Experiência tecnológica ainda não chega ao alto escalão dos bancos, aponta Accenture

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Apesar do aumento significativo na adoção de tecnologias digitais ao longo dos últimos anos, há uma contínua falta de conhecimento em tecnologia e fluência digital nas salas de reunião dos maiores bancos do mundo, de acordo com um novo relatório da Accenture (NYSE: ACN).

Baseado em um estudo semelhante feito em 2015, o levantamento “Boosting the Boardroom’s Technology Expertise – Focus on Banking” conta com dados compilados a partir da análise do histórico profissional de quase 2.000 diretores de mais de 100 dos maiores bancos do mundo em número de ativos.

O estudo mostra que enquanto os bancos aumentam os investimentos em tecnologia a fim de acompanhar a demanda de seus consumidores – como, por exemplo, a demanda crescente por interações digitais e trabalho remoto resultantes da pandemia de COVID-19 – os membros dos conselhos não têm o conhecimento tecnológico necessário para minimizar os riscos e maximizar os benefícios desses investimentos.

“Grande parte da disrupção causada pela pandemia levou a uma mudança muito rápida no meio bancário, com um número crescente de pontos de contato digitais que exigiram investimentos significativos em tecnologia de uma hora para outra”, afirma Joana Henklein, diretora de Estratégia e Consultoria em Serviços Financeiros da Accenture no Brasil. “Bancos que estão acelerando a adoção da nuvem para um melhor gerenciamento das mudanças se beneficiariam de um conselho com experiência em tecnologia e capaz de garantir que os investimentos em tecnologia sejam compatíveis nas várias unidades de negócios”.

De acordo com o estudo, a Accenture recomenda que ao menos 25% dos membros dos conselhos dos bancos tenham experiência em tecnologia. Enquanto os maiores bancos do mundo registraram progresso com a adição da experiência em tecnologia ao seu alto escalão – definido pela Accenture como executivos que ocupam ou ocuparam posições sênior em empresas de tecnologia – esse avanço ainda é lento.

Um exemplo é que apenas 10% de todos os diretores de conselho, bem como 10% dos CEOs presentes nos conselhos ouvidos pelo estudo têm experiência profissional no ramo de tecnologia, um aumento de 4 e 6 pontos percentuais, respectivamente, em comparação com cinco anos atrás. Além disso, o número de bancos cujo conselho tem pelo menos um membro com experiência profissional em tecnologia aumentou apenas 10 pontos percentuais nos últimos cinco anos, passando de 57% para 67% – o que significa que um terço dos bancos ainda não tem conselheiros com experiência profissional na área.

Por outro lado, enquanto apenas 19% dos diretores com experiência em tecnologia cinco anos atrás eram mulheres, esse número atualmente chega a 33%.

Do ponto de vista geográfico, o estudo mostra que os conselhos de bancos no Reino Unido, Finlândia, Irlanda e EUA têm um percentual maior de diretores com experiência profissional no setor de tecnologia do que os de outros países, com um aumento significativo na comparação com os dados de 2015. Todavia, a porcentagem de conselhos de bancos com experiência em tecnologia é muito baixa em países como Brasil, China, Rússia e vários países da Europa, incluindo Áustria e Itália.

“Naturalmente, ninguém quer que os bancos façam indicações às pressas de executivos com experiência em tecnologia para se juntarem ao conselho para preencher essa lacuna. Na verdade, eles devem considerar a experiência em tecnologia como um fator a ser levado em conta nas novas indicações, além dos demais critérios de avaliação existentes”, explica Joana. “Também existem caminhos mais rápidos de aumentar a expertise em tecnologia entre os membros dos conselhos. Um exemplo é oferecer treinamentos acerca das tecnologias mais recentes, como a nuvem, inteligência artificial e IoT. Dessa forma, os executivos podem compreender de que forma a combinação entre tecnologia e criatividade humana possibilita o acesso a novas fontes de valor. Os conselhos também podem aproveitar a experiência de fornecedores terceirizados e reservar um tempo para discutir especificamente a estratégia de tecnologia durante as reuniões do conselho a fim de obter o máximo retorno dos seus investimentos”.

O estudo completo pode ser acessado aqui .

Metodologia

A Accenture analisou o histórico profissional de quase 2.000 diretores executivos e não-executivos de 107 dos maiores bancos em número de ativos do mundo. Para o propósito desta análise, a Accenture define os membros do conselho com experiência profissional em tecnologia como aqueles que têm responsabilidades de tecnologia sênior – incluindo a ocupação de cargos como CIO, CTO ou CDO – na empresa atual; quem teve tais responsabilidades em empresas anteriores; ou tem ou teve algum tipo de responsabilidade sênior em uma empresa de tecnologia. O estudo inclui bancos da Alemanha, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, China, Dinamarca, Espanha, EUA, França, Grécia, Irlanda, Itália, Japão, Noruega, Países Baixos, Reino Unidos, Rússia, Suécia e Suíça.