É muito comum encontrarmos jovens universitários fazendo cara feia ou franzindo a testa quando é cogitada a hipótese de trabalhar em uma empresa familiar. Esta não é uma reação somente dos jovens estudantes, ou dos recém-formados. Muitos profissionais, inclusive aqueles que já estão na luta por um lugar ao sol, resistem na hora seleção em algumas empresas e preferem sonhar apenas com as tais multinacionais.
Trabalhar em uma empresa familiar não significa colaborar com uma companhia fundo de quintal. Muito pelo contrário, nas economias capitalistas, a maioria dessas empresas se inicia com as ideias, o empenho e o investimento de seus empreendedores e parentes, chegando a patamares invejáveis no cenário econômico mundial.
O preconceito com empresa familiar remonta à imagem construída sobre este tipo de organização, fortemente associada a um negócio pequeno, administrado apenas pelos parentes, muitas vezes fadado ao insucesso e sem qualquer possibilidade de crescimento profissional das pessoas que não sejam membros da família proprietária. Felizmente, esta imagem está equivocada e isso faz com que poucos acabem sabendo desta verdade.
As organizações familiares movem a máquina da economia mundial, além de tirar os preconceitos sobre estas empresas. Se perguntar para uma turma de universitários onde querem trabalhar, a maioria prefere uma grande empresa multinacional. Infelizmente, eles não sabem que eliminando as Organizações não Governamentais – ONGs – e as empresas públicas, o restante são empresas familiares.
A imagem que a maioria das pessoas faz de empresas familiares são de negócios pequenos e administrado apenas pelos parentes, muitas vezes fadado ao insucesso e sem possibilidades de crescimento profissional para os que não são membros da família.
Observamos exemplos de empresas familiares desde pequenos estabelecimentos como um pequeno bar administrado pela família assim como organizações multinacionais como o Wal-Mart, a maior empresa de faturamento do mundo, ou a Cargill, a maior companhia privada que comercializa produtos básicos e primários, tais como grãos e outras commodities. Não faltam exemplos de empresas nacionais como o Pão de Açúcar, o Itaú, a Gerdau e a Votorantim, cuja existência em si eleva a importância desse tema.
Sendo assim, a empresa familiar é uma excelente oportunidade de trabalho, mesmo para firmas de pequeno porte. As empresas familiares apresentam diversas vantagens competitivas com relação às empresas não familiares, sendo que algumas desvantagens podem se tornar pontos fortes para essas organizações.
Entre uma série de atrativos, destaque para alguns pontos como agilidade na tomada de decisões; respeito e influência perante a comunidade; disposição dos familiares em investir o próprio capital ou oferecer garantias pessoais para levantar recursos; colaboradores leais e obedientes, entre outros.
Não percebendo estas vantagens, muitos universitários, ao torcerem o nariz para empresas familiares, acabam restringindo suas opções para multinacionais, e decidem que devem ingressar em organizações como Ford, Henkel, Lego, Barilla, Bombardier, Danone, The Washigton Post, Cemex, Michelin, C&A, Heineken, Marriot, LG, dentre outras. O que poucos sabem é que todas essas organizações são exemplos de empresas familiares, porém com a família controladora situada fora do Brasil.
Definimos empresa familiar como toda organização na qual uma ou poucas famílias concentram o poder de decisão envolvendo o controle da sociedade e, eventualmente, participam da gestão. Sem restrição quanto à área de atuação da empresa, quanto ao seu tamanho, quanto à formatação jurídica da sociedade ou com relação ao tempo de existência. Com isto, a maioria das organizações em operação no mundo é empresa familiar, podendo ser encontrada em praticamente todas as indústrias e ramos econômicos ao redor do mundo.
Artigo escrito por Pedro Adachi, especialista em empresas familiares e sócio da Societàs Consultoria.