As startups que se destacam em meio à crise

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Em meio a uma grave recessão econômica que, ao que tudo indica, deve permanecer em 2016, o Brasil parece hoje um país arisco à inovação, e a novos investimentos. Felizmente, no entanto, esta é uma realidade distante do mercado de tecnologia, no qual o contínuo crescimento da base de usuários de internet, do consumo online e do número de aportes financeiros vêm impulsionando cada vez mais o desempenho de startups promissoras.

Na visão de Anderson Thees, sócio do fundo brasileiro de capital de risco Redpoint eventures, este é um movimento que deve se manter. “O Brasil possui hoje somente metade de sua população conectada à Internet. Ao mesmo tempo em que essas pessoas vão consumir cada vez mais utilizando as ferramentas digitais, a outra metade dos brasileiros irá, gradualmente, acessar a rede nos próximos anos”, explica. Thees lembra que o e-commerce e os serviços via web vêm crescendo cerca de 20% ao ano e que o Brasil já é hoje o quinto maior mercado de internet móvel no mundo.

Desde 2010, a América Latina como um todo presenciou um aumento de 800% no montante de investimentos de venture capital (capital de risco) em startups, totalizando hoje cerca de US$ 650 milhões. Somente neste ano, no Brasil, os investimentos já superaram a marca de US$ 150 milhões, um número ainda mais expressivo se levada em consideração a grande valorização cambial em 2015.

Tamanho resultado vem impulsionando o crescimento das empresas em estágio inicial. Um bom exemplo é a Viajanet. A empresa focada na venda on-line de passagens aumentou seu faturamento em 40% em relação a 2014. Este aumento foi possível graças ao crescimento da procura por passagens internacionais, resultado de várias promoções das empresas aéreas.

“Mesmo com o aumento do dólar, o preço médio em reais ficou cerca de 30% mais barato em alguns trechos para os Estados Unidos, gerando demanda em plena crise. Chegamos a mais que dobrar nossa venda de passagens aéreas internacionais”, diz Alex Todres, um dos fundadores da Viajanet.

Situação parecida ocorre com a Minuto Seguros. A corretora especializada na venda de seguros pela internet vem aproveitando a grande procura de apólices para carros usados, que bate recordes mensais consecutivos. A empresa explora um mercado que ainda tem muito a oferecer. De acordo com o órgão regulador SUSEP e estatísticas da Fenabrave e Anfavea, no Brasil só 15 milhões de veículos, do total de 45 milhões, são segurados.

“Do lançamento do site, em dezembro de 2011, até hoje, a empresa vem dobrando de tamanho a cada ano. Esperamos chegar ao fim de 2016 com mais 100 pessoas na operação, além dos 300 que temos atualmente”, diz o CEO da empresa, Marcelo Blay. A meta para 2015 é ampliar o volume de vendas em 100%.

Mas, talvez, o caso mais emblemático da pujança deste mercado seja o da PSafe. De 2014 para 2015, a companhia praticamente dobrou o número de downloads de seu aplicativo PSafe Total Android, atingindo a marca de 52 milhões de apps baixados. Neste período, a empresa atingiu ainda o valor de mercado de R$ 1 bilhão, sendo a primeira empresa de mobile app da América Latina a bater tal cifra. Em breve, a expansão também será geográfica, com a abertura de um escritório no México.

“Para a PSafe, internet rápida e segura é um bem público, similar à água potável e à energia, e direito do cidadão. Por isso, estamos desenvolvendo um projeto que envolve a instalação de redes seguras e gratuitas de Wi-Fi em estabelecimentos e transportes habilitados, chamado SafeWifi. Atualmente, a iniciativa já está disponível em mais de 500 bares e restaurantes de São Paulo e em fase piloto em 250 táxis na capital paulista. A expectativa é ampliar o escopo do projeto para o Rio de Janeiro e para outras capitais brasileiras em 2016”, conta Marco DeMello, CEO da PSafe.