Em 2020, déficit de profissionais de TI pode chegar a 408 mil

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A mesa debate “Por que há escassez de pessoal preparado para os novos desafios tecnológicos? Como construir um sistema educacional antenado no futuro?”, é um dos destaques da programação do segundo dia do II Encontro do Observatório. O evento, promovido pela Associação para Promoção da Excelência do Software (Softex), através do NISB/Observatório Softex, unidade de inteligência, estudos e pesquisas da entidade, tem por objetivo fomentar a troca de ideias sobre temas de interesse em software e serviços de TI e será realizado em Campinas nos dias 31 de outubro e 1° de novembro.

Na oportunidade, Paulo Villela, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), analisará e quantificará o atual cenário de falta de mão de obra qualificada para o setor de TI no Brasil, tema de recente Caderno Temático publicado pelo NISB/Observatório Softex. “O trabalho aponta para um déficit aproximado de 408 mil profissionais em 2020. Mas o mais importante não são os números em si e sim a tendência de agravamento da situação de escassez de mão de obra qualificada. Se nada for feito para reverter este quadro, a situação tende a piorar. Essa é a principal conclusão do estudo”, analisa Paulo Vilela.

Para o professor da UFJF, essa carência decorre, em grande parte, da falta de sintonia entre o perfil profissional que as empresas precisam e o que as escolas técnicas e as de nível superior formam. “O número de profissionais graduados seria suficiente para atender à demanda do mercado de trabalho. Porém, nem todos que se formam atendem às expectativas dos empregadores”, pondera.

Paulo Villela comenta ainda que a área acadêmica forma um profissional mais abrangente e não voltado para tecnologias e necessidades específicas e imediatas, justamente o que a indústria requer. Por outro lado, ele lembra ser difícil formar um profissional para tecnologias específicas, uma vez que elas mudam radicalmente a cada dois ou três anos.

Villela entende que o problema não está na formação tradicional e sim na formação complementar necessária à adaptação do profissional que sai da escola ao perfil de cada empresa. “Talvez a indústria devesse assumir um papel mais ativo e ser incentivada pelo Governo a participar mais diretamente dessa formação complementar”, sugere. “O incentivo se justifica porque a formação de mão de obra custa caro e também envolve riscos diversos. Por exemplo: a empresa gasta dois anos para formar um bom profissional e no terceiro ele muda de emprego. E aí, quem paga essa conta?”, indaga.

“Como um exemplo a ser seguido, Paulo Vilela cita a parceria entre a Embraer e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) para a criação do Mestrado Profissional em Engenharia Aeronáutica. Na visão do professor da UFJF, o desafio consiste em ampliar essas ações numa escala nacional para solucionar os problemas de escassez de mão de obra das micro e pequenas empresas. “A dificuldade do Brasil é saber transformar as boas experiências de pequena escala em programas com as grandes dimensões que um país continental como o nosso exige. Não basta saber fazer, tem que saber fazer grande e isso não é uma tarefa fácil”, conclui.

Na mesa de debates com Paulo Villela estarão vários convidados, incluindo o pesquisador Paulo Nascimento, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea); Roberto Mayer, vice-presidente da Assespro; e Silvio Meira, professor titular de Engenharia de Software do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que na oportunidade lançará o livro “Novos Negócios Inovadores de Crescimento Empreendedor no Brasil”.

A programação do segundo dia do Encontro também discutirá as relações entre academia, institutos de ciência e tecnologia e empresas. Serão apresentados esforços de construção de parcerias entre empresas de TIC e a academia realizados na Argentina pela Fundación Sadosky, e no Brasil, pela INOVA/Unicamp e pelo CTI Renato Archer. O bloco contará também com a participação de Luiz Marcio Spinosa, diretor da Agência PUC e do PUCPR Tecnoparque; Renato Garcia, professor do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP); e Mariana Yazbeck, diretora de Operações da Softex.