“Se você estiver construindo um prédio nos Estados Unidos, de alto padrão mas sem certificação LEED, tente ir ao banco conseguir um financiamento. Vão te dizer não. Disseram para mim”. A história de Paul Hawken causou risos na plateia de congressistas da Greenbuilding Brasil 2013 – Conferência Internacional e Expo, e serviu para explicar como o selo criado pelo Green Building Council criou um novo padrão para a construção sustentável.
A palestra do ambientalista, autor e empreendedor norte-americano foi um dos pontos altos da abertura do evento. Aos participantes, ele deixou algumas de suas principais mensagens, muitas inclusas em seu livro Carbono – o Negócio da Vida. “Pequenas coisas podem fazer uma grande diferença. Como? Vocês são projetistas. E é isso o que têm feito até agora”. As imagens exibidas eram fotos de rios poluídos em São Paulo, incêndios próximos a Los Angeles e a destruição causada pelo furacão Sandy, em Nova York. “Este não é o futuro. Ao mesmo tempo, fala-se sobre mudanças climáticas como se essas fossem o fim do mundo, na esperança de que esse medo neutralizasse a ação. Não acho que esteja funcionando. “Hell doesn’t sell”. Quem quer comprar inferno? Ninguém. Mas é mais fácil imaginar o fim do mundo do que um mundo transformado”.
“Existe a expectativa de que um tratado internacional possa resolver os problemas do mundo, como Kyoto. Isso não vai acontecer. Não é uma questão em escala internacional. As cidades é que são a chave para unir as pessoas, são a unidade básica onde a civilização acontece. No entanto, elas precisam ser entendidas como tecnologia, e não somente pontos geográficos. Elas podem ser projetadas para capturar nutrientes, não desperdiçar, não gerar tanto barulho. Alguns pensam que a urbanização é uma das principais causas do aumento demográfico, mas é exatamente o contrário. Nas cidades crianças não são força de trabalho. No campo, sim. Então, a chave para mudarmos o mundo é o design de cidades e a reimaginação de nossas vidas. Eu tenho uma boa notícia, o mundo velho está morrendo, e não estamos mais enxergando prédios como objetos”.
“As cartas estão na mesa, e não há salvação individual. Esquecemos de que nós mesmos somos vida. Então pergunto a vocês: seu produto aumenta vida ou diminui vida? A mudança climática está acontecendo em você ou por você? A mudança climática pode ser o elemento que nos fará pensar diferente, e a fonte dessa mudança será o carbono. O carbono é o elemento químico que dá as mãos e colabora, é nosso aliado, e não o inimigo. É hora de mudarmos conceitos sobre arquitetura, e não fala apenas de prédios verdes, mas cidades. E precisamos amar a vida, pois a solução reside na natureza. Este é o começo, e não o final”, finaliza o ambientalista.
GREENBUILDING BRASIL COMEMORA CRESCIMENTO DA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL & EXPO E PREVÊ EVENTO MUNDIAL DO GBC EM 2014
“Nosso evento cresce porque nossas empresas têm orgulho em exibir o que possuem”, declarou Felipe Faria, Diretor Gerente do Green Building Council Brasil, que realiza a 4ª edição do Greenbuilding Brasil, com organização da Reed Exhibitions Alcantara Machado. “Os números mostram sucesso. Hoje somos um dos principais eventos de sustentabilidade no mundo, e estamos com a presença de 29 países aqui. Ano que vem, faremos no Brasil o World Greenbuilding, e esperamos reunir 97 países”. Paulo Octávio Pereira de Almeida, vice-presidente da Reed Exhbitions Alcantara Machado, promotora e organizadora do evento, levou aos presentes outros números positivos. “Esperamos 8 mil pessoas na feira, que nesta edição tem 113 marcas de 30 setores da economia. Em nossa pesquisa, descobrimos que os maiores fatores de visitação da feira e conferência são a busca por conhecimento, novidades e networking. Em três dias de evento, serão 120 palestras”.
ESPECIALISTAS EM REDUÇÃO DE CO2 E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DISCUTEM SOBRE ECONOMIA VERDE NO GBC 2013
A solenidade de abertura do Greenbuilding Brasil 2013 foi seguida de palestra de Ricardo Neuding, da ATA/Sinduscon-SP que apresentou o Guia Metodológico para Inventário de Emissões de Gases do Efeito Estufa na Construção Civil. Para ele, é necessário “integrar o setor da construção civil num esforço de gerenciamento dos gases do efeito estufa”. Entre os pontos importantes está a uniformização dos critérios. Por isso, o guia reuniu normas do GHG Protocol, ABNT e ISO 14064. “No canteiro de obras a emissão de CO2 é baixa, não passa de 5% do total. O grande impacto está na fabricação dos materiais de construção. Cimento e aço são os maiores emissores (90%). Por essa razão, o guia recomenda incluir o escopo 3 (fabricação de materiais) no processo de seleção da construtora. Tanto o produto quanto sua quantidade”.
Francisco Dantas, diretor da Interplan, apresentou o painel “Rumo às Edificações Sustentáveis e Energeticamente Eficientes”. Em uma apresentação bastante técnica, o especialista exemplificou medidas para a máxima utilização da energia produzida por equipamentos como climatizadores e recuperadores de energia. A manhã fria que fazia em São Paulo serviu de exemplo. “Poderíamos utilizar o ar frio que já está pronto lá fora. Em todo projeto que entro, analiso em primeiro lugar o respeito pelo meio-ambiente e a qualidade do ambiente para as pessoas envolvidas na atividade”. Dantas esteve envolvido na construção do Salvador Shopping, Salvador Norte Shopping e o Riomar Recife. Entre as tecnologias utilizadas estavam o piso frio radiante e as vigas frias, medidas que reduziram consideravelmente o gasto energético.
A Greenbuilding Brasil – Conferência Internacional & Expo, é realizada pelo Green Building Council Brasil (GBC Brasil) e promovido pela Reed Exhibitions Alcantara Machado, no Expo Center Norte, em São Paulo, de 27 a 29 de agosto. A entrada para a exposição é gratuita para os visitantes quem realizarem o pré-credenciamento através do site.