Por Felipe Paoletti, diretor de vendas na Hitachi Vantara
Após muitas conversas, leituras e reflexões, notei que os impactos da adaptação tecnológica foram sentidos em diversos setores, mas cada um precisou lidar de formas diferentes a essas mudanças. O agronegócio provavelmente sentiu menos as consequências do que os bancos e serviços de telecomunicações. E todos os setores que a tecnologia já faz parte do negócio, tiveram que se reinventar completamente.
E para atender essas demandas, as empresas precisaram investir em uma boa Infraestrutura de facilities. Dessa forma, com um ou mais data centers, foi possível manter o negócio em funcionamento ininterrupto. Entendo que se um serviço essencial ficar parado por horas, devido a uma falha no sistema, isso pode significar perdas de faturamento na casa dos milhões. Um backup de armazenamento de dados resolveria isso em poucos segundos, evitando que as operações ficassem fora do ar, ou, inclusive, que ocorressem sequestros de dados.
Uma pesquisa produzida pela Trend Micro, revelou que o Brasil é o segundo país que mais sofre com sequestro de dados, com 10,64% dos casos globais e mais de 694 milhões de ameaças de e-mail. É uma preocupação diária, afinal, o banco de dados é o cofre de informações de uma empresa.
Com tantos ataques, as companhias entenderam que a infraestrutura de tecnologia é indispensável, mas enfrentam muitos desafios para conseguir chegar a um equilíbrio, já que muitas vezes as empresas possuem diversos periféricos para fazer a intercomunicação das operações. Lidar com as diversas opções de infraestrutura de storage gera uma certa complexidade. Neste caso, é necessário ter uma equipe qualificada e treinada com todos os requisitos de governança para apontar e corrigir falhas.
Esse equilíbrio deve permear entre a cloud e o data center. Lembro que anos atrás, quando a cloud foi vista com mais atenção, as empresas quiseram migrar 100% para a nuvem, e ao longo do tempo viram que essa não era exatamente uma boa ideia. A latência, por exemplo, faz toda a diferença quando a empresa depende de um link robusto para atender a grandes distâncias. É necessário repensar a infraestrutura, porque não se trata somente de ter tudo dentro de casa, ou tudo na nuvem.
Outro estudo interessante que li foi do Gartner, apontando que até 2025, 90% das empresas terão um arquiteto de soluções totalmente dedicado à automatização avançada da gestão, contra menos de 20% hoje. Percebo que a grande chave para extrair a melhor informação desses ativos corporativos que são os dados, está no equilíbrio entre a exploração dessas informações com as ferramentas adequadas, a disponibilidade, o armazenamento correto com garantia de segurança e governança, e finalmente, o acesso a esses dados a qualquer momento.
Alguns setores dependem o tempo todo da disponibilidade dos dados, como o setor aéreo e de aluguel de carros, por exemplo. Empresas desse nicho estudam dia e noite o comportamento do mercado para saber qual é o melhor momento para lançar um novo serviço ou fazer uma promoção. Para eles, a infraestrutura precisa ser adequada para responder a essa enorme demanda por dados.
A área da saúde é outro exemplo de setor que trabalha permanentemente com o recebimento, manuseamento e armazenamento de dados. Atualmente possuem todos os dados online e digitalizados, e os KPIs são analisados constantemente para que sejam adotadas estratégias mais eficazes.
Além de toda essa preocupação com a disponibilidade dos dados, outro ponto de atenção é a LGPD, que entrará em vigor somente em 2021, mas já precisa ter efetividade a partir de agora. O Comitê Central de Governança de Dados do Governo lançou o Guia de Boas Práticas (LGPD), a fim de promover a transformação cultural para adequação à lei. Essa transformação visa considerar e promover o respeito à privacidade de dados pessoais desde a concepção do serviço ou produto até a execução, por meio de ações de conscientização.
É necessário ter atenção e preparo quando o assunto envolve dados pessoais. O mundo digital precisa de mais transparência. Por isso, as empresas devem mapear e identificar onde todos esses dados estão, para poder garantir ao usuário que eles estão bem guardados. O primeiro passo está em repensar os processos, começando por quais são os canais de comunicação usados e como a empresa se relaciona com o cliente. Com essas informações é possível montar um diagrama com todos os passos, e mapear as brechas de segurança que possam existir dentro do processo ou da empresa, seja ela pública ou privada.