Em São Paulo, TecBan Summit discute as inovações e tendências do setor financeiro com representantes de 17 países

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Com a presença de mais de 400 executivos e formadores de opinião das Américas, Europa e Ásia, as principais inovações e tendências do setor financeiro e dos meios de pagamento foram tratadas no TecBan Summit 2023. O evento, realizado nesta quarta-feira (26), no hotel Tivoli Mofarreji, em São Paulo, foi promovido pela TecBan, empresa de soluções que integram o físico e o digital para tornar o ecossistema econômico do País mais eficiente e ampliar a inclusão financeira das pessoas, em conjunto com a ATEFI (Asociación Latinoamericana de Operadores de Servicios de Transferencia) e contou com palestrantes que são referências mundiais dos mercados de tecnologia, inovação, segurança, meios de pagamento, autoatendimento e open finance.

Jaques Rosenzvaig, CEO da TecBan, fez o pronunciamento inicial, reforçando que a indústria financeira é uma grande impulsionadora da inovação. Para ele, o mercado precisa de produtos e soluções que resolvam problemas reais. “A tecnologia vem sendo essencial para trazer produtividade e eficiência aos ecossistemas. E, para mim, a tecnologia deve sempre ter o desafio constante de: ser relevante para quem usa e escalável para as empresas que a oferece. Por isso, criamos esse Summit para compartilhar conhecimento, pontos de vistas e abrir novos caminhos de conversa.”

“Este evento é uma demonstração de que os meios eletrônicos da América Latina ganharam presença e se integraram com sabedoria e visão estratégica, para proteger os serviços aos clientes e ganhar competitividade por meio do compartilhamento de conhecimento”, destacou Oscar Castellano, diretor-executivo da ATEFI, que deu boas-vindas aos presentes. Ele lembrou que todas as tecnologias de última geração já são aplicadas por todos os bancos e redes de pagamento da América Latina.

Arthur Igreja, cofundador da plataforma AAA Inovação e autor do livro “Conveniência é o nome do Negócio”, abriu o evento falando sobre inovação. Segundo o especialista, o desafio é acompanhar o mundo da tecnologia e da inovação, mas sempre com os pés no chão. Para isso, é preciso buscar coerência e consistência. “Nas previsões anuais, a cada 20 apostas de novas tecnologias, 15 delas não avançam”.

Já Filipe Balestra, especialista em segurança digital e fundador da Pride Security, abordou os principais desafios da cibersegurança e destacou que com o surgimento de novas tecnologias, novos desafios tendem a surgir. “Às vezes, uma solução de segurança, se mal implementada, pode até atrapalhar. Já encontramos falhas em tecnologias de reconhecimento facial e nos sistemas de inteligência artificial para abertura de contas digitais. Mais recentemente, também tivemos o problema de malware nas operações de cartões de crédito”.

Os dois lados da moeda

O futuro do dinheiro foi tema do palestrante internacional Kevin Werbach, professor da The Wharton School, University of Pennsylvania. Ele destacou que quando uma tecnologia surge, ela, naturalmente, acaba encontrando o seu próprio nicho e as demais existentes vão se adaptando, coexistindo. “A movimentação do dinheiro vai ser feita por IA. Pode ser bom, mas pode ser aterrorizante”. Por outro lado, ele lembrou que 24% da população global ainda não tem conta bancária, segundo dados do Banco Mundial.

Ricardo Amorim, um dos economistas mais influente do Brasil, apresentou os principais números da economia global e nacional e pontuou que o País tende a ser o primeiro do mundo a cortar os juros em função da queda da inflação. “O nosso índice não é menor apenas que dos países latino-americanos, mas também dos países desenvolvidos. Isso não acontece há mais de 100 anos”. Em relação as tendências, ele acredita no crescimento do papel das criptomoedas.

Na sequência, Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, trouxe a realidade de boa parte da sociedade brasileira. Segundo recente pesquisa, metade das famílias têm uma renda menor que R$ 3 mil. Ao mesmo tempo em que, apenas 5% da população vive com uma renda superior a R$ 15 mil. Mesmo com este cenário de desigualdade econômica, há um aumento da digitalização. Porém, o acesso digital muda de acordo com a renda. “Só 8% dos trabalhadores formais trabalham usando no computador. Sendo que 58% da classe C acessam a rede mundial exclusivamente pelo celular e boa parte é impactada pela conexão, que acaba interferindo nas transações de pagamento”.

Alex Maple, da consultoria inglesa RBR, disse que o número de agências bancárias no mundo tem diminuído, em um processo de transformação desses locais. “Isso não significa que esses estabelecimentos não tenham mais utilidade. Além das operações que envolvem dinheiro, sempre há pessoas que necessitam de algum produto bancário e que desejam operação física. O que é maior ainda para pessoas com alguma limitação ou as que tem medo de operações on-line. Como nem sempre é competitivo ter uma agência, a tendência é de compartilhamento de espaço e dos caixas eletrônicos, o que gera diminuição dos custos e mais eficiência”.

Open Finance

Open Banking na América Latina foi o tema da palestra de Edwin Zácipa, cofundador da Associação Colombiana de Fintechs. “Apesar do México ter sido o primeiro a implantar, sua legislação perdeu força. O mais avançado é o Brasil, com quatro etapas de implementação em andamento. A Colômbia segue os passos do sistema brasileiro”, explicou. Segundo o especialista, atualmente mais de 80 países no mundo do tem adotado o Open Banking.

Para Nick Grassi, co-CEO e cofundador da Finerio Connect, é importante pensar na experiência do usuário. Ele citou exemplos no Reino Unido e nos Estados Unidos de usos práticos do detalhamento de gastos, que ajudam na personalização das operações do usuário. “No Brasil, queremos um maior número de players possível. Vejo oportunidade para estimular os usuários a usar ferramentas e terem experiências cada vez melhores”.

Karen Machado, Executiva Líder de Open Finance e BAAS no Banco do Brasil, enxerga o Open Finance como uma oportunidade para olhar o sistema como um todo: “O Open Banking simplifica o relacionamento com os bancos, tendo em vista o fato de pesquisas mostrarem que, em média, o brasileiro possui contas em cinco bancos diferentes. Além disso, futuramente, viveremos ainda mais o Open Finance, com uma adesão maior das fintechs e o cenário de integração de ecossistemas será um pré-requisito”.

Ivo Mósca, Superintendente Executivo de Open Finance e Digital Payments no Itaú Unibanco, pontua que a partir de agora, veremos o Open Finance para valer. “O sistema sempre foi visto por nós como uma grande oportunidade e o brasileiro é ávido por novidades. Ao mesmo tempo, temos uma dificuldade em relação à economia e à educação financeira. O Open Finance tem o grande desafio de garantir a interoperabilidade, permitindo a fluidez de dados. A propósito, os dados do sistema começarão a fluir a partir desse ano, quando a projeção é vermos nascer investimentos, câmbio e dados de cartões. O executivo aponta que o futuro é promissor, e que estamos “aprendendo a minerar a pedra bruta e transformá-la em lapidada”, em um cenário onde o cliente buscará por serviços específicos e onde o mercado está em rápido desenvolvimento.

O TecBan Summit 2023 teve o patrocínio da ACI Worldwide, Almeida Prado Hoffmann Advogados, Analytica Consultoria, Brinks, BYTE SW, CIBC, CLAI Payments, Diebold, Entrust, ESQ Ltd, FEERICA, Fico, Kuvasz, NCR, Ren Euronet Brand, Thales, Tivit e XELIOS Biometrics.