Por Marcela Flores, Diretora Executiva da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI)
O Brasil subiu cinco posições no Índice Global de Inovação (IGI), levantamento anual que avalia 132 países, de acordo com uma série de indicadores relacionados à inovação. Porém, apesar de aparecermos no 57º lugar este ano, o país ainda encontra-se com dez posições a menos do que a ocupada há uma década. Isso porque, estagnamos em uma zona próxima ao 60º lugar, com movimentações mínimas que mostram que as mudanças que implementamos como nação não são rápidas e suficientes para ultrapassarmos outros países do mundo.
São muitas as iniciativas necessárias para melhoria do posicionamento do Brasil, como a criação de um plano de país e não de governo, a promoção de uma agenda efetiva de melhoria do ambiente de negócios, investimentos em infraestrutura de pesquisa aberta e de larga escala, capacitação da mão de obra em tecnologia, construção de uma economia mais aberta e internacionalizada.
Vale lembrar que algumas ações importantes já foram tomadas recentemente, como a liberação dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que pode impactar positivamente o posicionamento brasileiro no próximo ranking global. Portanto, é imprescindível garantir que o orçamento aprovado do Fundo seja, de fato, realizado, principalmente no que diz respeito aos recursos não reembolsáveis. Reforço, ainda, que o país pode melhorar seu posicionamento se potencializar o apoio às empresas que promovem inovação, otimizar políticas públicas, bem como fazer um melhor uso dos recursos financeiros e humanos.
Levando em consideração que o IGI traz um balanço comparativo entre países, é uma boa estratégia intensificar, cada vez mais, a aplicação das tecnologias nos setores de soberania. A agricultura sustentável e os recursos naturais para energia limpa e acessível têm potencial para solucionar desafios mundiais relacionados à fome e ao clima. No entanto, para conseguirmos um crescimento progressivo no futuro, o Brasil precisa acelerar o passo das mudanças para o crescimento da inovação em todos os setores.
Análise classificatória global
Em uma avaliação detalhada das classificações, dentre 81 indicadores, os que o Brasil apresentou melhor resultado, sendo estas consideradas “forças”, estão voltadas à “escala do mercado interno” – mantendo a oitava posição ao qual ocupa desde 2019 -, “Gastos com educação em percentual do Produto Interno Bruto (PIB)”, “Valores pagos por uso de Propriedade Intelectual em percentual do comércio total”, “Participação eletrônica” e “Serviços governamentais online”.
As pontuações mais baixas foram apuradas nos indicativos de “Formação bruta de capital” (116ª colocação, em 2020, frente à 115ª, em 2019), que, em conjunto com a piora no “Índice de produção de energia”, resultou em uma baixa classificação voltada à “Infraestrutura geral” (saímos do 102º lugar, em 2019, para a 107ª, no ano passado). Além disso, outros critérios que continuam preocupando bastante estão voltados à “Facilidade para abrir uma empresa”, à “Mobilidade de estudantes no ensino superior” e ao “Crédito” – métrica puxada pela queda expressiva na “Facilidade de obtenção de crédito”, que passou da 87ª posição para a 94ª, de 2019 para 2020.
Basicamente, nos últimos dez anos, todo o movimento dos países do BRICs – agrupamento formado por Brasil, Rússia, Índia e China -, foi relevante, com exceção do Brasil. Para se ter ideia, a Índia saiu da 62ª colocação para a 46ª, em 2021. Já a Rússia, foi do 56º lugar para o 45º lugar. E, no caso da China, o país saiu da 29ª posição para a 12ª posição.
Neste mesmo período, outros países, apesar de estarem em posições baixas anteriormente, tiveram um crescimento progressivo representativo, como as Filipinas, que foi do 91º lugar para o 51º lugar; a Turquia, saindo da 65ª colocação para a 41ª colocação; e, por fim, o Vietnã, que se encontra no 44º lugar (anteriormente, o país ocupava a 51º lugar).