Por Maurício Lima
Mesmo com todos os problemas enfrentados ao longo de 2020 e 2021, o Brasil deve emergir deste período como um campo fértil para startups e investidores. Com a aceleração da digitalização dos negócios no ano passado – fruto da pandemia -, vimos nascer por aqui mais de uma startup por dia, muitas com times excepcionais que se propõem a resolver problemas únicos de nosso país. E junto com as empresas, os investidores também estão bem mais ativos em busca de novas oportunidades.
As startups voltadas para as áreas de finanças, varejo, saúde e educação chamaram a atenção de investidores. Desde 2016 os volumes investidos nessas empresas vêm crescendo significativamente, alcançando, em 2020, um pico de R﹩ 19,7 bilhões investidos, segundo dados da Abstartups (Associação Brasileira de Startups).
E ao que parece o ritmo vem se mantendo este ano. O relatório Inside Venture Capital aponta que, nos primeiros meses de 2021, as startups brasileiras receberam cerca de R﹩ 16,2 bilhões em investimentos, ou 90% do total investido no ano passado. Foram 261 aportes realizados até maio e, mesmo tirando desta conta os aportes gigantes realizados no Nubank (US﹩ 400 milhões), Loft (US﹩ 525 milhões) e o Quinto Andar (US﹩ 300 milhões), os volumes atingidos representam recorde quando comparados aos últimos cinco anos. Continuando assim, devemos fechar este ano com mais de US﹩ 5 bilhões investidos em startups.
As fintechs tem atraído a maior parte desses investimentos. Estas empresas receberam 57 investimentos neste ano e um volume de US﹩ 1,158 bilhão, seguidas pelas startups do ramo imobiliário, com US﹩ 825 milhões em investimentos. Outra pesquisa, essa da Transactional Track Record (TTR), que engloba também as grandes operações, mostra que os fundos de venture capital já aportaram R﹩ 15,2 bilhões em empresas de tecnologia no Brasil no período entre janeiro e maio deste ano, com 115 transações.
Os números mostram, ainda, que o Brasil está se consolidando como um mercado atraente não apenas para as startups locais. Os volumes investidos por aqui pelos investidores, e o tamanho do mercado consumidor local, têm sido atrativos também para que empreendedores latino-americanos encontrem aqui um mercado grande o suficiente para dar escala aos seus negócios e, com isso, justificar novos investimentos. Não faltam exemplos desse movimento, como as fintechs Addi e Clara, a startup de venda de carros Kavak e a Bitso, corretora de criptomoedas. E mesmo casos interessantes de empresas que entraram em operação simultaneamente no Brasil e Mexico, como a Casai e a Merama.
Essa atração das startups pelo mercado brasileiro não se dá sem motivo. O Brasil tem hoje um mercado consumidor de mais de 200 milhões de pessoas e é a maior economia da América Latina com um PIB de R﹩ 7,4 trilhões. São ou não são bons motivos?
Maurício Lima, cofundador e CEO da Invest Tech