Covid-19 acelera mercado de dados fixos na América Latina, afirma a IDC

Compartilhar

Antes da covid-19, as projeções de crescimento dos serviços fixos de dados na América Latina eram de, em média, 10% ao ano de 2019 a 2024. Porém, com a pandemia, a expectativa de crescimento é de 24% acima da previsão, ou seja, de 12,4% ao ano para os próximos quatro anos, estimam analistas da IDC, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e eventos para os mercados de tecnologia da informação, telecomunicações e tecnologia de consumo.

Com o surgimento da covid-19 as regras do jogo mudaram, a ponto das empresas de telecomunicações serem obrigadas a adiar ou reduzir seus investimentos, explicou Alberto Arellano, gerente de pesquisa em Telecomunicações da IDC México.

Fonte: Latin America Telecom Services Tracker IDC, maio de 2020.

“Somente nos primeiros dois meses de contingência do coronavírus, o tráfego de dados fixos cresceu até 30% e os dados móveis 10%”, afirma Diego Anesini, diretor de pesquisas da IDC América Latina.

“As mudanças na demanda resultaram em uma alta concentração nas redes de acesso do consumidor, devido ao uso de aplicativos para home office e serviços de streaming”, explica.

Mesmo com as mudanças, Luciano Saboia, gerente de pesquisa e consultoria em Telecomunicações da IDC Brasil, afirma que as operadoras conseguiram manter a qualidade dos serviços, tanto para os consumidores como para as empresas, que seguiram desenvolvendo suas atividades. “As operadoras aprimoraram suas ofertas e produtos e ampliaram funcionalidades de colaboração e de conectividade, ajudando os decisores de TI, por exemplo, a enfrentaram o ambiente desafiador. Um exemplo disso é o SD-WAN. Temos visto ofertas recentes combinando conectividade com a disponibilização de devices, como PCs, tablets e smartphones, principalmente para as pessoas que aderiram ao home office, o que reforça a capacidade do mercado em oferecer uma variedade de serviços”, completa.

Para Anesini, as operadoras tiveram que se fortalecer e reforçar principalmente o acesso à infraestrutura de ponta e seu desempenho.

O Chile liderará o mercado de 5G na América Latina.

No caso das redes móveis, o Chile se colocou como o país com maior avanço para as redes de quinta geração (5G), ao anunciar a primeira licitação desta frequência para outubro próximo, visto que seu principal uso será comercial, destacou Anesini.

Enquanto isso, Brasil e México anunciaram que, devido à complicações técnicas e financeiras causadas pela pandemia, a licitação do 5G será realizada até o próximo ano. “No Brasil ainda temos questões a serem definidas, como os participantes do leilão. Além das operadoras, existe uma grande quantidade de provedores regionais querendo usar a frequência do 5G para comercializar seus serviços”, explica Saboia. Segundo ele, fatores econômicos como a capacidade de investimento dos players, a capacidade do país para absorver os serviços e o ecossistema para utilizar a tecnologia no segmento também precisam ser definidos.

“Embora o México já tenha feito os primeiros testes, o leilão foi atrasado e as operadoras continuam desenvolvendo sua rede 4G”, destacou Alberto Arellano.

No caso da Argentina, seu desenvolvimento será mais lento devido à redução dos investimentos, principalmente após o ciclo de congelamento de preços dos serviços de telecomunicações que ocorrerá de 1º de setembro a 31 de dezembro, disse Sebastián Novoa, analista sênior da IDC do mercado argentino.