Cresce o número de mulheres na bolsa, mas elas ainda representam apenas 27% dos investidores

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O número de mulheres que investem em ações da Bolsa vem ganhando cada vez mais força nos últimos anos. Globalmente, o mercado de ações australiano revelou que o perfil dos investidores vem passando por mudanças, tanto em idade (cada vez mais jovens) quanto no gênero (cada vez mais mulheres decidem investir no mercado de ações). Dados da Bolsa brasileira também confirmam que, se eram 137 mil mulheres em 2014, hoje, elas já ultrapassam a marca do milhão.

Embora ainda representem apenas 27% do total de investidores, os números mostram que a ala feminina está ganhando cada vez mais confiança para investir, com contribuições superiores às dos homens. Veja um exemplo: a média do primeiro investimento mensal feito por elas gira em torno de R$ 481, em comparação a R$ 303 dos homens.

Tiago Cardoso, Product Manager da INFINOX, corretora de FX e CFD que oferece serviços em várias plataformas globais de trading online, explica que uma das principais razões para o aumento de mulheres nos investimentos em ações foi a queda da taxa Selic nos últimos anos. “Há cinco anos, a Selic estava em torno de 14%, o que garantia ganhos confortáveis na renda fixa, mas esse patamar foi sendo reduzido gradativamente até atingir o mínimo histórico de 2%, que só foi rompido em maio deste ano”, explica.

O movimento, notado pela empresa há algum tempo, identificou um aumento de 8% no número de mulheres que utilizam a plataforma. Este número, que se aproxima de um crescimento de dois dígitos, representa uma amostra significativa do potencial que a região e o gênero possuem no ramo de investimentos. Já sobre o crescimento do número de mulheres dispostas a investir, Cardoso acredita que isso pode ter ocorrido por uma combinação de fatores. “Hoje, temos vários cursos de educação financeira exclusivamente para elas, nicho que não era explorado há alguns anos. Sem falar que as mulheres ocupam cada vez mais cargos de liderança e, assim, aumentam sua renda média mensal”, acrescenta o executivo.

Para corroborar com o panorama desse universo feminino frente aos investimentos, pesquisadores da Universidade de Berkeley descobriram que, a cada ano, as mulheres ganham quase um ponto percentual a mais do que os homens quando investem. Isso porque, por excesso de confiança, os homens tendem a negociar 45% a mais do que as mulheres. Como resultado, as taxas de corretagem reduzem os lucros. Por ano, a negociação excessiva reduz a renda líquida dos homens em 2,65 pontos percentuais, em comparação com 1,72 para as mulheres. Os pesquisadores de Berkeley também descobriram que os homens solteiros negociavam a uma taxa ainda mais alta do que os homens casados – 67% mais frequentemente do que as mulheres solteiras. E, por isso, reduziram seus ganhos em 1,44 ponto porcentual mais do que mulheres solteiras.

Por outro lado, muitas mulheres também concluíram que ter uma poupança em um banco não dá retorno que justifique aquele dinheiro parado. Este também foi um passo determinante ao observar que o retorno sobre o dinheiro economizado às vezes é de 1 ou 2%, dependendo da economia. Isso levou as mulheres a buscar no trading uma forma mais dinâmica e com melhores retornos para movimentar seu dinheiro, além de ter total controle dos investimentos.

E, por fim, as mulheres também constituem uma grande força de trabalho nos fundos de investimento da América Latina. De acordo com uma pesquisa realizada pela UNWomen e a consultoria Value for Women, entre os 28 fundos pesquisados, 37% tinham mulheres em cargos de chefia e 25% eram controlados majoritariamente por elas. Para os próximos anos, de acordo com estudo da XP Investimentos, haverá um crescimento ainda mais expressivo do mercado de ações, que pode chegar a 1 trilhão de reais. A INFINOX percebeu que muitos desses crescimentos terão a ver com o mercado feminino. “Certamente, todo esse movimento que já estamos presenciando vai estimular cada vez mais mulheres a investirem na bolsa”, finaliza Cardoso.