Estudo da IDC Brasil revela queda de 8,7% nas vendas de wearables no país, mas também dá indícios de retomada

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Entre janeiro e março de 2023, foram vendidas 1.210.334 unidades de dispositivos vestíveis no Brasil, um volume 8,7% menor do que no primeiro trimestre do ano passado. Os dados levam em conta sete categorias de produtos (fitband, advanced smartwatch, basic smartwatch, truly wireless, earwear/over ear, fones de ouvido tethered e earwear/others) e fazem parte do estudo IDC Tracker Brazil Wearables Q12023, realizado pela IDC Brasil, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências para as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações.

De todos os tipos de produtos analisados pela IDC, apenas os fones de ouvido truly wireless apresentaram alta no período, com crescimento de 45,3% em unidades vendidas, chegando a 303.191. “Há um aumento significativo nos resultados de fones de ouvido truly wireless que não se vê nos demais modelos. Isso se deve ao maior interesse dos consumidores pelo produto sem fio e, principalmente, por uma tendência de redução de seus preços”, explica Andréia Chopra, analista de Pesquisa e Consultoria de Consumer Devices da IDC Brasil. Nas demais categorias, foram comercializadas 77.983 unidades de fitbands (-44,5%), 91.035 de advanced smartwatches (-44,9%), 78.794 de basic smartwatches (-25,1%), 183.472 de earwears/ over ear (-11,08%), 325.098 de fones de ouvido tethered (-4,9) e 150.761 de earwears/ others (-4,8%).

Em relação ao mercado cinza, foram vendidas 362.640 unidades, uma redução total de 36,8% em comparação ao primeiro trimestre de 2022. Desse resultado, 5.294 unidades eram de advanced smartwatches, 11.603 de basic smartwatches, 40.510 de truly wireless, 55.925 de earwear/over ears, 120.888 de fones de ouvido tethered, 77.969 de earwears/ others e 50.451 de fitbands.

Segundo a analista da IDC Brasil, a contínua redução de preços em certas categorias de wearables no mercado oficial tem desempenhado papel fundamental para oferecer aos consumidores uma opção de compra mais segura. “O mercado cinza de wearables experimentou um declínio significativo em relação ao mesmo período do ano anterior, destacando uma diminuição do apelo dos consumidores para adquirir seus dispositivos vestíveis de forma não oficial.”

Em termos de receita, no primeiro trimestre de 2023, os wearables (cinza e oficial juntos) movimentaram R$ 991,2 milhões, 19,7% menos do que no mesmo período de 2022. No recorte por categorias, o resultado ficou dividido em R$ 356,27 milhões para advanced smartwatches (-34,2%), R$ 96,6 milhões para basic smartwatches (-30,4%), R$ 22,95 milhões para fitbands (-50%), R$ 90,21 milhões para earwear/ over ears (-24,6), R$ 89,81 milhões para fones de ouvido tethered (-11,3%), R$ 263,78 milhões para truly wireless (+29%) e R$ 71,6 milhões para earwears/others (-13,3%).

“Os acessórios premium, como advanced smartwatches, tiveram uma queda significativa no início do ano. O resultado foi diretamente influenciado por um fornecimento prévio desses produtos em trimestres anteriores, bem como pelas limitações das marcas em fornecer recursos avançados. Por outro lado, na categoria earwear, os consumidores estão buscando dispositivos com mais funcionalidades do que os modelos tradicionais, o que, por uma questão de preço, deve sustentar o crescimento contínuo da categoria truly wireless”, avalia Andréia.

Expectativas para o mercado brasileiro de wearables em 2023

Apesar dos resultados ruins do primeiro trimestre deste ano em relação ao do anterior, a IDC explica que os números do período demonstram o início de um processo de retomada de crescimento, já que existe uma evolução de 11,1% frente ao trimestre anterior. Com isso, a expectativa é de que o setor encerre o ano inteiro de 2023 com crescimento na maioria de suas categorias. “Entre os principais fatores que impulsionam essa retomada está o aumento da disposição do consumidor em adquirir acessórios vestíveis, um maior apelo de fabricantes estabelecidos e a entrada de mais marcas no mercado brasileiro. Além disso, a maior disponibilidade de produtos a preços cada vez mais baixos em comparação aos anos anteriores pode ser determinante na decisão de compra, assim como a introdução de novos recursos e funções nos variados tipos de dispositivos”, prevê Andréia.

Entre outros motivos que indicam um otimismo no setor, a IDC Brasil destaca um maior conhecimento dos fabricantes em relação aos desejos dos consumidores e as mudanças na precificação. “Em 2022, as marcas de wearables puderam compreender as principais necessidades do consumidor desse segmento e entender uma nova dinâmica do varejo, com fluxo que demanda menor tempo de estoque. Em 2023, com maior volume de produtos, é possível que o ticket médio reduza e esteja de acordo com a capacidade de pagamento de uma parcela maior da população”, finaliza a analista.

Fechamento anual 2022

De acordo com estudo IDC Tracker Brazil Wearables Annual 2022, realizado pela IDC Brasil no ano passado, o mercado brasileiro de wearables caiu 19,5% na comparação com 2021. “Os fabricantes tinham uma grande expectativa de que os resultados pudessem ser superiores ao ano anterior devido ao até então crescimento contínuo desse mercado. Porém, os resultados ficaram abaixo da expectativa, principalmente, por conta do cenário econômico, que não demonstrou sinais de recuperação imediata”, destaca Andréia.

Dos 5.104.019 dispositivos vestíveis vendidos ao longo de 2022, 467.169 foram fitbands (-43,9% em relação a 2021), 904.515 foram fones de ouvido truly wireless com alguma conexão com a internet ou função inteligente (-26,9%), 807.391 foram over ears (-4%), 1.300.446 foram fones tethered (-10%), 596.238 foram outros tipos de earwear (-9%) e 363.568 foram basic smartwatches (-55%) A única exceção do período foi a categoria advanced smartwatches, que vendeu 664.692 unidades e teve alta de 25,2% no comparativo. Somando todas as categorias, a receita anual de 2022 foi de R$ 4,8 bilhões, resultado 5,1% menor do que em 2021.