CEO´s da indústria brasileira do aço debatem o futuro do setor

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O 2º painel do Congresso Aço Brasil 2021 reuniu alguns dos principais executivos da indústria do aço no Brasil para debater o futuro do setor, abordando seus principais desafios e oportunidades. Marco Polo de Mello Lopes, Presidente Executivo do Instituto Aço Brasil, foi o responsável por moderar o debate, que reuniu executivos como: Sergio Leite, Conselheiro do Instituto Aço Brasil e Diretor-Presidente da Usiminas; Gustavo Werneck, Conselheiro do Instituto Aço Brasil e Diretor-Presidente e CEO da Gerdau; Frederico Ayres Lima, Conselheiro do Instituto Aço Brasil e Diretor Presidente da Aperam South America; e ainda Marcelo Chara, Conselheiro do Instituto Aço Brasil e Presidente Executivo da Ternium.

Marco Polo iniciou o debate com uma provocação aos participantes: “O ano de 2020 seria o ano da recuperação. Veio a pandemia, o importante isolamento social, e com isso uma grave crise de demanda”. Sergio Leite foi o primeiro a comentar na rodada de debate, pontuando que o setor do aço sofreu, sim, com a forte crise de demanda, mas destacou que o mercado já está plenamente abastecido e não apresenta qualquer excepcionalidade.

Gustavo Werneck reforçou que a indústria brasileira do aço está preparada, e com alta capacidade para atender as demandas do presente e as que vêm no futuro. Já Frederico Ayres fez uma análise mais macro e reforçou que, na prática, PIB e desenvolvimento econômico andam juntos. “Dever de casa do Brasil é reduzir as assimetrias competitivas. E nesse sentido é necessário melhorar a competitividade em geral”.

Marcelo Chara pontuou que o setor é competitivo e que o foco deve ser a melhoria da competitividade sistêmica. No decorrer do debate, Werneck falou ainda do que vislumbra para o futuro do consumo de aço em todo o mundo. “A construção metálica já é uma realidade. E ela é um caminho que precisa ser analisado. Quando olhamos para a Coréia do Sul, por exemplo, a construção metálica já é uma realidade. É um grande case. E isso precisa ser estimulado no Brasil. Temos que aumentar o debate sobre esse assunto no País”.

Na sequência, Marco Polo colocou em debate as medidas extraordinárias de proteção adotadas por vários mercados no mundo. “Se houver condição isonômica de competição, nós podemos competir com qualquer país do mundo quando o assunto é aço. O que temos que buscar internamente é essa condição competitiva. É a correção das assimetrias. Buscar salvaguarda, por si só, no meu ponto de vista, está fora de questão”, pontuou Gustavo.

“Não temos necessidade em nosso setor de medida extraordinária. Somos competitivos. Precisamos, porém, de isonomia de tratamento. O ponto que vale analisar é que fazemos parte de um mercado que está se protegendo em todo o mundo. As regras da OMC, então, precisam ser seguidas e as práticas desleais precisam ser combatidas”, reforçou Frederico.

Sérgio reforçou esse discurso e afirmou: “Somos contra qualquer tipo de protecionismo. A luta é por um comércio intenso e com práticas leais. A grande reflexão que precisamos ter, porém, é que o Brasil não pode ser um país liberal em termos comerciais em um mundo protecionista”.

Marco Polo levantou alguns pontos, como inflação persistente, juros em alta, crise hídrica, crise institucional e tensão politica, para checar o quanto otimista estão os executivos diante dos desafios atuais e dos que estão por vir nos próximos anos.

“Realmente temos muitas batalhas para enfrentar. Mas o ano de 2021 apresenta bom cenário, com estimativa de consumo aparente de aço podendo fechar 2021 superior a 24% e crescimento da economia acima de 5%. Em 2022, é claro, teremos uma desaceleração, mas estou otimista sim, até porque temos um estoque de boas decisões tomadas no campo da infraestrutura, com projetos que serão materializados nos próximos anos”, pontuou Sergio.

Marcelo Chara endossou esse discurso e afirmou que o Brasil é um país que possui um potencial extraordinário de crescimento, por conta de suas características naturais, como suas dimensões continentais e os seus mais de 200 milhões de habitantes, contando, ainda, com uma enorme rede de energia renovável.

“Continuo otimista, mas em um cenário mais desafiador. Insisto que o Brasil pode multiplicar por três o seu consumo de aço. Temos base energética e temos potencial para isso. E o primeiro motivo desse meu otimismo é a resiliência da indústria do aço. Há um ano não sabíamos se conseguiríamos manter a operação das nossas plantas e agora tudo está rodando perfeitamente bem, em ótimos níveis. Vivemos muitas crises, muitas recessões, e demonstramos ser uma indústria com rápida resposta e com colaboradores engajados e que vestem a camisa”, explicou Frederico.

Gustavo ainda acrescentou que a indústria do aço possui grande capacidade de transformação e grande capacidade para geração de oportunidades.

Mais de 1.500 pessoas participaram do evento, online e gratuito, que contou com os patrocínios das empresas ArcelorMittal, Gerdau, Ternium, Usiminas, CSP, Aperam, Vallourec, AVB, Sinobras e Villares Metals, além do apoio de diversas entidades congêneres ao Aço Brasil.