Por Waldir Bertolino, Country Manager da Infor no Brasil
A escassez global de microchips está impactando severamente o mercado automotivo, sem resolução rápida e a curto prazo. A maioria das previsões é que a oferta do produto só alcance o equilíbrio em 2023. Isso porque não há semicondutores, usados na fabricação de microchips, suficientes para atender à demanda da produção de veículos, o que fez com que as montadoras fossem obrigadas a retirar opcionais que usam microchips, como os sistemas de infotainment, de veículos com menor valor agregado.
O problema começou nos primeiros meses da pandemia de Covid-19 e permanece até hoje. No primeiro semestre de 2020, o setor de veículos foi um dos mais afetados pela pandemia. Segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), nos seis primeiros meses do ano passado, a venda de veículos caiu 38,2% na comparação com o mesmo período de 2019. Essa queda nas vendas foi motivada pelo fechamento das concessionárias e pelas incertezas econômicas. Como consequência ocorreu uma ociosidade nas fábricas e aumento dos estoques, mas o efeito negativo da redução nas vendas afeta o setor até hoje. Além de ter fechado o ano com uma retração nas vendas de 21,6%, segundo dados da Fenabrave, a falta de demanda por carros novos provocou o fechamento das fábricas e os pedidos de peças e componentes – como semicondutores – foram cancelados.
Ao mesmo tempo em que as companhias automotivas diminuíram o ritmo de fabricação dos chips, alguns setores passaram a comprar todos os dispositivos disponíveis no mercado para atender consumidores e uma demanda impulsionada pelo isolamento social. As vendas de computadores, tablets e produtos eletrônicos dispararam, à medida que alunos e funcionários passaram a realizar suas tarefas de suas casas e consumiram mais vídeos em plataformas de streaming. Essas empresas ficaram felizes em abocanhar o estoque de chips.
Esses eventos provocaram um impacto forte na economia global, dificultando a produção de automóveis e elevando os preços de toda a cadeia produtiva. Líderes de todo o mundo e executivos da indústria automotiva estão em busca de alternativas para superar o desafio. Para aliviar a crise de falta de chips, confira as três soluções que podem ajudar as empresas do setor nesse processo.
Insights de dados. Os fabricantes podem recorrer à tecnologia para extrair dados que os ajudem a mapear os principais indicadores econômicos. A análise de dados também serve para entender padrões de consumo, principais influências e projetar cenários futuros para uma melhor gestão de insumos e matérias-primas.
Fortaleça a cadeia de suprimentos. Ter uma cadeia de suprimentos forte é bom para os negócios, sobretudo em tempos de crise. Isso porque é possível otimizar processos, aumentar a produtividade, promover a inovação e reduzir custos. Para isso acontecer, o planejamento e a execução de ações muito bem fundamentadas são essenciais para o sucesso da cadeia de suprimentos, mesmo em períodos de grande pressão.
Inovação e manufatura enxuta: Cada vez mais, os fabricantes automotivos terão que optar por um processo de produção que entregue mais, com menos recursos. As empresas deverão usar métodos de manufatura enxuta e machine learning para elevar o nível de produção e reduzir custos da operação.
À medida que a escassez de chips – e outros desafios – se desdobram, os fabricantes deverão fazer uso de métodos modernos de produção para responder com agilidade e inteligência. É importante ressaltar que essas soluções não resolvem todos os desafios da cadeia de suprimentos no curto prazo, principalmente, porque a falta de componentes deve permanecer no próximo ano, mas podem colocar as companhias automotivas numa posição melhor para enfrentar de maneira mais eficiente e mitigar possíveis riscos na cadeia de suprimentos no futuro.