A DatacenterDynamics, empresa com atuação global no mercado de datacenters, promoveu nos dias 10 e 11 de novembro a sétima edição do DCD Converged Brasil, principal evento do segmento no País. As conferências de 2015 se destacaram por colocar em pauta temas como eficiência energética, segurança da informação e desafios diante da crise econômica. A programação reuniu mais de 80 especialistas do Brasil e do exterior, com um total de 70 sessões de debates.
O DCD Converged foi realizado no Transamerica Expo Center, em São Paulo, e integrou a programação da primeira Brasil Datacenter Week, também organizada pela DatacenterDynamics. Na abertura do evento, o Diretor de Conteúdo da empresa, José Monteiro, expressou o objetivo de “fazer desta semana a mais importante do setor de datacenters no Brasil”.
Em seguida, a conferência inicial reuniu especialistas da Natura, Ascenty e Google para debater questões relacionadas à manutenção de datacenters no próprio ambiente das empresas (in-house) ou externamente (outsorcing). Os convidados concluíram que, independente do modelo escolhido, é preciso entender a necessidade do cliente.
Felipe Caballero, Diretor da Ascenty, chamou a atenção para a importância de expandir a disponibilidade dos datacenters para além do eixo Sul-Sudeste, a fim de melhor atender à demanda de outras regiões do País. Fábio Andreotti, do Google, completou destacando a necessidade de que os responsáveis por datacenters também estejam preparados para oferecer soluções a clientes de menor porte, inclusive em regiões que carecem de redes mais potentes para o tráfego de dados.
Soluções para reduzir custos com energia
Apontada como uma das principais geradoras de custos em datacenters, a energia elétrica teve especial atenção nas palestras do DCD Converged 2015. Diferentes especialistas discutiram soluções para melhorar a gestão desses recursos. Alan Satudi, Gerente de Produtos da Schneider Eletctric Brasil, ressaltou a necessidade de observar três pontos: entender o perfil de consumo do datacenter; desenvolver sistemas modulares, cuja capacidade aumenta ou diminui de acordo com a necessidade do cliente; e investir em sistemas de “FreeCooling”, tecnologia que faz com que a potência de aparelhos de ar-condicionado se “ajuste” à temperatura externa, o que, consequentemente, reduz o consumo e os custos com energia.
Satudi acrescentou que, no Brasil, o custo médio da energia elétrica para a indústria já chega a R$ 459 por megawatt/hora (Mw/h). A tendência para 2016 é de aumento, devendo atingir R$ 493 o Mw/h.
Informação segura e integrada
As conferências sobre segurança da informação realizadas durante o DCD Converged apontaram para a necessidade de que os datacenters garantam o tráfego de dados de forma segura e integrada. O General Antonino dos Santos Guerra, vice-chefe de Tecnologia da Informação e Comunicações do Estado Maior do Exército (EME), abriu o ciclo de palestras sobre o tema com uma apresentação detalhada do Sistema Nacional de Comunicações Críticas – SISNACC, que visa unificar os sistemas provedores de informação de diferentes agentes públicos, como Polícias, Defesa Civil, Bombeiros, Secretarias de Saúde, entre outros.
O militar evidenciou que essa integração é necessária para garantir uma atuação mais coordenada e ágil no atendimento à população, seja em questões de segurança ou em ações humanitárias que contam com a participação do Exército. Para exemplificar, o general falou sobre situações em que ambulâncias são enviadas rapidamente para atender pacientes e, ao chegarem aos Hospitais, deparam-se com a falta de vagas. Uma informação coordenada evitaria esse “desencontro”.
Em outro momento, o Diretor da Ustore, Rodrigo Assad, destacou que, apesar de não estar na “rota das ciberguerras mundiais”, o Brasil precisa evoluir no desenvolvimento de tecnologias voltadas à segurança da informação. Para o especialista, “é fundamental avançar na compreensão do funcionamento de sistemas, já que, hoje, ‘computação é conexão’”, em uma referência à crescente mobilidade com o que os dados “circulam” atualmente – sobretudo, por meio de smartphones, que já chegam a 8 bilhões em todo o mundo.
Outra apresentação de destaque no âmbito da Segurança da Informação foi conduzida por Mário Rachid, Diretor Executivo da Embratel, que falou sobre os preparativos da empresa para atender à demanda dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro: serão mais de 1.000 servidores, distribuídos em dois datacenters de classe mundial, além de dois satélites de alta capacidade.
Crise e econômica e gestão
Os desafios impostos às empresas de datacenter diante da atual crise econômica também estiveram na pauta do DCD Converged 2015. Para o Professor Renato Lima, da FIA, o cenário de desaceleração deve desenvolver nos profissionais de TI a habilidade de atuarem também como gestores, pensando em investimentos e projetos de forma estratégica.
O segmento de TI deve encerrar 2015 com uma participação de 5% no total do PIB, ante 7% em 2014. “A crise também pode ser a oportunidade para que as empresas revejam seus processos e estratégias, buscando a otimização de recursos”, explicou Fabio Andreotti, do Google.
Futuro
Um debate sobre o futuro do mercado de datacenters reuniu especialistas da Amazon, Odata Colocation, Itaú Unibanco, Strohl Brasil e Google no final do DCD Converged Brasil 2015. Sidney Mondenese, da Strohl, iniciou sua abordagem afirmando que “a tendência é que tudo já ‘nasça’ conectado à internet”, em uma alusão à crescente conexão de pessoas e dados. Ressaltou, porém, que “as empresas de TI precisam estar sempre preparadas para a ocorrência de falhas, a fim de minimizar o seu impacto”.
A qualificação dos profissionais de TI também foi apontada como item fundamental ao desenvolvimento do mercado, “pois o fator humano jamais sairá completamente de cena”, conforme explicou Bruno Pagliaricci, da Odata.
A necessidade de aliar sustentabilidade e negócios de TI também foi discutida. Luís Fernando Quevedo, estrategista do setor, apontou sobretudo para a urgência de encontrar novas fontes de energia para os datacenters, que diminuam a dependência da energia gerada pelas hidrelétricas.
Concluindo dois dias de intensos debates, José Monteiro destacou a importância de eventos que favoreçam o encontro contínuo de especialistas da área de TI, já que o setor e suas demandas estão sempre em constante evolução.