Construction Summit 2016: Palestrante fala da importância da tecnologia e dos dados para solucionar os problemas urbanísticos

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No ritmo em que ocorre a urbanização atual, tomadas de decisões inteligentes e assertivas são necessárias para transformar as cidades. Teorias servem apenas de base, mas são os dados e as informações que moverão o futuro. O conceito de Cidades Inteligentes tem como pilar o aproveitamento das tecnologias para ajudar a solucionar os problemas dos grandes centros urbanos.

Esse conceito foi abordado pelo colaborador em Inovação de Dados e Ferramentas do WRI Ross Centro para Cidades Sustentáveis, Diego Canales, no seminário Cidades em Movimento, durante o Construction Summit 2016, organizado pelo WRI Brasil Cidades Sustentáveis e pela Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema). O evento foi aberto nesta quarta-feira e que prosseguirá até a quinta, em São Paulo.

Em sua palestra Cidades inteligentes – a tecnologia a serviço dos cidadãos, Canales comentou que, entre as principais barreiras no processo de construção de cidades inteligentes, está o desconhecimento de três pontos essenciais: formatos e protocolos abertos e padronizados, dados abertos e interfaces abertas e documentadas e componentes modulares (software). “Esses princípios ajudam a evitar que as soluções e tecnologias escolhidas não representem um atraso no futuro próximo, em cinco ou dez anos (ou a duração de um contrato), sendo que a tecnologia é algo que evolui muito rápido”, explicou.

Outra barreira, segundo Canales, é saber como colocar dentro de uma agência de governo pessoas que tenham essas capacidades técnicas, qual o tempo para inovar e como escolher as melhores tecnologias.

Dados abertos

Sobre os dados abertos, Canales avaliou que eles incentivam a prestação de contas, estimulam a colaboração institucional, ajudando a quebrar barreiras dentro dos governos municipais, e incitam empreendedorismo e inovação, juntamente com a criação de novos modelos de negócios e serviços. “Pode não parecer de primeira instância, mas uma política de dados abertos à comunidade consegue fazer uma cidade mais inteligente”, ressaltou.

O município de São Paulo é um exemplo, quando a partir de 2013, entraram no mercado aplicativos como Moovit, Citymapper e outros aplicativos locais, como Trafi e Cadê o Ônibus. “Mas esses foram produtos que surgiram depois que São Paulo abriu seus dado para que desenvolvedores os pudessem utilizar, tanto os dados estáticos como os dinâmicos”, avalia Canales. No período de 2009 a 2013, a única forma de informações sobre o transporte público era através do Google (melhores rotas e itinerários) e das informações em tempo real do ônibus (através do portal Olho Vivo).

De acordo com Canales, o preceito de dados abertos não só recai na utilização dos dados, mas ainda na reutilização. “Isso significa que a população está contribuindo na melhora desses dados, seja através da curadoria, do processamento ou da melhora de sua acessibilidade. Essa ação cria e incentiva uma participação ativa e mantida pela população. Em outras palavras, cria um hábito de participação cidadã, mas também uma mudança de cultura interna no setor público e de prestação de contas”.

Palestra no Construction Summit 2016 destaca as vantagens dos sistemas construtivos industrializados

Os diversos sistemas construtivos industrializados utilizados pela construção civil brasileira alcançaram um elevado grau de maturidade e conseguem uma convivência harmônica nas questões técnicas e institucionais. “Ao contrário do passado, quando se vivia uma clima semelhante a uma guerra, hoje todos os sistemas industrializados entendem que a tendência é de soluções mistas envolvendo drywall, estrutura metálica, pré-fabricado de concreto e madeira. É claro que em aspectos comerciais, cada um trilha seu caminho, disputando mercado”, afirmou Walter Cover, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) no encerramento do painel sobre Sistemas Construtivos Industrializados, realizado durante o Construction Summit 2016, aberto nesta quarta-feira e que prosseguirá até a quinta, em São Paulo.

Ao abrir o evento, Cover recordou as principais vantagens dos sistemas construtivos industrializados, que são, basicamente: redução do tempo de execução das obras, manutenção da qualidade final da construção, redução e previsibilidade dos custos, menor geração de resíduo e redução de consumo de energia. “Já a principal barreira que impede o maior uso dos sistemas industrializados no Brasil hoje é a falta de isonomia tributária com os sistemas convencionais”, apontou Cover.

Além dessa barreira, um dos palestrantes do painel, Luiz Antonio Martins Filho, gerente executivo da Associação Brasileira do Drywall salientou outras dificuldades para a disseminação do uso de sistemas construtivos industrializados. “Temos questões culturais, dificuldades com a falta de infraestrutura adequada de transporte e logística, e também obstáculos legais, pois os modelos de contratação de obra pública ainda são concebidos visando características dos sistemas convencionais”, ponderou.

Apesar dessas dificuldades apontadas pelos participantes do painel, os vários sistemas industrializados têm conseguido importantes avanços. “No caso do Steel Frame, por exemplo, podemos dizer que ele está bastante disseminado no Brasil e com grande potencial de crescimento, pois ainda representam apenas 15% do total das obras de múltiplos pavimentos, enquanto em países como Estados Unidos já representa 50%, e no Japão chega a quase 70%”, afirmou Eneida Jardim, integrante da Comissão Executiva do Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA).

A tendência do uso misto de vários sistemas construtivos numa mesma obra, destacada pelos participantes do encontro, foi apontada também por Rosane Bevilaqua, representante da Associação Brasileira da Construção Metálica. “No caso, por exemplo do uso misto de concreto com estruturas metálicas representa uma série de vantagens, como, por exemplo, a dispensa do uso de fôrmas para pilares, o aumento da precisão dimensional das construções, a redução do peso e do volume das estruturas e uma diminuição que varia de 20% a 40% no uso de aço estrutural”, comentou a palestrante.

Outro participante do evento, o engenheiro Carlos Franco, representante da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic), destacou as vantagens do uso de sistemas pré-fabricados de concreto. “Além da eficiência estrutural, o pré-fabricado possibilita flexibilidade arquitetônica, maior velocidade construtiva, uso racional de recursos, menor impacto ambiental em função da redução da geração de resíduos, além de resistência maior a propagação de fogo”, resumiu.

Franco também apresentou uma série de obras ligadas à infraestrutura e mobilidade urbana, nas quais o pré-fabricado foi utilizado com um diferencial de competitividade e de atendimento de prazos. “Em boa parte delas, o pré-fabricado foi utilizado de maneira harmoniosa com outros sistemas”, finalizou Franco.

O painel foi encerrado por José Márcio Fernandes, diretor da Tecverde Engenharia, empresa que desenvolve tecnologias inovadoras e sustentáveis ligada ao sistema Woodframe. “A grande vantagem do uso de madeira é a expressiva redução na necessidade de mão de obra no canteiro de obra. Enquanto uma construção convencional demanda 80 hora/homem por m2 de obra, o nosso sistema não passa da 7 hora/homem por m2. E temos testes dos materiais que nos permite assegurar que a casa construída com nosso sistema tem uma vida útil de 50 anos”, assegurou Fernandes.

Construction Summit 2016

Data: 15 e 16 de junho
Local: São Paulo Expo Exhibition & Convention Center – Rodovia dos Imigrantes, km 1,5 – Água Funda – São Paulo/SP
Informações: www.constructionsummit.com.br