Com o fenômeno da consumerização é comum encontrarmos diversas notícias e artigos falando sobre BYOD (bring your own device), que se refere a utilização de dispositivos pessoais para o trabalho. Ou seja, ao invés de a empresa fornecer dispositivos para a mobilidade (como smartphones e tablets), autoriza que seus colaboradores utilizem os pessoais para esse fim.
Pesquisa recente sobre mobilidade no ambiente corporativo realizada pela IDC Brasil junto a 261 empresas indica que a maioria dos respondentes (61%) considera o quesito “segurança” como a principal barreira para permissão ou incentivo a políticas BYOD.
Ao pensar em adotar essa estratégia, muitas vezes as empresas consideram a redução de custos na aquisição dos equipamentos, mas o planejamento para a adoção de mobilidade empresarial vai muito além. É preciso considerar como será feita a manutenção, quais os riscos para a rede da empresa, a capacidade de internet para suportar o uso, a qualidade do equipamento para o fim ao qual será destinado, e principalmente, a segurança das informações que estarão acessíveis.
Segundo Eduardo Klein, líder de desenvolvimento da *Mobiltec Sistemas de Mobilidade “gerenciar o uso de múltiplos dispositivos e plataformas, não é algo trivial que possa ser tratado de forma simples. E por isso, nas grandes empresas em geral, essa adoção está sendo vista com muita cautela. Já nas pequenas empresas, é comum não haver muita preocupação nesse sentido. Seja por ingenuidade ou por acreditar que esses riscos não são graves, até que algo realmente aconteça, como um equipamento perdido ou roubado com acesso a todos os dados de clientes e muitas vezes senhas da empresa.”
Existem outros cenários ainda onde o BYOD é impraticável, como nos casos de empresas que precisam realizar operações em campo, como visitas externas, entregas, etc. Nesses cenários, geralmente há a necessidade de utilizar o dispositivo para acessar algum aplicativo corporativo como sistemas de automação de força de vendas, CRM, ERP, registro de entregas e outros. Para tanto, é preciso considerar qual o espaço em disco necessário, quanto de processamento o app exige, quanto de dados ele consome ao ser sincronizado, capacidade do GPS para registrar a localização e uma série de outros fatores. Por isso, nem todos os dispositivos estão aptos a serem utilizados. Em alguns casos, como nas operações de trade marketing ou em ações promocionais, é necessário coletar imagens como fotos de vitrines ou expositores, por exemplo. Esses casos exigem uma maior resolução da câmera (muitas vezes sem a possibilidade de utilizar flash).
Quando o equipamento não atende os requisitos, ou o plano de dados não é suficiente, muitas vezes o sistema utilizado é penalizado, pois as pessoas em geral têm a tendência de perceber só o efeito sem considerar a causa. “O sistema de automação de força de vendas travou bem na hora que fui abrir diante do cliente.” Essa é uma reclamação comum de chegar ao suporte, que gasta boas horas até descobrir que o smartphone não tem memória suficiente para suportar o aplicativo, pois tem outros apps de uso pessoal instalados, como o Facebook, por exemplo. “Além de gastar horas de suporte, a empresa ainda tem o dano de atrasar o processo de venda, que deveria ser justamente agilizado”, reforça Klein.
Em situações como essa, se colocado na balança, o custo de adquirir equipamentos padronizados apenas para o atendimento das necessidades do negócio pode ser muito mais vantajoso. Mas para que essa adoção seja otimizada, é preciso utilizar um sistema de mobile device management (gerenciamento de dispositivos móveis). Com o uso de um sistema de MDM, é possível inclusive restringir o uso do equipamento para fins empresariais, realizar manutenção de forma remota, remover ou instalar aplicativos, acompanhar a utilização de dados, bloquear ou limpar remotamente os dados em caso de perda ou roubo, localizar os dispositivos e verificar rotas percorridas, dentre outras facilidades. No fim das contas, o custo total pode ser muito menor do que os danos causados por negligenciar esse cuidado.
Analisando o mercado conclui-se que, apesar de ser tendência, BYOD não é para todos. É importante refletir muito bem sobre quais os objetivos da empresa para com a mobilidade, para que o desejo de agilizar processos e aumentar a produtividade não acabe por se tornar uma tremenda dor de cabeça.