Por Federico Vega, CEO da CargoX
A procura de capital para um negócio é como vender uma oportunidade de investimento que se espera traduzir em um retorno financeiro no futuro. É importante mostrar para os investidores porque o negócio vai gerar dinheiro e como pode ser melhor do que os concorrentes e fornecer mais lucros. Em outras palavras, ao empreendedor que procura vender o seu modelo de empresa para conseguir apoio financeiro, é importante se atentar a cinco dicas:
1. Equipe de pessoas fortes: Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, o conceito do negócio é “menos” importante do que a equipe que vai executá-la. Uma boa ideia não vai se reverter em uma empresa grande sem uma equipe de pessoas comprometidas e com talento suficiente para a realização. O background dos fundadores e do time é um ponto significativo na análise do investidor.
A CargoX, por exemplo, foi criada por um grupo profissional com experiências complementares em todas as áreas chaves. É importante que os primeiros membros do grupo consigam executar a visão do negócio e tenham capacidade profissional e humana para conseguir ocupar as posições executivas mais sêniores quando o tamanho do negócio estiver grande.
2. Focar em indústrias tradicionais: É mais fácil conseguir capital se a startup focar em eficiência tecnológica e atuar em setores tradicionais. Inventar novas indústrias, como, por exemplo, o Facebook criou o social media, é muito mais complexo e arriscado. A diferença dos EUA em relação ao Brasil é que os investidores preferem empresas que inovam em indústrias existentes e não que criam novas.
A CargoX optou por apostar em modernidade e tecnologia em um mercado tradicional, como o transporte de cargas. Para isso, reuniu uma equipe de pessoas das áreas de transporte e de TI.
3. Tamanho de mercado: As startups representam um investimento de retorno incerto e, por este motivo, os investidores esperam receber recompensas muito altas para compensar o risco. É importante visar em negócios com mercado consolidados.
Em nosso caso, por exemplo, o setor de transporte de cargas é uma das maiores indústrias do Brasil, com uma receita de mais de R$100 bilhões. Quando os investidores avaliaram um investimento na CargoX, sabiam que se a empresa conseguisse atingir pelo menos 5% do mercado, o negócio já seria bilionário.
4. Tecnologia e inovação: Os empreendimentos com componentes de tecnologia e inovação são os mais propensos a receber aportes financeiros. Isto acontece porque essas características conseguem gerar modelos de negócio de alto crescimento, que exigem um investimento de capital humano inicial relativamente baixo. A tecnologia e inovação também conseguem diferenciar a startups dos concorrentes tradicionais que geralmente carecem de capacidade de renovação e conhecimento tecnológico.
5. Mentores e investidores pessoa física: Antes de focar as energias em pegar grandes somas de dinheiro, é importante se rodear de pessoas experientes que podem trazer conhecimento e relacionamento ao negócio.
A CargoX começou com um investimento de R$ 30 mil reais aportados pelos fundadores. Esse valor foi suficiente para desenvolver o site e conseguir os primeiros clientes. Já com o negócio rodando, a empresa focou-se em conseguir fundadores e parceiros experientes na área de logística e criação. Nos meses que seguiram, a empresa somou profissionais como o fundador da Uber, o fundador da Coyote Logistics e o CEO da DHL como diretores e investidores. Estas pessoas trouxeram dinheiro, experiência e relacionamentos para crescer o negócio e posteriormente a conquistar R$ 50 milhões de investidores de primeiro nível, como o banco de investimentos Goldman Sachs e a Valor Capital Group, do COO da Google. O processo desde os primeiros investimentos até a rodada de R$ 50 milhões durou 2 anos.
Por último, a dica mais importante é: nunca desista e esteja preparado para ser rejeitado. Como falava o Babe Ruth: “É difícil de bater uma pessoa que nunca desiste”.
Federico Vega, formado em Ciências Econômicas e pós-graduado em Engenharia Financeira na Universidade de Southampton (Inglaterra). Atualmente é CEO da CargoX,(http://www.cargox.com.br) – primeira transportadora do Brasil impulsionada por tecnologia e inovação, que opera conectada a uma rede de mais de 100 mil caminhoneiros autônomos.