Na contramão de estudos norte-americanos, que afirmam que as pessoas bonitas têm mais oportunidades de emprego e de promoção, uma pesquisa desenvolvida pela Elancers, com 2.075 recrutadores no Brasil, apontou que a maioria, ou 46%, evita contratar pessoas muito bonitas para as vagas disponíveis. Segundo Cezar Tegon, presidente da Elancers, maior empresa do segmento de sistemas de recrutamento e seleção de pessoas do Brasil, a pesquisa evidenciou que apenas 2% dos pesquisados admitiu buscar no mercado pessoas com beleza acima da média:
“Em nossa pesquisa, que é enviada a recrutadores em mais de 10.000 empresas que usam nosso sistema, constatamos que há pelo menos 1% de empresas que contratam, deliberadamente, profissionais considerados “feios” ou “feias”. No entanto, é evidente que a grande maioria das empresas evita pessoas muito bonitas, talvez com exceção daquelas empresas que alocam o profissional no atendimento ao público ou em áreas de vendas”, explica Tegon.
Segundo Tegon, uma das razões para a baixa contratação de pessoas bonitas pode ter a ver com o perfil dos recrutadores. Segundo um estudo de dois economistas israelenses, Bradley J. Ruffle e Ze’ev Shtudiner, apresentado em 2010 na Universidade de Londres, as mulheres bonitas têm suas chances de contratação reduzidas em até 30% em comparação às não tão atraentes pelo fato de que a seleção é feita, via de regra, por mulheres (96%), solteiras (67%) e com idade média de 29 anos:
“Mas há casos em que mulheres bonitas também são preteridas porque alguns recrutadores as consideram um ‘fator de distração’ no trabalho”, assinala Tegon.
Uma profissional de recrutamento e seleção, que prefere não se identificar, assinala que, no Brasil, é comum associarmos a beleza a pouca inteligência, um preconceito que se traduz, por exemplo, na afirmação de que as “loiras são burras”:
“Outro aspecto relevante diz respeito à contratação de pessoas que vão trabalhar, por exemplo, com diretores da empresa que são casados. Os próprios executivos descartam profissionais mulheres muito bonitas, pois temem que essas contratações possam trazer problemas ao casamento, o que já vimos acontecer algumas vezes”, explica a recrutadora.
Segundo Tegon, face aos resultados da pesquisa, os profissionais muito bonitos, sejam homens ou mulheres, precisam de uma estratégia diferenciada para conseguir um bom emprego:
“Pode parecer absurdo o que vou dizer, mas via de regra os candidatos a uma vaga são orientados a se vestir com cuidado para uma entrevista. Isso leva muitas pessoas exagerarem no visual, o que, como estamos vendo, pode ser o melhor caminho para não conseguir a vaga. O ideal é que pessoas mostrem suas qualidades, suas competências profissionais e suas qualificações, sem se preocupar tanto com questões estéticas”, alerta Tegon.