O brasileiro, animado com a liberação do FGTS, aproveitou as promoções da Black Friday para comprar. A boa notícia para o Comércio é que o fato não vai impedir de o consumidor voltar às compras, agora para o Natal — melhor data para o varejo. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), 33,0% dos entrevistados antecipavam as compras do Natal na Black Friday em 2017. Esse percentual caiu para 18,2% este ano. Já o indicador que mede o ímpeto de compra avançou para 65,5 pontos, superior ao registrado em 2018 (61,1) — o melhor nível para o Natal desde 2014, ano em que o país mergulhou em sua pior recessão.
Viviane Seda, coordenadora da pesquisa e da Sondagem do Consumidor do FGV IBRE, acredita que há avanço, mas vê os números com cuidado. “O resultado mostra que há uma melhora, mas ainda estamos abaixo da média. É um bom prognóstico que foi motivado pela liberação do FGTS, cujo efeito tende a ser passageiro. Os consumidores, principalmente de menor renda, ainda estão com nível de endividamento mais alto e cautelosos com relação aos próximos meses. Ainda é cedo para falar em melhora financeira para os consumidores em geral, mas há sinais positivos”, ponderou.
Há mais otimismo entre famílias de maior poder aquisitivo, que ganham acima de R$ 9.600: 11,9% pretendem gastar mais, percentual ligeiramente menor que em 2018 (12,6%). A maioria (56,9%) das famílias com renda mensal de até R$ 2.100 deve desembolsar menos que no ano passado. Ainda de acordo com o levantamento, a cautela pode estar relacionada ao nível ainda elevado de endividamento desses consumidores em relação aos demais.
Para Viviane, a liberação do FGTS ajuda os consumidores a quitarem parte de suas dívidas e a liberarem orçamento familiar para novas compras, mas há preocupação com o cenário no médio prazo. De qualquer forma, as vendas devem crescer acima de 2,1% este ano em relação ao Natal anterior. “Nossos dados mostram que há grandes chances de um aumento da expectativa de vendas de segmentos cujas vendas são estimuladas nessa época do ano, considerando crescimento de novembro e dezembro igual ao de outubro”, analisou.
Mais que lembrancinhas
A média de preços dos presentes, também considerada na pesquisa, aumentou de R$ 86 para R$ 104, mostrando que o consumidor está disposto a gastar um pouco mais, o que tende a crescer quanto maior for a renda do indivíduo. As roupas (43%) e os brinquedos (19,6%) encabeçam a lista de preferência do brasileiro.