Mapeamento realizado pela Associação Brasileira de Startups mostra que a presença das mulheres no mercado tecnológico ainda evolui de forma tímida
Com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento de comunidades de startups pelo Brasil, estimular o crescimento dos ecossistemas que possuem menor visibilidade e conhecer melhor os desafios que as startups do país enfrentam neste momento, a Associação Brasileira de Startups, entidade sem fins lucrativos que promove o ecossistema brasileiro de startups em parceria com a Deloitte, lançou o mais recente Mapeamento do Ecossistema de Startups. O documento é referente ao ecossistema atuante no ano de 2022.
A Associação fez um trabalho de campo entre os meses de setembro e outubro deste ano, e, assim como em 2021, a diversidade ganhou destaque nas análises.
De acordo com o levantamento, 60% das startups acreditam que é muito importante apoiar a diversidade e 24% das startups acreditam que é importante apoiar a diversidade. Apesar disso, apenas 27% das startups alegam ter alguma ação ou processo seletivo com políticas afirmativas para construir times mais diversos. No entanto, esse número já representa um avanço, ainda que tímido, com relação ao ano passado, quando essa porcentagem era de 25%.
Essas pequenas mudanças também foram vistas no quadro de colaboradores das startups: ano passado o número de startups com mulheres no time era de 80,9%, já em 2022 esse número subiu para 83,20%.
Outro dado trazido pelo mapeamento é que os fundadores que se autodeclaram brancos são maioria (72%); seguidos por pardos (17,1%), enquanto os que se identificam como negros são 5,6%; amarelos 1,8% e índigenas 0,1%. Ainda sobre o perfil dos founders, 92% se autodeclara heterossexual, enquanto 2,5% são homossexuais e 1,8% bissexuais.
Por fim, o estudo ainda aponta que há pouco incentivo para as minorias começarem um empreendimento, já que 72,3% têm negócios fundados por homens e 19,7% por mulheres. As idades dos empreendedores variam entre 28 e 42 anos (56,9%); 43 e 57 anos (30,3%); e 58 a 77 anos (4,6%).
“Notamos que a composição inicial das startups participantes ainda indica uma falta de diversidade dentro do grupo de fundadores. Uma razão para isso é que as mulheres e a população negra, por exemplo, ainda são consideradas minoria em profissões relacionadas à ciência, tecnologia e à matemática, o que pode sugerir a falta de políticas mais inclusivas e que incentivem uma mudança mais profunda. Isso acaba refletindo no ambiente em que são criadas as startups, empresas inovadoras que têm tecnologia como base”, comenta Ingrid Barth, presidente eleita da Abstartups.
No entanto, é importante que as startups voltem os olhares para isso, não só por decisões estratégicas, mas porque a diversidade tem um papel importante na resolução de problemas. “Times mais diversos significam experiências diferentes de vivências, formas diferentes de encarar o mundo, nesses olhares podemos encontrar novas formas de resolver problemas e novas ideias, resultando também em indicadores financeiros comprovadamente positivos quando temos mais diversidade”.