De Black Friday a Black November: como o fenômeno de vendas conseguiu ampliar alcance e vantagens

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Por René Abe, Presidente e CEO da Rakuten Brasil

Em quase dez anos de Black Friday no Brasil, varejistas, consumidores e especialistas presenciaram o crescimento de um fenômeno que ganhou lugar de prestígio no calendário do setor. Tradicionalmente caracterizada por provocar um boom assombroso de acessos e vendas em apenas 24 horas, esta data única proporciona para muitos lojistas o volume de pedidos correspondente a um mês inteiro em outra época do ano. Com a maturidade do evento, que vem acompanhada do aumento da confiança do consumidor no futuro da economia nacional e, por consequência, nas compras no comércio eletrônico, o saldo do período fica ainda maior a cada edição. O que antes era vislumbrado apenas como uma oportunidade de ampliar os ganhos em receita e liquidar inventário estacionado em estoque, hoje, já é encarado como uma chance de ampliar o share de mercado, criar embaixadores da marca e gerar recorrência o ano todo.

São vantagens valiosas e que, se exploradas da forma correta, podem levar uma marca do patamar de total desconhecida ao de case de sucesso a ser lembrado. Melhor ainda quando é possível fazer isso reduzindo custos relevantes para a operação. E muitos varejistas online já perceberam essa necessidade. À medida em que o evento se valorizava, o investimento em marketing para garantir tráfego e conversão precisava ser ainda maior. O custo de aquisição do cliente cresceu significativamente na esteira da popularidade alcançada pela data. Nos últimos dois anos, os valores chegaram a tal nível que começaram a comprometer o orçamento das lojas virtuais e suas margens com a participação no evento. Era preciso encontrar uma alternativa e a solução natural foi o que observamos, hoje, com muita clareza: um movimento de dispersão da Black Friday para o que já conhecemos como Black Week ou Black November.

Essa tendência é, nada mais que, um movimento racional de distribuição das ações promocionais e seus respectivos investimentos não apenas na sexta-feira, mas ao longo da semana ou até mesmo do mês inteiro de novembro. Os benefícios para o comércio eletrônico vão desde a otimização dos custos com marketing até a chance de ampliar seu alcance e diversificar suas campanhas. Ao adotarem a estratégia, os e-commerces têm mais tempo para impactar o consumidor de diferentes formas e criar relacionamento que pode se estender após o período. Esse modelo permite ainda que o lojista online impacte o comprador mais cedo, um fator determinante na decisão de compra. Ao ter acesso às promoções antes e por prazo estendido, o usuário também ganha. Ele pode pesquisar e encontrar os melhores descontos com mais facilidade do que faria em um dia apenas de Black Friday, como se dava antigamente.

A consolidação dessa prática, somada à definição do cenário político brasileiro aumentam as expectativas em relação à edição do evento em 2018. Um levantamento recente da Rakuten Digital Commerce, ecossistema de soluções para o e-commerce que atua com mais de 1.200 lojas online no Brasil, apontou que o comércio eletrônico crescerá de 17% a 20% nesta Black Friday. O setor deve faturar cerca de R$ 2,7 bilhões no período, contando com um aumento de 6% no número de pedidos em relação ao ano anterior, o que representa um total de 4,5 milhões de compras. Ou seja, mesmo após quase uma década, podemos constatar que a Black Friday brasileira ainda está em expansão, encontrando novas formas de gerar valor e benefício para empresas e consumidores.