A edição mais recente do estudo “Maturidade do processo de gestão de riscos no Brasil” realizado pela KPMG concluiu que houve um avanço sobre o tema nas empresas em comparação com a primeira versão publicada dois anos atrás. Considerando uma escala de cinco níveis de maturidade – fraco, sustentável, maduro, integrado e avançado – foi observada uma redução da quantidade de empresas com classificação abaixo de maduro, passando de 56% para 45%. Já o nível maduro permaneceu estável em 40% e houve um incremento de 5% e 6% nos níveis de maior maturidade, respectivamente. O levantamento foi conduzido, entre janeiro e março deste ano, por meio de uma plataforma web com a participação de respondentes em diferentes posições, incluindo executivos, membros de conselhos e comitês de 21 setores da economia brasileira.
“Apesar da elevação da maturidade sobre o assunto, é possível concluir que ainda existe uma grande parcela que não aderiu ao modelo esperado pela gestão de riscos, visando essa função como ferramenta de gestão, conforme indicam as boas práticas de mercado”, analisa o sócio de gestão de riscos e crise da KPMG, Luis Navarro.
Entre os cinco riscos que mais afetam as empresas, os principais continuam sendo o regulatório e o operacional representados por 64%. Completando a lista estão aqueles associados à execução de estratégia de negócios (passando de 31% para 42% ao se comparar com a primeira edição), relacionados às mudanças nas políticas governamentais sobre o setor que subiu no ranking apresentando agora 42% (em substituição aos riscos de tecnologia da informação, apontado nessa edição com 29% que deixou de fazer parte da lista prioritária). Em quinto lugar, estão os riscos de condições econômicas e de mercado que aumentaram de 30% para 33%.
“As empresas com o maior crescimento identificam oportunidades em situações que as demais veem como ameaças ou são ágeis enquanto outras não percebem as mudanças e disrupções a tempo de se adaptarem. Nesse cenário, quando entendido o verdadeiro conceito de risco, ou seja, o efeito da incerteza na consecução dos objetivos da empresa, o gerenciamento dos riscos passa a ser uma ferramenta poderosa para se destacar em meio ao mercado altamente competitivo que o Brasil está inserido”, afirma.
Ausência de uma cultura de gestão de riscos é o principal obstáculo:
Quando questionados sobre os principais obstáculos para implementação da gestão de riscos, a ausência de cultura sobre o tema se manteve como a mais apontada nas duas edições do levantamento passando de 65% para 67%; em segundo, falta de clareza em relação aos benefícios potenciais passando de 52% para 59%; e em terceiro, existência de outras prioridades se mantendo estável com 56%.
O estudo mostrou ainda que os principais fatores que influenciam as empresas na implementação da gestão de risco também sofreram poucas alterações. Entre eles, os principais são: desejo de reduzir a exposição ao risco em toda a empresa; melhorias nas práticas de governança corporativa e a necessidade de atendimento a requisitos regulatórios, motivador para a implementação da gestão de riscos que se destacou no ranking apenas na segunda edição.
De acordo com o Navarro, ao implementar um processo de gestão de riscos robusto, as empresas têm a oportunidade de se antecipar à perdas ou, caso estas sejam inevitáveis, prever a melhor estratégia de retomada.
“Um exemplo prático é o que estamos vivenciando agora. As empresas que já haviam investido em uma estrutura que possibilite o trabalho remoto tiveram vantagem neste período de isolamento, enquanto as demais atrasaram processos ou foram forçadas a se adequar ao ambiente remoto sem tempo hábil para estabelecer requisitos de segurança e medidas de proteção às redes corporativas para a atuação dos colaboradores”, esclarece.
Transporte, viagem e turismo lideram com 46%
Dos 21 setores pesquisados, 15 estão no nível maduro como transporte, viagem e turismo liderando com 46%. Em segundo, estão logística e distribuição com 43% seguidas por energia, recursos naturais e saneamento com 42%.
Já no segundo nível considerado fraco, estão seis segmentos liderados por educação (47%), entretenimento, mídia e editorial (46%) e varejo (43%). Por último estão terceirização com 40%, agronegócio com 38% e alimentos e bebidas com 32%.
Sobre a pesquisa:
A segunda edição da pesquisa “Maturidade do processo de gestão de riscos no Brasil” buscou entender o quanto as empresas estão preparadas para os desafios da nova realidade e comparar as mudanças observadas nesse processo ao longo do período de dois anos.
Foram contempladas 24 perguntas com foco nos sete elementos da metodologia de gestão de riscos da KPMG que considerou uma escala com cinco níveis: fraco, sustentável, maduro, integrado e avançado. Entre os entrevistados, 43% são executivos ou membros de conselhos e comitês, um aumento de 6% em relação à primeira edição da pesquisa.