BPO e a Retomada da Economia: Tudo a Ver

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Por Ankur Prakash

Nos últimos anos, acompanhamos uma onda de altos e baixos no mercado brasileiro, os problemas socioeconômicos que nosso país enfrentou, e ainda enfrenta, geraram uma série de más notícias. Entre elas, estão o aumento do desemprego e a queda do PIB, que no começo de 2017, a reflexo de 2015 e 2016, registrou um encolhimento de 3,8% e 3,6%, ou seja, a pior recessão do país. Acontece que, mesmo com dificuldades, o governo tem tomado medidas que buscam retomar a economia e os bons números do crescimento. Algumas já têm surtido efeito, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a nossa economia voltou a crescer no último trimestre de 2017, ainda que de maneira tímida, chegando a 1,4% com relação ao mesmo trimestre de 2016.

Duas dessas ações, e que com certeza mexeram até com a opinião internacional sobre o Brasil, foram: a aprovação da reforma trabalhista e a lei da terceirização. Especialmente para o setor de tecnologia e seus serviços, como o BPO (Business Process Services), essas aprovações permitirão um crescimento maior e mais rápido. Pensando nisso, elencamos três grandes fatores que apontam para a retomada da economia, e que devem trazer, nos próximos anos, mais otimismo ao mercado.

Mudança na legislação trabalhista

Sancionada pelo presidente em 13 de julho de 2017, mas efetivamente válida a partir de 11 de novembro do mesmo ano, a reforma trabalhista irá transformar o mercado de trabalho brasileiro, além de torna-lo mais atraente e competitivo. E atrelada a essa reforma, está a lei da terceirização, que flexibilizou a indústria de subcontratação no país, permitindo que ocorra a terceirização da atividade-fim em qualquer empresa, seja do setor privado ou do setor público.

Por mais polêmicas que as decisões possam parecer, maiores são os benefícios tanto para o trabalhador quanto para o empregador. Especialmente para profissionais de tecnologia, que muitas vezes atuam por projetos, e necessitam de maior flexibilidade, tais aprovações vão proporcionar a saída da zona de conforto, uma vez que, devido à possibilidade de contratos intermitentes, os profissionais poderão investir no seu desenvolvimento, por meio de estudos e outras atividades inerentes à área. Além disso, é importante frisar que o mito da redução de salários dos terceirizados, vai acabar. Um estudo da USP, publicado pela Folha de S.Paulo, demonstrou que as comparações equivocadas entre funções e empresas nos levam a acreditar nessa precarização. Na prática, isso não acontece, mesmo porque o custo de um colaborador terceiro é similar ao de um funcionário direto.

Outro ponto de grande relevância é a autonomia dada aos acordos entre empresas e colaboradores. Nesses casos, a CLT continuará a nortear, mas a negociação entre as partes estará acima, e isso foi um grande passo para a maturidade do setor.

Transformação do mercado

Estamos cada vez mais mergulhados no universo digital, e a intensa chegada de tecnologias como inteligência artificial, bots, automação e outras aplicações, nos levam a nos preocuparmos com nossas posições de trabalho, certo? Errado! Mais uma vez somos desafiados, no bom sentido, a renovar nosso conhecimento e a sair da zona de conforto que nos acolhe. As novas leis, aliadas às novas tecnologias vão, na realidade, transformar cargos em posições estratégicas. Como a intervenção humana tende a diminuir, seremos levados a agir naquilo que necessita do real valor humano, aquilo que a máquina não consegue atingir. E com isso, os clientes serão mais bem sucedidos.

E trazendo a informação à luz da terceirização, a notícia é ainda melhor. A premissa de companhias que atuam com a Terceirização de Processos de Negócio (BPO) é a especialização, então, no caso de evoluções tecnológicas, os especialistas deverão se aprofundar de maneira estratégica, com foco nos negócios além da tecnologia. E para a companhia que souber tomar vantagem disso, já pode esperar por grandes benefícios.

Posicionamento de mercado

Reformas como as que temos vivido, trazem renovação, e o mercado também precisa se posicionar. O que veremos é um movimento ainda maior de ações com foco na experiência do cliente. Ou melhor, valores voltados à percepção do cliente, e isso não é alcançado a menos que colaboradores, funcionários, ou ainda prestadores de serviços enxerguem valor naquilo que fazem. E é importante explicar que o posicionamento do mercado aponta não somente para as empresas do país, mas para todos que fazem parte dessa cadeia que inclui a alta administração, e que, ao valorizar seus trabalhadores, faz com que eles se inclinem às necessidades dos seus clientes, elevando a experiência, produtividade e o retorno para os negócios.

No caso das empresas que buscam parceiros em BPO, com relação ao quesito ‘especialização’, é importante considerar aquelas que realmente investem no conhecimento da equipe. Além disso, devem possuir estratégias alinhadas ao digital, à transformação, e à inteligência que o mercado, hoje, requer. Mercado esse que tem passado por grandes mudanças comportamentais e de consumo, e uma companhia que souber como lidar com essas transformações, com certeza terá vantagem na corrida do sucesso. É essa a parceira que vai alavancar os resultados da sua organização. Lembrando que, a priorização por compreender o mercado local também pode garantir um bom lugar na hora de decidir qual parceiro é melhor, uma vez que o Brasil é um país de legislação peculiar e altamente complexa.

É chegada a hora da retomada da economia, e os avanços já começaram, do nosso lado, cabe compreender esse movimento e investir no nosso crescimento, sabendo que cedo ou tarde, seremos usados estrategicamente nesse ambiente.

Ankur Prakash é VP de New Growth e Emerging Markets da Wipro.