Em meio ao cenário de forte aceleração do uso de Inteligência Artificial, tecnologias cognitivas e automação, o mercado de trabalho não para de evoluir. Essas questões, atreladas à força de trabalho e ao novo ritmo dentro das empresas, mostram que as organizações ainda precisam se preparar para enfrentar a necessidade de aperfeiçoamento de seus funcionários com novas habilidades e adaptações. Em seu relatório global “Tendências Globais de Capital Humano de 2019 — Liderando a empresa social: reinvente com um foco humano”, a Deloitte examina as crescentes expectativas que essa nova ordem traz e a necessidade das empresas de irem além das declarações de missão e propósito para aprender a liderar e buscar um novo significado e importância para o trabalho.
A pesquisa global, realizada anualmente pela Deloitte, contou com a participação de mais de 10 mil líderes de Negócios e de Recursos Humanos em 119 países. No caso da amostra nacional, o estudo contou com 194 respondentes, de diferentes setores da Indústria. O relatório foi dividido em três categorias: a primeira trata do futuro da força de trabalho. A segunda se refere ao futuro das organizações e como equipes, redes e novas abordagens estão impulsionando o desempenho dos negócios. E a terceira diz respeito ao futuro do RH: como a função está se aproximando do desafio de redesenhar seus recursos, tecnologias e foco para liderar a transformação em toda a empresa.
“O levantamento demonstra que 96% dos respondentes brasileiros apontam a aprendizagem como a tendência mais importante da pesquisa. Globalmente, esse dado foi de 86%. Essa principal tendência reforça que ainda precisamos avançar muito em questões relacionadas à capacitação e qualificação para preparar profissionais que consigam aliar produtividade às habilidades requeridas em um meio cada vez mais digital , em que tecnologias vêm trazendo mudanças bastante disruptivas”, destaca Roberta Yoshida, sócia-líder da Consultoria em Gestão de Capital Humano da Deloitte Brasil.
No Brasil, as duas outras tendências que se destacaram foram a Experiência do Empregado, com 92% e Liderança, com 94% das respostas classificadas como “importante ou muito importante”. No mundo, os números foram de 84% e 80%, respectivamente. “O que revela que, de forma, geral, a ordem de importância dos tópicos das amostras global e nacional ficaram bem semelhantes, embora as tendências tenham mudado de um ano para o outro”, avalia Yoshida. Na edição anterior, os top 3 do ranking foram ‘a sinfônica C-Suíte, dados sobre pessoas e de carreiras para experiências’.
Além destas, compõem a lista deste ano as seguintes tendências: mobilidade de talentos, tecnologias de RH em nuvem, acessando talentos, recompensas para funcionários, redesenho de RH, equipes e mão-de-obra alternativa.
No entanto, um dado alarmante é que as empresas estão menos de 50% preparadas para lidar com as tendências que consideraram importantes. Em relação aos principais “gaps” ou dificuldades de implementação, o relatório mostra que no Brasil as tecnologias de RH e questões relacionadas à liderança, mesmo sendo apontadas como muito relevantes, são as tendências que precisam ser mais aprimoradas.
“As empresas estão se adaptando e ainda não se sentem totalmente preparadas para esta nova ordem, mas já estão se movimentando com iniciativas estruturadas de curto a longo prazo, visando o futuro. Desenvolver líderes de forma diferente, frente às novas pressões para mover-se mais rápido e adaptar-se à diversidade é ainda um desafio que se apresenta às organizações”, frisa a executiva.
O relatório de Human Capital Trends deste ano mostra, ainda, que liderar uma empresa social vai além do lucro; o objetivo deve estar voltado também para o bem-estar e desenvolvimento de seus trabalhadores e clientes, bem como desenvolver uma boa relação com a comunidade na qual está inserida.
“Os fatores externos, tais como desigualdade de renda, salários e o papel social estão cada dia mais impactando as atividades dentro das empresas e a vida dos funcionários. A Quarta Revolução Industrial está trazendo uma ruptura no cenário político, econômico e social que mostra a mudança na relação dentro das organizações, com o crescimento das novas tecnologias”, aponta Yoshida.
A pesquisa traz cinco princípios para a reinvenção da empresa social:
· Propósito e significado: dar à organização e aos funcionários um propósito para trabalho;
· Ética e justiça: usar dados, novas tecnologias e sistemas de maneira ética e confiável;
· Crescimento e paixão: projetar empregos, trabalho e missões organizacionais para nutrir paixões e senso de crescimento pessoal;
· Colaboração e relações pessoais: construir e desenvolver esquipes com foco em relacionamento pessoal;
· Transparência e abertura: compartilhar informações abertamente e discutir desafios e erros com entre a equipe.
Metodologia e amostra
Para a realização da pesquisa, foram ouvidos mais de 10 mil líderes negócios e de Recursos Humanos 119 países. Foram 194 respondentes no Brasil, de diferentes setores da Indústria, entre eles os de Bens de Consumo (19%), Serviços (17%), Energia e Recursos Naturais (22%) e Tecnologia, Mídia e Telecom (7%), Serviços Financeiros (8%), Setor Público (2%) Saúde (4%) e outros (21%). A América Latina e América do Sul foram as regiões com o maior número de respondentes (25%).