Formatos de contratação mais flexíveis; logística e comércio digital como os segmentos despontando em contratações, além de profissionais de tecnologia, finanças e RH como os mais disputados pelas corporações são algumas das principais tendências apontadas pela Randstad para 2022. A consultoria, presente em mais de 38 países, e que acaba de completar uma década no Brasil, utiliza-se de sua história, experiência e capilaridade para antever demandas e comportamentos de talentos e empresas que devem moldar o universo do trabalho neste próximo ano.
Segundo Fabio Battaglia, CEO da Randstad no Brasil, 2022 será um ano de continuidade e consolidação de movimentos que eclodiram com a pandemia e deverão amadurecer no país. O executivo afirma que as empresas passaram a ficar mais atentas a formatos de trabalho mais flexíveis. “Apesar do avanço da vacinação deixar o país mais confiante, ainda vivemos com incertezas e vulnerabilidades. Com isso, as corporações passaram a adotar estratégias híbridas de contratações com mais intensidade, distribuídas entre mão de obra permanente e temporária, pois entenderam que, com esse modelo, conseguem mobilizar o quadro de pessoas de acordo com a demanda, ganhando mais agilidade e competitividade”.
A Associação Brasileira de Trabalho Temporário (Asserttem) confirma a tendência de aumento das contratações temporárias. Segundo a entidade, de janeiro a agosto de 2021, o Brasil registrou mais de 1,7 milhões de admissões, diante de 1,3 milhões no mesmo período de 2020, um aumento de 31,5% neste ano, superando os níveis pré-pandemia. A novidade é que o talento temporário passou a ocupar diversos espaços nas corporações. “Se antes era esperado encontrar pessoas temporárias em cargos mais operacionais da indústria e no varejo no final do ano, hoje vemos que a mentalidade das empresas mudou, e estão contratando para funções administrativas e técnicas. Isso mostra um movimento relevante, também traz a oportunidade de pessoas serem efetivadas após mostrarem capacidade de adaptação e rápido aprendizado, sem precisarem ser especialistas ou ter experiências prévias, por exemplo. A própria empresa se torna uma desenvolvedora de seus talentos”, diz Battaglia.
Outro fenômeno provocado pela pandemia e que deve permanecer, é a ascensão e a consolidação de segmentos que se mostraram extremamente relevantes, como o comércio digital e logística: ambos precisaram se adaptar à alta demanda e, com isso, aumentaram sua capacidade de entrega e contratações. “Grandes contratantes em 2021 devem permanecer nessa tendência. A abertura de posições em empresas que lidam com e-commerce e entregas segue em alta para diversas funções de Supply Chain: expedição, logística e transporte. É preciso entregar com rapidez, efetividade e fidelizar os consumidores, e os colaboradores destas frentes são fundamentais neste processo”, ressalta Battaglia.
Além disso, como já tem sido perceptível, os talentos mais procurados pelas empresas para o ano de 2022 serão profissionais de finanças, RH e do setor de Tecnologia. Segundo a Brasscom, em seu estudo Demanda de Talentos em TIC e Estratégia Σ TCEM , publicado em 1 de dezembro, o Brasil apresenta um déficit de 530 mil profissionais de 2021 até 2025, já que o país forma 53 mil pessoas por ano, enquanto a média anual de vagas é de 159 mil. “É urgente a formação de profissionais em tecnologia, e as empresas estão investindo em desenvolvimento para dar conta da demanda por competências técnicas para compor seu quadro. Enquanto isso, áreas como RH e finanças, tiveram um ritmo acelerado de trabalho e serão cada vez mais demandados, já que as empresas precisam ser mais eficientes na contratação e nos custos para tornarem-se competitivas. Vimos um incremento de salário destas três áreas em 2021 e essa tendência permanecerá, há bastante competição por esses profissionais qualificados”.
Em termos de cultura do trabalho, tanto empresas quanto talentos seguirão ansiando por flexibilidade. “As expectativas dos trabalhadores foram transformadas rapidamente nos últimos dois anos. Está claro, em nossos estudos, que os trabalhadores querem formatos de trabalho mais flexíveis em diversos aspectos: dress code, local de trabalho, modelo de contratação, pacote de benefícios e jornada. E essa é uma grande proposição de valor para as empresas que querem atrair e reter seus talentos. Quem não se desenvolver e passar a trabalhar com essa mentalidade, vai ter muita dificuldade em dispor de um quadro de talentos engajado”, alerta Battaglia.
A flexibilidade é um fenômeno que vai atravessar a vida do indivíduo em 2022 e seguirá adiante. “Está claro, para a Randstad, que a cultura ‘job for life’ foi substituída. Cada vez mais o profissional terá vários trabalhos e profissões concatenadas com suas experiências ao longo de sua vida. Com o uso das melhores competências e habilidades adquiridas ao longo desta jornada, o trabalhador irá se adaptar em diversos projetos. O mercado está proporcionando estes espaços, pois vem entendendo que as pessoas querem mais liberdade e qualidade de vida. Quem não incorporar práticas de gestão mais inovadoras, dinâmicas e diversas, pode perder talentos. Vivemos uma transformação profunda no mercado de trabalho, então é preciso que todos estejam engajados para agregar valor às suas vidas e empresas. As pessoas querem lugares que as ajudem a construir seu legado, que proporcionem mais equilíbrio, em que possam se desenvolver”, finaliza o CEO da Randstad no Brasil.