Como a atuação das aceleradoras de organizações sociais contribuiu para fortalecer negócios e OSCs e alavancar impactos sociais e ambientais positivos? Esta foi a pergunta feita à 11 organizações intermediárias (aceleradoras) e outros 73 negócios de impacto e organizações da sociedade civil (OSCs) que foram “aceleradas” entre os anos de 2020 e 2021.
Os resultados estão no estudo “Avaliação da Efetividade de Aceleradoras de Impacto”, realizado pela Move Social, com apoio do Instituto Sabin, Fundo Vale, Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Instituto humanize, Aspen Network of Development Enterpreneurs (ANDE), e serão apresentados nesta quinta-feira, 24, em um evento virtual às 16h (horário de Brasília).
Daniel Brandão, sócio-consultor da Move Social e idealizador do estudo, explica que “O interesse foi investigar em que medida organizações intermediárias (aceleradoras) contribuem com o fortalecimento de negócios e OSCs e alavancam impactos sociais e ambientais positivos. A partir disso, elaboramos uma abordagem inédita para compreender a efetividade dessas iniciativas no fortalecimento de organizações e na produção de impacto positivo nas pessoas e no planeta. A inovação está em conhecer estas mudanças a partir da perspectiva das organizações aceleradas, o que compõe um universo diverso de áreas de atuação, públicos priorizados e temas de impacto”.
O crescimento exponencial de negócios de impacto socioambiental no Brasil veio acompanhado de uma onda de iniciativas de aceleração destinadas a qualificar produtos e serviços oferecidos, bem como desenvolver organizações (incluindo as da sociedade civil) e contribuir com os impactos pretendidos. Estas organizações intermediárias dedicadas à aceleração passaram a ser parte integral e relevante do ecossistema de impacto no Brasil, facilitando o amadurecimento de ideias, a articulação de redes e – para o impact investing – se constituindo como elo determinante para o fluxo de investimentos.
Reconhecida a relevância destas organizações para o ecossistema e a maturidade já estabelecida no contexto brasileiro, torna-se necessário – para aprimorar ainda mais o papel que exercem – conduzir estudos que investiguem os avanços que foram capazes de produzir, bem como os pontos que precisam de atenção e ajuste em suas estratégias. A esta ambição associa-se a motivação de contribuir com o debate sobre métricas e abordagens avaliativas para este setor, aspecto reconhecido como um desafio para diversas organizações.
Entrevistas, revisão de literatura e atenção a padrões internacionais – com destaque ao Impact Management Project – permitiram à Move Social: a estruturação de uma Teoria de Mudança da atuação de organizações intermediárias (aceleradoras), a produção de um catálogo de métricas, um instrumento de coleta de informações e a elaboração de relatório que consolida os dados coletados – dados estes que serão apresentados no evento do dia 24 de junho.
Em linhas gerais, a avaliação foi bem positiva. Na percepção da contribuição para o desenvolvimento das dimensões organizações, por exemplo, o maior grau de pontuação foi destinado às dimensões “propósito e estratégia”, “marketing, comunicação e transparência” e “pessoas e cultura”. De acordo com as “aceleradas” respondentes, além da contribuição percebida para as diferentes dimensões de desenvolvimento organizacional, a ampliação de redes de relacionamento é fortemente reconhecida. Esse aspecto está alinhado aos principais benefícios esperados em acelerações, segundo o mapeamento realizado por meio de dados de inscrições de startups brasileiras em programas desta natureza. “É um primeiro grande passo na compreensão da efetividade das aceleradoras de impacto no Brasil. O estudo trouxe ótimos insights para empreendedores, para os gestores das aceleradoras, para os demais atores do ecossistema de impacto brasileiro e, em especial, para os investidores e apoiadores das aceleradoras”, destaca Gabriel Cardoso, gerente executivo do Instituto Sabin.
Metodologia:
A principal premissa foi a viabilidade do estudo. Neste sentido, adotou-se uma abordagem não experimental ancorada em três técnicas de pesquisa. A primeira foi a revisão de literatura para informar sobre resultados de estudos semelhantes, conceitos básicos e indicadores que poderiam ser adotados, instrumentos de coleta de dados já testados e conclusões defendidas por outros autores e autoras.
Informada por referências bibliográficas, a avaliação buscou conhecer o comportamento dos programas de aceleração, por meio de entrevistas semiestruturadas com gestores destes programas. A terceira e fundamental etapa do estudo foi a coleta de dados junto a negócios e organizações da sociedade civil que participaram de programas de aceleração empreendidos pelas aceleradoras parceiras no ano de 2019.
A estrutura do estudo foi definida antes da pandemia do Covid-19 e adaptações foram necessárias no curso do trabalho, principalmente relacionadas com a ampliação do tempo de coleta de dados. Entretanto, os impactos específicos desta pandemia na dinâmica organizacional não foram incorporados no escopo da avaliação.
SERVIÇO: O evento online para apresentação do estudo “Avaliação da Efetividade de Aceleradoras de Impacto” acontece na próxima quinta-feira, 24, das 16 às 18 horas (horário de Brasília), com apresentações de Daniel Brandão e de Abigayle Davidson, pesquisadora da Aspen Network of Development Enterpreneurs (ANDE). As inscrições podem ser feitas no site: https://lnkd.in/emun3Ex