Big data: o principal agente na era das cidades inteligentes

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Sérgio Rosa, Gerente de Inteligência Geográfica da Oi

Não é mania de perseguição. Receber um cupom de desconto de uma determinada marca ao interagir com o smartphone próximo de uma loja dessa mesma marca é parte de uma estratégia de marketing traçada com base na análise de dados. Consiste na união de hábitos de consumo, relacionamento (CRM) e localização geográfica. Ao utilizar uma rede de dados móveis ou aplicativos com autorização para a captura de informações do GPS, o cliente concede a posição e permite monitorar o seu deslocamento em troca de soluções personalizadas, gerando benefícios individuais e coletivos. Para as empresas, informações como essas possibilitam aumento na taxa de retorno para cada real investido em marketing.

Com a ampliação de pessoas conectadas e o avanço das possibilidades de análise de dados, surgem metodologias e maneiras de usar o big data em pesquisas de campo sobre o comportamento dos cidadãos em uma determinada cidade. No que tange locomoção, por exemplo, esse sensoriamento permite gerar uma matriz de origem e destino para entender os problemas de congestionamento e lotação do serviço de transporte público. Informações preciosas para os setores públicos. Quanto aos hábitos de consumo, permite o envio de mensagens personalizadas que vão ao encontro do interesse de dada pessoa, ao invés do temido spam que assombra diariamente.

Se o tema mobilidade urbana é lugar comum quando se trata de geolocalização, vale avaliar como o uso do big data pode impactar no planejamento dos grandes centros. Plataformas disponíveis no mercado possibilitam, atualmente, que secretarias de desenvolvimento urbano estabeleçam prioridades. Seguindo as premissas do big data – velocidade, volume, variedade, veracidade e valor –, soluções que melhoram o dia a dia dos cidadãos podem ser entregues a partir de perguntas simples: ondes os grupos moram? Onde trabalham? Como eles se locomovem? Qual o hospital mais próximo? Insights como a definição da construção de uma nova escola surgem de questões que (in)conscientemente todos ajudam a responder com um celular em mãos, trabalhando os dados de forma agrupada e respeitando a privacidade de cada indivíduo.

São diversas as frentes de atuação no conceito de cidades inteligentes. É possível instalar sensores em postes de luz das cidades, em vagas de estacionamento, câmeras de vídeo monitoramento. Com informações precisas de cada localidade geradas por esses dispositivos e o cruzamento dos dados oriundos dos smartphones, é viável propor soluções que ajudam o dia a dia do cidadão. Com sensores pluviométricos, por exemplo, se desenvolve plano de evacuação completo e confiável para a Defesa Civil e outros órgãos competentes trabalhar preventivamente em situações de sinistro causadas por temporais. Ou seja, salvam-se vidas.

O big data também permite que secretarias de turismo consigam estimar com mais precisão a quantidade e a origem de visitantes da cidade em uma determinada época do ano. Ao considerar grandes eventos, como carnaval, réveillon, feiras e shows, informações armazenadas sobre hábitos coletivos são ativos na construção de estratégias de logística e segurança, além de otimizar recursos e auxiliar na priorização de ações de mídia para obter novos turistas. Reforçando, os dados são tratados de forma agrupada e anônima, nunca sendo individualizados. Longe de uma hipotética teoria da conspiração, como se pode ver, o big data é uma ferramenta de transformação – o principal agente na era das cidades inteligentes, sendo um forte aliado para tomada de decisões.