Conflitos entre sócios: como podem impactar nos negócios?

Compartilhar

Especialista aponta quais os maiores erros dos gestores de empresas familiares e como é possível melhorar o relacionamento no ambiente corporativo

Conciliar tarefas de trabalho com as relações sociais não é tarefa fácil. Ainda mais quando envolve membros da mesma família. Muitas empresas familiares, além de focar nas questões administrativas, precisam trabalhar de forma incisiva na resolução de conflitos, que muitas vezes se tornam recorrentes não só no processo sucessório, mas também no dia a dia de trabalho. Na pesquisa Next Gen- Grandes expectativas, realizada pela PricewaterhouseCoopers (PwC) com empresários de mais de 50 países, em 2016, 52% dos participantes do Brasil, pertencentes a novas gerações, demonstraram preocupação com a governança familiar.

De acordo com Eduardo Valério, diretor-presidente da GoNext Family Business, a preocupação é válida, uma vez que os relacionamentos pessoais e profissionais podem se misturar, causando prejuízos nos dois âmbitos. “Existem conflitos internos nas empresas familiares que, muitas vezes, envolvem os subsistemas familiar, societário e de gestão, comprometendo a visão estratégica do negócio e as tomadas de decisão em conjunto. Entretanto, esses conflitos podem ser detectados e evitados com bastante eficácia se realizado um bom trabalho de governança corporativa”, comenta Valério.

Nos mais de 100 projetos que já atendeu à frente da GoNext, o especialista participou da resolução de muitos conflitos familiares e, dentre os mais comuns, elenca: quando um herdeiro assume um cargo sem estar preparado para ele, afetando os negócios; quando lucro é dividido sem planejamento, muitas vezes tendo uma saída de caixa maior do que a entrada; e, ainda, quando a empresa opta por fornecedores que são parte da família, podendo acarretar no pagamento de valores acima dos praticados no mercado e, em alguns casos, numa entrega com menos rigor de qualidade no produto ou serviço fornecido.

Apesar de serem danosos para a saúde financeira e, dependendo da estrutura administrativa, até para o relacionamento entre membros da família, tais conflitos podem ser resolvidos com disposição e, principalmente, com o auxílio de alguns instrumentos de governança corporativa. O mais utilizado nesses casos, segundo Valério, é o acordo de sócios. “O documento se presta justamente para colocar no papel quais são os principais pontos que os sócios definirão e quais os instrumentos e as regras em três níveis: para a gestão da empresa, para a gestão da relação entre os sócios, para a relação dos sócios para com a empresa e dos sócios para com os familiares”.

Dessa forma, de acordo com o especialista, ao seguirem regras claras, estabelecidas por um conselho maior, torna-se mais fácil lidar com as divergências internas e saber que não é a opinião do outro que vale, mas sim, um estatuto elaborado de forma a gerir todas as ações, metas e resultados em benefício da empresa familiar.