No dia 1 de fevereiro iniciou-se a primeira fase do Open Banking no Brasil, que contempla informações padronizadas das instituições financeiras no país. O assunto, que foi bastante repercutido, ainda é cercado de dúvidas, afinal, como isso funcionará efetivamente para a população, que está na ponta deste serviço? Com base nessas questões, Rogerio Melfi, Coordenador do GT de Open Banking da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) explicou cada detalhe desse que é um dos passos mais importantes para democratizar o sistema financeiro.
1) Qual a primeira fase do Open Banking?
Acesso ao compartilhamento de informações de forma padronizada, tais como: geolocalização dos pontos de atendimentos do bancos (agências e caixas eletrônicos), quais os serviços que o correntista ou usuário pode realizar neste local (pagamento de conta, saque de dinheiro, TED, DOC), bem como a tarifa que é praticada por canal, por exemplo.
2) O que muda?
A partir de agora é muito mais fácil criar um comparador de preços e identificar quanto custa os serviços de conta de uma instituição. Antes nós tínhamos uma “média” de valores que eram praticados nas tarifas. Agora, com o compartilhamento do Open Banking, conseguimos identificar quanto realmente cada banco cobra pelo serviço.
3) Em que passo estamos?
Atualmente, existem grupos de trabalho – de auto regulação – atuando fortemente nas especificações da segunda fase de implantação, que está quase pronta. Além disso, há uma outra equipe trabalhando na terceira fase, que terá a especificação entregue em abril. A partir da validação dessas fases, teremos a implementação da segunda fase do Open Banking, da terceira fase e, por fim, a quarta fase, em dezembro.
4) Quais são as fases seguintes do Open Banking?
2º fase: o compartilhamento de dados privados dos usuários, terá como ponto forte o início da movimentação para o consentimento dos usuários, somente com consentimento que a instituição terá acesso às informações. Aqui entram informações como: extrato, informações de conta como saldo e extrato, dados cadastrais como nome e endereços, informações dos produtos de crédito (financiamento de veículo, imóvel) contratados naquela instituição.
3º fase: compartilhamento de serviços, tais como pagamentos e encaminhamentos e propostas de crédito. Nesta fase será possível, por meio de um aplicativo, realizar pagamentos de uma forma diferente, por exemplo, a pessoa poderá pagar sua conta de água ou luz, usando o saldo de uma conta, a partir do app de qualquer banco no qual for correntista. Vale ressaltar que essas movimentações só serão possíveis com o consentimento dos usuários.
4º Fase: Aqui o escopo é mais amplo. Conforme a resolução conjunta, nesta fase será incluída a entrada de produtos de câmbio, seguro e previdência privada, dentre tantos outros serviços que são contratados por meio dos bancos. Então, por exemplo, se uma pessoa contratou um seguro pelo seu banco, esta informação passa a ser “compartilhável” por meio do Open Banking com uma outra instituição.
5) E as fintechs, como elas se encaixam nisso?
Existe um vasto e novo mercado em atuação. Atualmente, um terço da população é desbancarizada, ou seja, não possuem ligação com um banco comercial. Quando pensamos nisso é fácil identificar um grande espaço de expansão para bancos e fintechs, ganharem mercado, certo?
Porém, para além desta parcela da população, há os bancarizados, ou seja, aqueles que usam o sistema financeiro, que também permitem um grande crescimento de mercado. Para esses, o Open Banking é um grande fermento, que deixará o “bolo” – o sistema financeiro – ainda maior. De modo geral, é possível que todos cresçam muito mais em parcerias do que disputas.
6) E como as fintechs podem ajudar as pessoas e o próprio banco?
A colaboração entre fintechs e bancos é super bem-vinda no Open Banking. Isso porque as fintechs possuem uma capacidade de serem mais segmentadas e especializadas em um público específico. Neste sentido, elas podem entender melhor a dor dos usuários e aplicarem uma solução específica para esse público a partir de um banco.
Por exemplo, temos uma fintech X, especializada em Pequenas e Médias Empresas (PMEs), ou seja, voltada para empreendedores. A partir do momento que um banco usa um serviço deles, pode começar a trabalhar com vários produtos dentro deste segmento. Para a fintech essa é a oportunidade de se posicionar como um canal eficiente de distribuição.
Mas os bancos já não possuem isso? Sim, mas o padrão é atender “quase todo mundo” da mesma maneira (mesmo app, mesmo site, mesmo 0800). A fintech dialoga melhor por segmento e entende com mais profundidade cada público. Logo, a parceria é benéfica para ambos os lados.
Maior evento de fintechs irá discutir os próximos passos do Open Banking
A Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) realizará mais uma edição do Fintouch, maior evento no calendário da entidade e o maior do Brasil focado em fintechs. A programação contará com a participação de nomes de referência nacionais e internacionais do ecossistema de inovação e serviços financeiros. O encontro acontece nos dias 15 e 16 de abril, das 9h às 18h, pela primeira vez de forma totalmente online.
Mantendo a excelência dos conteúdos, extremamente relevantes para o segmento, o evento abordará assuntos como: Tokenização de Ativos; Identidade Digital para Fintechs; Serviços e Produtos para Desbancarizados; AgFintechs: Regulação, Crédito de Carbono, Empresas ESGs; dentre outros. Além do painel sobre o Open Banking a partir da visão do Banco Central, que contará com a participação de Rogerio Melfi (ABFintechs), Diogo José Sousa da Silva (Banco Central), Ingrid Barth (ABFintechs) e Thiago Alvarez (ABCD/ Guia Bolso). Para saber mais acesse: https://www.abfintechs.com.br/fintouch.