A “revolução maker” chega à educação

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Dentre tantas novidades para tornar o aprendizado mais lúdico e interativo, vem despontando no Brasil uma nova tendência educacional: o uso das impressoras 3D e a construção de “espaços makers” nas escolas – os também chamados “Fab Labs” (laboratórios colaborativos de fabricação digital). Segundo estudo da Jupiter Research, estima-se que, em 2018, a popularização dessas ferramentas ultrapasse 1 milhão de usuários no mundo.

Esta proposta inovadora, inspirada no “movimento maker” – que tem como base a cultura do “faça você mesmo e aprenda” –, pressupõe que qualquer pessoa pode construir, modificar e fabricar de tudo com as próprias mãos. Na “educação maker”, por meio da prototipagem, por exemplo, o aluno idealiza o que quer projetar, faz a impressão, corrige uma peça que não se encaixa e vê a sua ideia concretizada.

“O modelo de aula ‘tradicional’ não atrai mais os alunos. A metodologia do 3D, que está pautada no conceito de tecnologia, diversão e aprendizado, engaja e promove uma nova interação professor-aluno, em que os estudantes tornam-se os protagonistas da aprendizagem”, observa André Skortzaru, cofundador da 3D Criar, uma start-up brasileira que tem a missão de massificar o uso da impressão 3D e Fabricação Digital em prol da qualidade do ensino.

Ao invés de palitos, argila ou massinha para exemplificar assuntos em sala de aula, os professores ganham novos recursos e aderem à fabricação digital. Com a modelagem e impressão 3D, é possível criar, de forma lúdica, objetos de aprendizagem com diferentes tamanhos e geometrias, das mais simples até as mais complexas. Difundido no Brasil nos últimos anos, esse recurso tecnológico já está presente em escolas que primam pela autonomia, criatividade e espírito colaborativo dos seus alunos.

Por meio dos protótipos tridimensionais, professores e alunos conseguem sair da teoria das disciplinas ao “materializar as aulas”. Imagine que um professor de biologia recorra a um protótipo minucioso feito por seus próprios alunos em sala de aula, para explicar as funcionalidades do corpo humano, que é tão rico em detalhes? Ou que, para entender como as pirâmides Maias foram construídas, os estudantes produzam uma maquete que retrate com fidelidade as estruturas físicas daquele lugar e aprendam trigonometria? Ou, ainda, para estudar matemática e física simultaneamente, os jovens tenham que elaborar um protótipo de um carrinho tridimensional? Graças ao avanço da tecnologia na educação, isso já é uma realidade!

“O contato que o aluno tem hoje com o 3D pode ser decisivo para algumas profissões como engenharia, design, arquitetura e gerenciamento de projetos; e, em outras em que esse recurso não pode ser aplicado essencialmente, esse manuseio ainda no período escolar também se faz importante, uma vez que estimula a criatividade, o raciocínio lógico, a divisão de tarefas, a interdisciplinaridade, o espírito crítico, entre outras competências exigidas dos alunos no século 21 e necessárias para o mercado de trabalho. Os jovens estão cada dia mais tornando-se líderes do seu processo de aprendizagem, o que seguramente fará com que estejam preparados para profissões que nem sabemos que existirão no futuro”, aponta Rafael Lopes, um dos idealizadores e responsável pelo núcleo digital do SmartLab – uma plataforma integradora de conteúdos educacionais que, recentemente, incorporou em sua solução o “espaço maker”.

Espaço maker e design thinking

O ambiente maker promove uma aprendizagem mais interativa, a partir do momento em que os docentes estimulam seus alunos a se envolverem e compartilharem, em grupos, as inúmeras possibilidades de objetos que podem ser feitos com o 3D. Essa metodologia de abordagem de problemas que visa encontrar uma solução coletiva satisfatória chama-se “Design Thinking”, e na educação esse método vem ganhando muitos adeptos, pois incentiva alunos ao processo de criação que envolve erros e acertos.

Os benefícios da prototipagem na educação são inúmeros: aulas mais engajadoras e criativas, onde todos participam e sugerem; alunos mais preparados para o mercado de trabalho – uma vez que estão expostos às mesmas tecnologias de ponta que eles irão encontrar em suas carreiras -, dentre outros ganhos.

Com base nessa realidade, gestores das instituições de ensino estão considerando a adoção dessas tecnologias para estimular o trabalho em equipe, o pensamento crítico, a criatividade e os conceitos inerentes ao design thinking nos alunos. “Cada vez mais, a comunidade escolar percebe os ganhos educacionais da prototipagem e impressão 3D, que vai além da ludicidade. Com um custo acessível e fácil de manusear, fica evidente a contribuição dessa tecnologia para o desenvolvimento de habilidades e melhorias no processo de aprendizado dos alunos”, conclui André Skortzaru.