Faturamento do setor de tecnologia sobe 5,2% e alcança R$ 754 bilhões; Ceará e SC lideram crescimento

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Dados inéditos fazem parte do Observatório ACATE, panorama do setor lançado esta semana durante o Startup Summit 2024
 

O setor de tecnologia no Brasil faturou R$754,9 bilhões em 2023, com um crescimento de 5,2% em relação ao ano anterior – valor anual 23% maior se comparado a 2020. O número reflete um aquecimento do mercado que teve três estados em destaque no ano passado: Ceará, Santa Catarina e Paraná, com altas de 7,8%, 7,6% e 5,5%, respectivamente.
 

A ampliação do faturamento reflete também na participação da tecnologia no PIB dos Estados. Amazonas, São Paulo e Santa Catarina lideram neste quesito de participação no PIB de cada unidade federativa. Com o maior número de empresas e principal centro econômico do país, inclusive na prestação de serviços e na indústria de tecnologia, São Paulo somou 11% do PIB com o segmento. Já o Amazonas atingiu 15,4%, com forte influência da Zona Franca de Manaus e os benefícios fiscais de décadas para que empresas direcionem indústrias na região. Com um ecossistema em crescimento e entre os estados com as maiores taxas de novas empresas no país nos últimos anos, SC alcançou 7,5% do seu PIB vindo do faturamento dos negócios de tecnologia.
 

Os dados inéditos foram divulgados pela Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) esta semana no Startup Summit, em Florianópolis (SC). O levantamento faz parte do projeto Observatório ACATE, conta com dados coletados pela Neoway e informações extraídas de fontes públicas, e traz um panorama do segmento tecnológico de todo o Brasil e um recorte mais detalhado para Santa Catarina. O estado do Sul tem atualmente o terceiro maior crescimento no número de empresas e conta com o sexto maior faturamento do país.

Com um faturamento de R$38 bilhões em 2023, o setor de tecnologia catarinense teve um crescimento de 7,6% em relação ao ano anterior. O estado possui 27,6 mil empresas no setor e foi eleito o segundo mais inovador do Brasil pelo Ranking IBID de Inovação e Desenvolvimento divulgado neste ano, o que tem feito a fatia da tecnologia no PIB ser cada vez maior. Representante do segmento e com mais de 1800 empresas associadas, a ACATE projeta que Santa Catarina terá 10% do PIB composto pelo setor até o ano de 2030.
 

“Em 1986 existiam cerca de 100 empresas de tecnologia em Santa Catarina, e hoje os dados comprovam que Santa Catarina é o terceiro estado do Brasil com maior número de companhias em relação ao número de habitantes, atrás apenas de São Paulo e do Distrito Federal. O crescimento é exponencial e ampliar a representatividade no PIB é um dos grandes objetivos, visto que somos um estado de muita diversidade na economia com indústria, agronegócio e serviços fortes”, destaca o presidente da ACATE, Diego Ramos.

Os dados têm como fonte principal o Sistema de BI do Observatório ACATE, desenvolvido pela entidade com base em dados levantados pela Neoway e fontes como a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais). O levantamento contempla a quantidade de empresas em atividade, faturamento, número de empreendedores e trabalhadores. As atividades econômicas que identificam o setor seguem a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0), e se dividem em Hardware, Software e Serviços.

Cenário nacional
 

Em nível nacional, São Paulo segue liderando com folga o ranking de estado com mais empresas de tecnologia: são 223 mil (em 2022 eram 194 mil), com um faturamento que soma R$352,2 bilhões por ano. O Rio de Janeiro ocupa a segunda posição, com 54 mil empresas e faturamento de R$64,9 bilhões.
 

Os dados históricos observados pelo levantamento destacam o importante crescimento em todas as regiões do país. Nos 10 estados com mais empresas de tecnologia no Brasil, todos registraram um avanço acima de 10% no número de negócios entre 2022 e 2023.

Ranking do setor de tecnologia no Brasil (por número de empresas)

UFNúmero de empresas em 2022Número de empresas em 2023 (evolução %)Faturamento em 2022, em R$ bilhõesFaturamento em 2023, em R$ bilhões
São Paulo194.968223.138 (12%)335,2352,4
Rio de Janeiro47.82954.316 (11%)62,664,9
Minas Gerais44.29151.810 (14%)55,157,6
Paraná33.49339.070 (14%)44,046,4
Rio Grande do Sul28.77233.025 (12%)38,940
Santa Catarina23.38027.663 (15%)35,638,3
Bahia18.07321.017 (14%)13,312,3
Goiás14.60817.174 (14%)12,510,9
Distrito Federal13.02715.351 (15%)23,024,1
Pernambuco13.04115.329 (14%)12,413

Geração de empregos

O relatório do Observatório ACATE traz também uma seção dedicada à geração de empregos na tecnologia. Diferentemente dos dados das empresas e de faturamento, o número mais recente de pessoas empregadas no setor é referente ao ano de 2022, com base nas informações oficiais da RAIS.

Conforme o levantamento, com um crescimento de 10%, o total de colaboradores do setor de tecnologia brasileiro passou de 1 milhão, em 2021, para 1,1 milhão em 2022. Desses, cerca de 40% são do estado de São Paulo, que totaliza 436,5 mil colaboradores. Na sequência aparecem Minas Gerais (8,9%), Rio de Janeiro (7,9%) e Santa Catarina (7,88%) — que se destaca proporcionalmente na concentração de profissionais por ter a menor população entre os estados citados.

A atratividade do setor para os profissionais fica clara quando o salário médio é colocado em comparação. Utilizando como base dados de Santa Catarina extraídos da RAIS, os trabalhadores da tecnologia possuem renda mensal média na faixa dos R$5 mil, contra R$3 mil na indústria, R$2,5 mil na construção e comércio e R$1,8 mil no setor de alojamento e alimentação.

“Os dados do Observatório ACATE refletem a importância da tecnologia no crescimento econômico do Brasil. Temos a consciência que hoje a tecnologia é a maior direcionadora do progresso mundial, proporcionando forte potencial de geração de PIB, renda e empregos de qualidade”, conclui Ramos.