Produzido pelo CEBDS, documento mostra exemplos de sucesso no uso de energias limpas e pontos que precisam ser superados
A extensão territorial do Brasil, as condições climáticas e a experiência com diversas fontes de energias renováveis representam importantes vantagens para o país quando o assunto é descarbonização do setor energético. Diante deste cenário, o CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), em parceria com a consultoria PSR, desenvolveu um estudo para mostrar na prática como empresas de vários setores podem acelerar seu processo de transição energética.
O “Roadmap: Os Caminhos do Setor Empresarial Brasileiro na Transição Energética Nacional”, lançado nesta quinta, 18 de maio, apresenta uma série de soluções que empresas associadas ao CEBDS já estão adotando para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, analisando oportunidades e desafios.
A pesquisa contou com entrevistas de representantes de 22 grandes companhias de diversos setores da economia com atuação no Brasil, como mineração, bebidas e alimentos, cimento, aço, transporte aéreo, gestão ambiental, energia e indústria automotiva.
As soluções apresentadas aliam a redução de emissões de gases de efeito estufa e oportunidades de negócios, e vão desde tecnologias já disponíveis que podem ser implantadas em diversos setores até soluções promissoras para atividades em que a descarbonização se mostra um desafio maior. O relatório se aprofunda nas possibilidades e desafios para as indústrias química, de cimento, óleo & gás e de aço. Em todos os casos, há diversas soluções que poderiam ser aplicadas no Brasil.
O estudo também destaca que a capacidade brasileira de produzir energia de baixo carbono poderá trazer uma grande vantagem comparativa: assim como no passado a energia barata fez do Brasil um grande exportador de alumínio e outras indústrias que usam grande quantidade de energia, o Brasil pode aproveitar sua capacidade de expansão de fontes renováveis para exportar produtos que deverão ser fortemente demandados globalmente, como o hidrogênio verde e combustíveis sintéticos, além de descarbonizar setores de sua economia a partir de eletrificação direta, como no caso da indústria e transporte.
Outros pontos destacados são a busca das empresas por maior eficiência operacional como forma de reduzir as emissões diretas de suas operações (Escopo 1), as emissões indiretas, relativas à compra de eletricidade (Escopo 2) e a imposição de requisitos de boas práticas socioambientais para a cadeia de fornecedores para reduzir as emissões de Escopo 3. Este último é o ponto mais desafiador, já que envolve mudanças nos processos dos fornecedores de cada companhia.
“Uma expansão ampla de fontes renováveis, especialmente solar e eólica, é tecnicamente viável e economicamente desejável, por ser a opção mais econômica para o consumidor de energia elétrica. Um aspecto estratégico é a complementaridade entre a energia eólica – que aumenta à noite – e a energia solar, o que permite um uso compartilhado das instalações de transmissão. Atentas ao potencial brasileiro para a expansão de fontes renováveis no setor elétrico, diversas empresas estão buscando novos projetos”, analisa Viviane Romeiro, diretora de Clima, Energia e Finanças Sustentáveis do CEBDS.
Por fim, o estudo busca apontar as principais barreiras e desafios a serem superados para a transição energética. Um dos pontos a serem destacados é que, em muitos casos, o Brasil precisará desenhar a regulação e mecanismos para viabilizar o início de mercados específicos, como no caso das eólicas no mar (“offshore”).
O trabalho teve a participação das seguintes empresas: Ambev, Ambipar, Anglo American, Azul, Bamin, Be8 (antiga BSBIOS), Braskem, CBA, Elera Renováveis, Eletrobras, Energisa, Eneva, FS Bioenergia, Future Carbon Group, Neoenergia, Norte Energia, Schneider Electric, Shell, Siemens Energy, Solví, Toyota e Votorantim Cimentos.