Coletar informações para uso em sistemas inteligentes de tomada de decisão já começa a ser uma realidade no mercado americano de agricultura. Os dois maiores eventos internacionais do setor tiveram o tema “tecnologia da informação” como destaque, em julho, no país: o International Conference on Precision Agriculture (Conferência Internacional em Agricultura de Precisão – ICPA 2014), em Sacramento, California, e o o InfoAg, em Saint Loius, Missouri. E uma questão pertinente aos dois eventos é que a tendência para o futuro da agricultura de precisão é o processamento via web, utilizando recursos das nuvens, de dados captados sobre campo, solo, clima e planta, com simulações em tempo real de cenários de plantio e produção para cada produtor.
Tanto a ICPA quanto o InfoAG acenam para um cenário futuro em que todas as informações coletadas pelas tecnologias de agricultura de precisão começam a ganhar maior consistência, relacionando diferentes dados que podem contribuir ainda mais para o gerenciamento do solo e desenvolvimento das lavouras. No ICPA, por exemplo, dois pontos foram predominantes entre as pesquisas apresentadas: novos sensores para monitoramento de cultura e do solo, com enfoque em alcançar tomada de decisão em tempo real a partir da leitura da lavoura; e novos métodos para análise e interpretação de informações obtidas ao longo do ciclo da cultura, especialmente relacionados à modelagem e geoestatística.
Já no InfoAg a questão central das discussões foi o Big Data. A grande maioria dos temas abordados relacionaram-se a aplicações de sensores em campo e exemplos de estratégias elaboradas a partir das informações obtidas. Outro ponto discutido foram as novas formas de gerenciar os principais fatores de produção para aumentar a eficiência do sistema produtivo e atender as expectativas dos produtores.
De acordo com Tiago Garzella, diretor da InCeres AgSystem, empresa de sistemas de gerenciamento em Agricultura de Precisão no Brasil, os dois eventos discutiram muito a grande quantidade de informações geradas na agricultura e as melhores formas de organizá-las e interpretá-las para que sejam cada vez mais úteis e tragam mais benefícios aos produtores. “Hoje, mesmo aqui no Brasil, sabemos que acumulamos uma quantidade de informações bem maior do que podemos processar. Tanto lá quanto aqui já existe a convicção de que os sistemas de informação precisam estar preparados para não apenas acumular e organizar dados, mas auxiliar o usuário a identificar as informações mais importantes e utilizá-las para aumentar a eficiência do processo produtivo”. Garzella foi o único brasileiro a representar o setor de serviços em agricultura de precisão nos eventos americanos.
No Brasil, apesar de os agricultores brasileiros conhecerem os benefícios da agricultura de precisão, como aumento da produtividade e retorno econômico, ainda há uma grande parcela deles que acredita que a tecnologia é para os grandes. “Hoje o mercado já conta com sistemas em que o produtor pode processar os seus dados sozinho, através de sistemas fáceis de usar e com recursos avançados. Começamos a ver produtores com 2 hectares adquirindo sistemas para processar ele mesmo seus dados e gerar suas recomendações. Estamos passando por uma transformação no uso das informações do campo”, concluiu Garzella.