Projeção para este ano é de aumento em 25% no número de aportes do setor se comparado com 2022
O investimento anjo tem se tornado uma estratégia para o ecossistema de startups, que passa por um período de instabilidade ao longo dos últimos meses por conta da queda de aportes no venture capital tradicional. Um levantamento da investidora early stage ACE Ventures realizado com mais de 200 empreendedores de startups, questionados sobre as fontes preferidas para financiamento, o investimento-anjo (15,5%) foi a segunda opção de captação mais citada pelos fundadores. Venture Capital (VC) ainda foi a mais citada (25%), e Corporate Venture Capital (CVC), com 14%, ficou em terceiro.
Pensando nesse cenário, conversamos com cinco investidores anjo, entre eles Paulo Veras, fundador do aplicativo de mobilidade urbana 99, Osvâneo Ferreira, líder de transformação digital e Diretor de Engenharia no iFood, Wlado Teixeira, Diretor Executivo e Membro do Conselho do GVAngels, Maria Rita Spina, Diretora executiva da Anjos do Brasil, e Brian Requarth, Cofundador da Latitud, com o objetivo de entender as principais características que eles avaliam em uma startup para fazer investimento.
Sobre o perfil preferido das startups para investidores-anjo realizarem aporte, a maioria respondeu que olha mais para as que estão em estágio inicial – empresas até a fase seed -, por ser entendido pelos investidores-anjo como o mais fértil para criar uma empresa ao permitir que o time possa refinar o produto ou serviço a ser lançado de uma maneira interessante e sem nenhuma limitação. Abaixo um gráfico mostrando os diferentes períodos de uma empresa:
“Mais profissionais brasileiros deveriam seguir pelo caminho do investimento anjo, uma uma vez que o mercado como um todo está indo na direção da tecnologia. Mesmo que o background dessas pessoas não seja de tecnologia, é uma forma de elas se aproximarem desse ecossistema que vai ser tão importante pra economia brasileira nos próximos anos.”, diz Pedro Waengertner, Cofundador e CEO da ACE Ventures.
Paulo Veras compartilha que, em geral, os valores dos investimentos dele representam algo próximo de 5% a 10% do negócio e que não tem foco em algum setor específico. “Não tenho preferência por nenhuma vertical. Minha atenção é sempre voltada para o time e o tamanho da oportunidade apresentada”, conclui o investidor.
Só em 2022, foram R$ 68 milhões investidos em 128 startups por essa rede de 24 investidores-anjo. De 2021 para 2022, houve um aumento de 27% no número de investidores, somando 3.258 profissionais, que apresentaram uma média de aportes de R$25 mil por investidor, e entre R$ 400 mil e R$ 800 mil por rodada pelas redes de investimento. Para 2023, a projeção do grupo é de que o ano feche com R$ 85 milhões de investimentos realizados por anjos, representando um aumento de 25% se comparado com 2022.
Segundo Wlado Teixeira, diretor do GV Angels, o investimento anjo exerce um papel importante nas jornadas dos investidores, pois aperfeiçoa os critérios para escolhas de startups para serem investidas. “No GV Angels , a escolha de startups , leva em conta receitas mínimas de R$ 300mil anuais, esteja inserida num mercado de bom tamanho, e que tenha fundadores cujas expertises são complementares “
Para Maria Rita Spina, startups que ela considera de “impacto” ou lideradas por mulheres, independente de verticais, são pilares fundamentais para investimento. “ Gosto de investir em startups quando já começam a ter algum resultado, pois avalio que existem riscos muito grandes em empresas que ainda estão em fase early.”, enfatiza Spina.
Osvâneo Ferreira ressalta seu papel como referência para pessoas negras e minorias. Sua atuação como investidor negro tem o poder de inspirar outros e entende como essencial seu compromisso com a diversidade e a igualdade. “Entre os setores que eu mais vislumbro, estão fintechs, empresas de retail, entre outras da área de tecnologia”, completa Ferreira.
Já Brian Requarth que criou o Viva Real, portal para compra e aluguel de imóveis e que foi vendida para a OLX por R$ 2,9 bilhões, destaca que que investe em empresas em fase seed, que já estão mais estruturadas e consolidadas, mas reforça que além de investimento, sua experiência e conhecimento estão em construir uma comunidade empreendedora engajada e busca impulsionar o ecossistema empreendedor como um todo.