgados e impressos inadequados, vídeos com baixa qualidade e chiados. Além disso, atores são contratados para se passar por prestadores de serviço de péssima qualidade. A ideia era fazer com que todos – inclusive os diretores, que não sabiam de nada – sentissem na pele os efeitos da falta de qualidade no dia a dia. Depois das “pegadinhas”, uma semana inteira foi dedicada ao tema Qualidade. Os colaboradores tiveram acesso a materiais de comunicação, cartilhas e palestras com especialistas internacionais sobre o tema.

No Long Live Life, o intuito da Novartis é reforçar a missão da empresa – melhorar e salvar vidas. Com uma campanha de conscientização global, os colaboradores são convidados a refletir sobre como esses conceitos são vividos cotidianamente dentro e fora da empresa. Nesse contexto, são compartilhadas histórias de superação de familiares e do próprio funcionário; é realizado um brainstorm coletivo para gerar ideias inovadoras. A edição 2014 contou com a participação de cinco mil colaboradores em 93 países.

Na Mars, empresa do setor alimentício, o programa de voluntariado permite ao colaborador colocar em prática os princípios da empresa na própria comunidade. Durante um dia de trabalho, os participantes desenvolvem ações ligadas a temas como meio ambiente, educação, combate à fome e proteção aos animais. Mars em Família é uma outra prática da empresa que leva, anualmente, familiares para o escritório da empresa. A ação faz com que os familiares conheçam melhor o ambiente de trabalho. No programa de Apadrinhamento Petcenter – a empresa possui as marcas Pedigree e Whiskas – o funcionário pode apadrinhar um dos cães atendidos no Pet Center, comprometendo-se a visitar o animal semanalmente. Além de engajar o colaborador e auxiliar a socialização do pet, o programa reforça os valores da empresa e o empenho em difundir os benefícios de ter a companhia de um animal.

A Kimberly-Clark, bens de consumo pessoais e domésticos, tem o Prêmio Role Model Brasil no qual seleciona colaboradores que melhor representam os valores da empresa; os selecionados por um comitê multifuncional participam da Conferência Executiva Anual e são homenageados pelos líderes da companhia.