Brasil ocupa o terceiro lugar neste ranking, empatado com a Índia, como o mercado com a maior expectativa de aumento de receitas
O setor de tecnologia parece estar caminhando em direção a uma fase de crescimento moderado em relação ao número de contratações, receita e investimentos no próximo ano, de acordo com os resultados da pesquisa anual Technology Industry Business Outlook (Panorama de Negócios para a Indústria de Tecnologia, em português), realizada pela KPMG LLP, firma-membro norte-americana da rede KPMG International. Segundo o levantamento, os Estados Unidos continuam a liderar o mercado em relação às perspectivas de crescimento em contratações, receita e pesquisa e desenvolvimento nos próximos dois anos, à frente da China e Índia.
Embora um número maior de executivos de tecnologia entrevistados (57%), em comparação com a pesquisa de 2011 (49%), esperar aumento no número de funcionários de suas empresas no próximo ano, eles dizem acreditar que a maior parte do crescimento terá um índice moderado. Quando questionados sobre o tamanho do aumento, 42% responderam de 1% a 6%, em comparação com os 28% da pesquisa realizada no ano anterior. Somente 15% previram uma taxa de crescimento de 7% ou mais, resultado 21% inferior à do ano anterior.
Os executivos estimam receitas similares. Apesar de mais de 75% deles esperarem o aumento da receita de suas empresas no próximo ano, somente 10% confiam em uma receita significativamente maior daqui a um ano, contra os 17% da pesquisa de 2011. Por outro lado, 67% dos executivos afirmaram que a receita de suas empresas será moderadamente maior, em comparação aos 60% da pesquisa realizada no ano anterior. O grupo de entrevistados que prevê que a receita não sofrerá alteração por um ano soma 20% do total, praticamente o mesmo de 2011 (21%). Espera-se que a computação em nuvem, os aplicativos móveis e o consumo de TI gerem o maior crescimento para as receita nos próximos três anos.
Gary Matuszak, sócio norte-americano e líder global da prática de Technology, Media and Telecommunications da KPMG, afirma que, “em conjunto com as perspectivas moderadas de contratações, de receitas e investimentos, há um foco maior no processo e na execução do setor, conforme os executivos investem com cautela para implementar seus planos e auxiliar na garantia do sucesso de suas estratégias”. “Na pesquisa deste ano, um número maior de executivos identifica a melhoria nos processos como uma das principais iniciativas de gestão em suas empresas para os próximos dois anos, embora o crescimento orgânico continue sendo a iniciativa primordial de gestão.”
“No Brasil, as perspectivas são similares à média apurada na pesquisa. O que tem feito a diferença são as políticas de incentivo adotadas pelo governo e o fortalecimento gradativo de nosso mercado consumidor interno”, destaca Marcelo Gavioli, sócio do segmento na KPMG no Brasil.
Quanto aos segmentos em que pretendem aumentar o investimento no próximo ano, os executivos novamente estão apontando para novos produtos ou serviços, aquisições e pesquisas e desenvolvimento como as maiores prioridades.
Ao analisar as despesas de capital como um todo, apenas 27% dos executivos de tecnologia preveem um aumento de 6% para o próximo ano, em comparação com 31% há um ano. Outros 27% veem um aumento de 1% a 5%, em comparação a 22% em 2011.
Matuszak afirma que “o panorama para as despesas de capital, apesar de mais moderadas, demonstra que os líderes das empresas reconhecem a importância de investir em seus planos de crescimento para serem inovadores e reagir às pressões da concorrência.”
Espera-se, também, taxas de crescimento mais modestas em relação aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento para o próximo ano. A pesquisa da KPMG revelou que sete em dez entrevistados, praticamente o mesmo resultado de 2011, esperam um aumento nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. No entanto, somente 29% percebem um aumento de 6% ou mais para os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento, em relação aos 36% da pesquisa do ano anterior, enquanto 42% esperam um aumento de 1% a 5%, em relação a 34% em 2011. Nesse sentido, houve um pequeno aumento no número de executivos que afirmaram não haver mudança nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
Crescimento dos mercados dominantes
Pelo segundo ano consecutivo, os Estados Unidos lideram, à frente de China e Índia, como o mercado de que se espera o maior aumento de receita na área de tecnologia nos próximos dois anos, e onde as empresas de tecnologia preveem seu maior aumento relacionado a investimentos em pesquisas e desenvolvimento e contratações. O Brasil ocupa o terceiro lugar neste ranking, empatado com a Índia, como o mercado com a maior expectativa de aumento de receitas, o quarto lugar em aumento das contratações e o sétimo em investimentos em pesquisas e desenvolvimento.
Barreiras para o crescimento do setor
As pressões relacionadas aos preços continuarão sendo a barreira mais significativa ao setor no próximo ano, acompanhadas da atualização contínua em relação às novas tecnologias, além da falta de procura pelos clientes.
Este ano, um número maior de executivos cita os custos trabalhistas, pressões regulamentares e legislativas, ausência de mão de obra qualificada, concorrência externa, bem como tributação elevada como barreiras significativas para o crescimento. Os executivos de tecnologia indicaram que a governança de privacidade/segurança é o principal desafio para que as empresas adotem a computação nuvem, as mídias sociais e as tecnologias móveis.
Demora na recuperação dos EUA
Em consonância com as pesquisas realizadas pela KPMG nos dois últimos anos, os executivos de tecnologia adiam suas expectativas em relação à recuperação da economia dos Estados Unidos, já que mais de dois terços destes profissionais não veem uma recuperação substancial da economia até 2014 ou além.
Sobre a pesquisa
A pesquisa Technology Industry Business Outlook, da KPMG, foi realizada nos Estados Unidos em abril de 2012 e reflete basicamente as respostas de 122 altos executivos do setor de tecnologia. Dos 122 entrevistados, cujas empresas podem estar localizadas nos Estados Unidos ou em outros países, 62% pertencem a companhias com receitas anuais superiores a US$ 1 bilhão, e 38%, a empresas com faturamento entre US$ 100 milhões e US$ 1 bilhão.