Clube que disputa a primeira divisão do futebol nacional, o Ceará fechou recentemente um acordo de patrocínio master com a empresa alemã de apostas esportivas Estadium Bet, que estampará sua marca na camisa do time até 2021.
O “Vozão” não é o único time com o qual o grupo fechou contrato de patrocínio. Também já receberam aporte da casa de apostas o Santa Cruz (PE), Salgueiro (PE), Decisão (PE), Vila Nova (GO) e Atlético (GO) – este último, a exemplo do Ceará, também faz parte da Série A do Brasileirão.
O investimento da Estadium Bet é mais um exemplo de como as empresas ligadas aos jogos de azar acreditam no mercado brasileiro, ainda que a regulamentação do setor não esteja finalizada no congresso. A empresa alemã é apenas um caso de muitas que enxergam o mercado publicitário nacional como um bom investimento.
Esse é um movimento recorrente desde 2018, quando foi aprovada a Lei 13.756/18, decorrente da MP 846/2018, que autorizou que empresas de apostas de cota fixa (que é o modelo comum adotado por todas as casas de apostas) a estamparem suas marcas em camisas de clubes e outras formas de publicidade.
Apesar de ter sido considerado o marco para a total regularização das apostas esportivas no Brasil, o processo de regulamentação ainda segue em andamento. As perspectivas otimistas dos principais players do mercado dão conta de que essa regulamentação seja finalizada até o final desde ano, o que geraria um impulsionamento ainda maior no mercado brasileiro.
Logo, embora ainda não haja uma data, a discussão para possível liberação de apostas esportivas e jogos de azar caminha para um desfecho positivo e já conta inclusive com apoio de entidades americanas. Somando isso tudo a uma pressão por parte de alguns setores e uma sinalização positiva de nomes como o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (ambos já se mostraram à favor da regulamentação dos jogos de azar), o que existe é um cenário de otimismo no mercado.
Vale lembrar que, embora as empresas de casas de apostas não sejam autorizadas a constituir pessoa jurídica em território brasileiro, a grande maioria dos grupos opera no mercado digital com licenças em outros países, o que possibilita o acesso de jogadores brasileiros sem qualquer impedimento legal. No entanto, a expectativa é de que a regulamentação gere ainda mais receita para esse mercado que é cada vez mais crescente.
Outras empresas também patrocinam clubes
Assim como a estratégia da Estadium Bet, muitas empresas investem em mais de um clube do futebol brasileiro. Também é o caso da NetBet, que é parceira oficial de Vasco da Gama e Red Bull Bragantino, dois clubes da Série A. O acordo de patrocínio com os dois times prevê, inclusive, a veiculação da marca da camisa das equipes.
Além disso, de acordo com um levantamento do Ibope, considerando a Série A do Campeonato Brasileiro do ano passado, 13 dos 20 clubes tiveram verba de patrocínio proveniente de alguma casa de apostas. Isso faz do setor de jogos de azar o sexto maior em termos ne presença nos grandes clubes no que diz respeito a patrocínio (atrás de saúde, alimentação, construtoras, instituições financeiras e marcas de material esportivo).
O Flamengo, por exemplo, foi campeão brasileiro e da Libertadores estampando a marca da Sportsbet.io – que também é patrocinadora master do Watford, clube que disputa a Premier League, primeira divisão inglesa. Vice-campeão, o Santos teve patrocínio do grupo Casa de Apostas.
Se considerarmos outras divisões do futebol nacional – ou até mesmo levando em conta apenas times que disputam campeonatos regionais e estaduais – o número de patrocínios cresce. A BetWarrior, que chegou recentemente ao país, é parceira oficial de apostar dos rivais Remo e Paysandu.
Não são apenas os clubes que são vistos com bons olhos pelas empresas do setor. A Betfair, por exemplo, é patrocinadora do maior campeonato do continente, a Copa Libertadores, tendo sua marca estampada em placas de publicidade de todos os jogos da competição. Já outras empresas, como Bet365, Sportingbet e Bodog aparecem com frequência nos comerciais de TV, inclusive investindo em nomes do esporte como embaixadores, casos de Felipe Melo (volante do Palmeiras) e Fabrício Werdum (lutador do UFC).
De uma forma ou de outra, todas as empresas do setor já entenderam que a regulamentação é uma questão de tempo e que isso deve impulsionar ainda mais um mercado que já é um dos maiores do mundo em volume de apostas. Tudo isso deve impactar o mercado publicitário em todos os tipos de mídia. Nos próximos anos, a tendência é que casos como o do Ceará, Flamengo, Santos, Vasco e tantos outros clubes virem uma realidade cada vez maior, como acontece na Europa – sobretudo na Inglaterra.