Por José Carlos Ignácio*
Encontramos com relativa frequência notícias de empresas que se encontram em dificuldades. Em geral, os gestores desconhecem a forma de diagnosticar a razão (ou razões) e, consequentemente, não sabem como estancar e resolver o problema para que a organização volte a crescer e ter perenidade.
Via de regra, o fator que torna claro a existência de uma crise, independentemente da sua proporção, é a falta de caixa. A ausência de recursos para honrar os compromissos e manter os investimentos é uma situação que imobiliza parte da gestão e consome a maior parte da energia dos colaboradores.
Tal situação é geradora de tensão e preocupação em toda a empresa, desde o seu presidente, cujo cargo ou patrimônio depende de resultados, até o funcionário mais simples, cujo sustento dele e da família depende do seu salário.
É justamente nesta situação que se faz necessária a maior dose possível de planejamento, disciplina, produtividade e sangue frio para reverter a situação. Afinal, sem mudanças, se nada de novo for feito, os resultados continuarão os mesmos !
Cabe, portanto, a elaboração e adoção de um Plano de Recuperação, visando guiar a gestão e garantir a sua execução.
Seguem abaixo alguns dos principais objetivos com esse plano:
1º passo: Garanta a liquidez da empresa, de forma a permitir o mínimo de normalidade às operações. Aqui, toda a criatividade é válida e todas as ideias devem ser analisadas. Elabore o fluxo de caixa, identifique o ciclo de caixa da sua empresa (na média, você paga ou recebe à frente?) e considere todas as negociações possíveis com fornecedores e clientes, de forma a antecipar recebimentos e postergar pagamentos.
No caso de atrasos junto a fornecedores, renegocie e garanta a normalidade do seu abastecimento, mas se atente para o fato de que você só terá direito a uma negociação e deverá, sob todas as hipóteses, cumprir o combinado.
Observe a possibilidade de ativos parados ou morosos serem vendidos e fuja dos bancos! Caso seja inevitável, consolide a dívida bancária e alongue o prazo de pagamento, considerando a prestação como uma despesa fixa. Evite a todo custo o uso de limites especiais. Eles são muito mais caros!
2º passo: Reveja todas as margens de lucro dos seus produtos, isto é, reanalise preços de venda, custos fixos e variáveis. Envolva os funcionários, seja claro quanto à situação e mostre liderança e capacidade de reverter o quadro. Torne o corte inteligente de gastos uma obsessão, inclusive premiando novas ideias. Mas só premie com o resultado da economia. O mesmo vale para campanhas de aumento das vendas.
3º passo: Crie e utilize mecanismos de acompanhamento diário, semanal e mensal dos resultados da empresa (orçado x real), com acesso a todos os envolvidos. Você planeja melhor o seu jogo quando conhece o placar. Faça follow up junto aos subordinados diretos de forma inteligente, assertiva e constante.
4º passo: Blinde a empresa em relação ao público externo.Com exceção de parceiros, fornecedores ou clientes envolvidos na negociação, não deixe que notícias negativas de empresas se propaguem externamente.
5º passo: Nesta altura (ou antes deste passo), você já deverá ter identificado as causas da crise atual. Estanque o problema de forma imediata, passe o facão! Seja qual for o fato (excesso de retiradas dos sócios, folha de pagamento excessiva, investimentos mal dimensionados ou pagos com capital de giro, entre outros), corrija ou aborte de forma impiedosa, pois só desta forma a recuperação terá chance de ser atingida.
6º passo: Planeje o médio e o longo prazo. As medidas acima são emergenciais… Trate, portanto, de plantar para ter chance de colher lá na frente. Questões como novos produtos, novos mercados, enfim, novas estratégias, exigem tempo para definição, implantação e geração de resultados. Portanto, comece já!
Nunca, nunca atrase o pagamento da folha e respectivos benefícios. Você precisará, mais do que nunca, dos seus colaboradores inteiros e motivados!
* Sobre o autor: José Carlos Ignácio é sócio-fundador da JCI Acquistion, formado em Administração de Empresas e possui MBA e Pós Graduação. É também palestrante e já participou de processos de Fusão e Aquisição e de Relacionamento de Sócios em diversas organizações nacionais e multinacionais. Autor do recém-lançado livro Todo relacionamento entre sócios pode ser melhorado (Anadarco Editora). Site: www.jciconsultoria.com.br – Email: jci@jciconsultoria.com.br
A JCI Acqusition
Fundada pelo administrador José Carlos Ignácio, a JCI iniciou suas atividades focada em Avaliação, Compra e Venda de Empresas. Graças ao crescente número de negócios realizados e à solicitação de clientes, especializou-se em Relacionamento e Coordenação de Sócios, através de metodologia própria.
Atualmente, o portfólio de serviços também inclui Auditoria de Aquisição (Diligência) e Recrutamento e Seleção de Executivos.
O sócio-fundador da JCI Acquisiton, José Carlos Ignácio, possui bacharelado em Administração de Empresas, MBA e Pós Graduação Latu Sensu. É também palestrante e passou por diversas organizações nacionais e multinacionais.
Com seu know-how, já participou de processos de Fusão e Aquisição e de Relacionamento de Sócios em diversas empresas em todo o Brasil.