Por Tiago Alves
As relações de trabalho vêm mudando ao longo dos anos e, felizmente, têm beneficiado os trabalhadores que cada vez mais valorizam equilíbrio entre vida pessoal e carreira. Nas últimas décadas, o trabalho flexível ganhou espaço em grandes e pequenas empresas ao redor do mundo e hoje é um dos fatores que atrai e retem talentos. Há 11 anos, a Workspace Group (IWG) analisa globalmente o uso dos espaços de trabalho, e percebeu que os profissionais estão preferindo empregos que garantam também sua satisfação pessoal.
A última edição do estudo, contou com a participação de mais de 15 mil pessoas em 80 países, mostra que 54% dos respondentes consideram o fator “trabalho flexível” mais importante do que estar em uma grande empresa. Mais da metade dos entrevistados define trabalho flexível como “a possibilidade de escolher o local onde vão desempenhar suas atividades”. Note-se que os empregados querem mais do que que o home office, eles desejam ter o poder de escolha e, para isso, a empresa precisa oferecer possibilidades e confiar em sua equipe.
Os dados demonstram ainda que metade dos empresários trabalham fora do escritório principal metade da semana ou mais dias. Eles alternam trabalho em casa, espaços de coworking e salas remotas, pois nem todas as demandas exigem a presença física no escritório. Recentemente duas executivas brasileiras da Unilever passaram a se revezar em um mesmo cargo, trabalhando três dias por semana cada. Esse é o futuro do trabalho, que garante a harmonia entre vida pessoal e carreira.
No Brasil, a pesquisa envolveu 1.116 entrevistas e 76% afirmam que espaços flexíveis poderiam reduzir significativamente o tempo que gastam com deslocamento para ir e voltar do trabalho. As pessoas não querem mais perder tempo no trânsito quando podem realizar suas atividades em um local mais próximo de suas casas, por exemplo.
Os avanços tecnológicos também são aliados desse novo modelo de trabalho, pois permitem que parte das “tarefas” sejam realizadas fora do escritório tradicional. O estudo do IWG aponta que 54% dos brasileiros alegam que trabalham, por meios eletrônicos, enquanto estão no trajeto para a empresa. Então porque deveriam ir todos os dias “bater ponto”?
As empresas também são beneficiadas por esse dinamismo. Nos índices globais, nosso estudo indica que 85% dos participantes confirmaram que a adesão ao escritório flexível aumentou a produtividade dos negócios. Além disso, o formato tende a enxugar os custos operacionais, diminuir riscos e facilitar a expansão para novos mercados. As vantagens para as companhias são comprovadas, por isso, 62% delas possuem alguma política de espaço de trabalho flexível.
Em nosso contato diário com diversas companhias dos mais variados setores e trabalhadores e com os resultados da pesquisa da pesquisa global podemos afirmar que, atualmente, o modelo de trabalho que melhor atende empresas e funcionários é híbrido. Ele envolve um escritório principal, o home office e outros espaços localizados entre esses dois pontos principais, que favorecem o deslocamento das pessoas. O trabalhador não tem mais o sonho de fazer carreira em uma única empresa por toda a vida.
A maioria prioriza qualidade de vida, desenvolvimento pessoal e profissional e realização de metas. Certamente, esse modelo não sairá de “moda”. Pelo contrário, tende a ser incorporado por todos os tipos de negócios e saem na frente as empresas que oferecem essas possibilidades aos funcionários.
Tiago Alves, CEO do International Workplace Group (IWG) no Brasil