Empresas familiares devem ter plano de sucessão e governança corporativa

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Que famílias e empresas têm uma relação próxima ninguém duvida. Dados apontam que cerca de 90% das empresas em todo o planeta pertencem a famílias, desde grandes corporações de setores de luxo, moda e hotelaria, passando por empresas de infraestrutura, comunicação, alimentos e bens de consumo. A relação torna necessário que diversas famílias pensem em como solucionar dificuldades relacionadas com governança e sucessão do poder.

“Esse esforço é fundamental para a sobrevivência da empresa, principalmente em tempos de instabilidade econômica e de alta demanda por uso racional dos recursos financeiros e humanos”, afirma o especialista em gestão e recursos humanos e sócio-fundador da INNITI, Joseph Teperman.

Sem um planejamento estratégico e sucessório e o estabelecimento de governança corporativa, explica ele, até mesmo questões mais básicas como as políticas de contratação, de crédito, de gestão de crises podem ser prejudicadas.

“Há empresas que deixam de evoluir por contas das travas impostas pela tomada de decisão familiar ou pelo engessamento que a família impõe”, explica Teperman. “Na contramão, algumas famílias conseguem estabelecer modos de atuação que garantem tanto a harmonia familiar, quanto a evolução do negócio”, completa.

Um bom caminho para viabilizar a harmonia familiar, sem abrir mão da evolução da empresa, é definir que a tomada de decisão e o direcionamento da empresa ocorram de modo em que propriedade e gestão sejam itens segregados. “Não é obrigatório que o dono de um negócio seja seu gestor. A família pode se afastar da gestão e ainda assim manter o controle sobre as decisões”, exemplifica Teperman. “Gestão e propriedade podem ser levadas adiante separadamente. É isso que a maior parte das bem-sucedidas companhias familiares do mundo pratica”.

Uma questão delicada, que envolve laços afetivos, e precisa ser enfrentada com coragem e método é pensar em que casos a liderança faz diferença, e em que casos a empresa seria mais lucrativa com um profissional contratado com o objetivo de cumprir uma meta.
Teperman enfatiza a importância da formação de um conselho gestor, que contribuirá com o negócio no sentido de dar maior clareza dos papéis, direitos e responsabilidades de sócios e/ou gestores, definir autonomia e responsabilidades de sócios e funcionários, e incluir a família de modo apropriado nas tomadas de decisão mais relevantes.

“Como sócio-fundador da INNITI, consultoria que atua no setor de executive search e governança corporativa, temos observado que o Brasil não destoa do cenário mundial na predominância de empresas familiares, mas ainda carece de apoio e suporte para a transição a uma boa governança corporativa”, observa ele. “A INNITI tem todo o interesse em contribuir com essas empresas, não somente no eixo Rio-São Paulo, pois há muitas empresas que se destacaram em seus setores em cidades do interior do país e que carecem desse tipo de apoio para evoluir para uma próxima etapa”.