Os ciberataques que atingiram mais de 150 países nas últimas semanas voltaram a chamar a atenção para o tema da proteção de dados de empresas, governos e indivíduos, em um mundo cada vez mais digitalizado.
A resposta de autoridades e empresas de Cybersecurity nesse caso foi rápida e impediu danos mais relevantes. No entanto, acreditar que o conhecimento que possuímos hoje será suficiente para fazer frente às ameaças cibernéticas no futuro próximo seria um engano, porque o próximo grande desafio nesse campo já tem data marcada: 2020.
Daqui a menos de três anos, estarão disponíveis para comercialização os primeiros computadores quânticos, capazes de executar operações em velocidade incomparável à melhor alternativa de computação clássica disponível hoje.
Por um lado, essa tecnologia trará suas muitas vantagens: intermediará e facilitará negociações no setor financeiro, aprimorará a definição de padrões para o mercado de seguros, auxiliará na segurança dos países e contribuirá para descobertas na indústria farmacêutica, química e na física quântica.
Por outro, a chegada dos algoritmos quânticos constitui uma ameaça sem precedentes aos sistemas convencionais de segurança da informação, exigindo o desenvolvimento da chamada criptografia “quântico-segura” (quantum safe) antes do uso generalizado de computadores quânticos.
Todos os dados que estão atualmente protegidos por padrões clássicos de criptografia deverão ser elevados a padrões quântico-seguros para permanecerem a salvo no futuro.
O período crítico é agora
Considerando que os primeiros computadores quânticos estarão comercialmente disponíveis a partir de 2020, como prevê a publicação Journey 2020, elaborada por especialistas da Atos, e que as mudanças nas normas de segurança demoram para serem postas em prática, isso faz do momento atual um período crítico.
O cálculo de tempo necessário para a transição deve levar em conta a previsão de disponibilidade comercial de computadores quânticos, menos o tempo necessário para assegurar os dados. Uma vez passado esse período, as empresas que não tiverem sua criptografia atualizada estarão à mercê de possíveis ciberataques de hackers que dominem tecnologia quântica.
Com isso, a demanda por TI quântica só deve crescer nos próximos anos. Entender e adotar computação e a criptografia quântica pode preparar com sucesso uma organização para as ameaças de segurança cibernética do futuro e ajudar tais organizações a aprender sobre suas próprias possibilidades.
Desafios e oportunidades
Uma das grandes dificuldades do processo de implementação será a carência de fornecedores e desenvolvedores de criptografia quântico-segura. Eles oferecem uma grande variedade de produtos e serviços que estão sempre se diversificando, mas o surgimento de profissionais cresce lentamente.
Os primeiros ingressantes nesse mercado serão aquelas organizações que têm altas exigências para manterem suas comunicações seguras. Empresas que têm muito a ganhar com a computação de algoritmos quânticos também serão pioneiras, já que possuem uma perspectiva mais clara de suas possibilidades.
A infraestrutura cada vez mais “inteligente” para os setores de energia, petróleo e gás e transporte, por exemplo, em combinação com a IoT, também formam um campo cada vez mais amplo para este avanço.
Para empresas dos demais segmentos, cabe fazerem uma avaliação sobre suas necessidades de segurança e possibilidades quânticas para decidir sobre como preparar sua infraestrutura de TI para o futuro com computadores quânticos.
Essas ponderações, contudo, dizem respeito apenas ao ritmo de implementação desses protocolos de segurança quântica. O caminho é o mesmo para todos e o prazo diminui a cada dia.
Luis Casuscelli é diretor de Big Data e Security da Atos América do Sul.