O brasileiro nunca esteve tão pessimista em relação à tecnologia. É o que mostra o Indicador de Confiança Digital (ICD), levantamento contínuo que afere a perspectiva do brasileiro frente a mudanças políticas, sociais, econômicas, ambientais ou tecnológicas. A terceira versão do estudo apresentou uma queda de 3,2% em seu desempenho. Em escala que vai até 5, a pontuação caiu de 3,33 no início de 2018 para 3,22. A primeira versão registrou 3,92.
“Escândalos relacionados à tecnologia e transformações político-econômicas afetaram a confiança dos brasileiros na tecnologia em 2019. Nesse período, surgiram diferentes escândalos de vazamento de dados, invasão de hackers e divulgação de notícias falsas (fake news) – fatores que, portanto, afetaram a forma como o público vê a tecnologia. A tensão e a polaridade política vistas nas redes sociais também podem ter influenciado nesse resultado”, explica o coordenador do MBA de Marketing Digital da FGV e responsável pela pesquisa, André Miceli.
O levantamento mediu a opinião dos brasileiros sobre a tecnologia por meio de avaliação de sete afirmações. Os resultados variaram, em média, 4,41% para cima ou para baixo em relação a 2018. “Essa média foi influenciada, em grande parte, pela pergunta: A tecnologia me traz angústia e ansiedade” – que apresentou uma piora de 14%. Apenas duas das sete perguntas apresentaram um desempenho melhor do que na primeira edição””, acrescenta Miceli.
O levantamento do ICD aponta ainda que os jovens continuam sendo a parte da população que mais desconfia da tecnologia, enquanto adultos e idosos se mostram mais otimistas, com uma visão mais positiva de suas funcionalidades. “Entre os adolescentes (13-17 anos), o ICD é 3,00 – o mais baixo entre o público analisado. O valor cai ainda para 2,78 em entrevistados com Ensino Fundamental (1º Grau) completo, que coincide com o público dessa faixa etária”, acrescenta André Miceli.
A sequência da pesquisa revela que as gerações mais velhas, de modo geral, se mostram otimista quando o tema é internet e tecnologia. “Pessoas entre 55-64 anos apresentaram o maior ICD, com um indicador de 3,57,” relata o professor da FGV.