Os profissionais brasileiros são os mais preocupados com os possíveis impactos das novas tecnologias em suas carreiras e estão entre os mais cautelosos às consequências da globalização. Como consequência, o Brasil é também um dos países onde mais trabalhadores reservam tempo para se capacitar visando o mercado futuro.
As informações vêm do novo estudo do Boston Consulting Group (BCG), realizado em parceria com a The Network, e que teve como objetivo avaliar a conscientização dos profissionais sobre as mudanças pelas quais a indústria e o mercado de trabalho passarão nos próximos anos. Intitulado Decoding Global Trends in Upskilling and Reskilling , o estudo contou com a participação de mais de 366 mil entrevistados – com idade a partir de 20 anos – de 197 países.
De acordo com o levantamento, 65% dos brasileiros entrevistados acreditam que a ascensão das novas tecnologias – como automação, inteligência artificial e robótica – irão afetar as suas profissões nos próximos anos. O Brasil foi o líder em respostas afirmativas nesse quesito, ficando bem acima da média global (49%).
Quando perguntados sobre os impactos da globalização – o que inclui comércio internacional e outsourcing -, os brasileiros também estiveram entre os mais apreensivos: 69% responderam acreditar que esses fatores afetarão suas vidas profissionais, índice que colocou o país abaixo apenas de Nigéria e Myanmar. Na média global, 45% dos entrevistados disseram ter a mesma preocupação.
O estudo aponta também que 74% dos brasileiros dedicam parte de seu tempo se capacitando para os possíveis impactos da tecnologia e da globalização em suas carreiras. O Brasil é 11º da lista global. Na média, 65% dos entrevistados afirmaram ter a mesma aplicação.
“A análise do estudo mostra que os profissionais brasileiros estão procurando se adaptar proativamente às mudanças no mercado de trabalho. Preocupados com as futuras exigências, eles estão buscando desde já adquirir novas competências”, analisa Manuel Luiz, sócio e líder da área de Pessoas & Organização do BCG Brasil.
As habilidades que os brasileiros consideram mais importantes para as suas carreiras no futuro são comunicação, adaptação e liderança.
Mudança de carreira é realidade
A América Latina é a região onde os profissionais se mostram mais dispostos a se requalificar visando uma nova profissão (84%). Os principais responsáveis por essa posição são o México – onde o índice chega a 90% – e países do Caribe. O Brasil – onde 75% dos respondentes afirmaram estar pré-dispostos a mudar de carreira – foi o 35º nesse quesito na lista global.
Os profissionais mais propensos a mudar de área trabalham atualmente com: Vendas (75%), Administração (73%) e Serviços (73%). Os menos propensos atuam nos setores: Ciência (59%), TI (59%) e Jurídico (58%).
Quanto maior o nível de escolaridade, menor é a disposição dos profissionais em mudar de carreira – o estudo atribui como a principal razão o tempo que eles já investiram para se qualificar. Mesmo assim, os números são altos para todos os níveis: 56% dos doutorados estão abertos às mudanças, assim como 64% daqueles com diploma de mestrado.
Tendência autodidata
A maioria dos entrevistados prefere se capacitar por conta própria (63%) ou no trabalho (61%). A tendência à qualificação autodidata é reforçada por outros dois quesitos: 30% utilizam plataformas educacionais online e 24%, aplicativos móveis. No Brasil, a tendência segue sentido oposto: a maior parte (64%) prefere as instituições de ensino tradicionais; na sequência aparecem capacitação por cursos online (49%) ou no próprio trabalho (48%).
Confira a íntegra do estudo em: http://www.bcg.com/de-de/publications/2019/decoding-global-trends-upskilling-reskilling.aspx