Por Lucas Medola, CFO do PayPal Latam
Atualmente, fala-se muito sobre capitalismo consciente e seus benefícios. Porém, em muitos casos, não vai além de um simples tópico de discussão. No meu caso, esse item chamou minha atenção há vários anos e considero muito importante aumentar a conscientização sobre o assunto. Se tivéssemos de defini-lo, o capitalismo consciente pode ser descrito como uma forma de capitalismo que promove o potencial de os negócios terem um impacto positivo no mundo. São, em poucas palavras, empresas conscientes, motivadas por propósitos superiores que atendem à comunidade.
De fato, fico feliz em ver que, hoje, muitas empresas no mundo aderiram a esse movimento de negócios que está se mostrando inspirador e gerando resultados comerciais significativos. Isso também se deve a empresários e executivos que adotaram uma nova atitude e que estão começando a liderar com mais paixão, propósito e com a convicção de que as organizações focadas em seus valores podem contribuir, de forma muito mais abrangente, para o mundo e a humanidade. A realidade é que o capitalismo, embora muita gente ainda não enxergue dessa forma, pode, sim, ser um impulso para o bem econômico e social.
É fascinante ver como esses novos “capitalistas conscientes” entendem que as empresas devem existir por razões que vão muito além do lucro. Não é maravilhoso e esperançoso? Finalmente, alguns trabalham por mais do que dinheiro! A grande vantagem é que, quando você tem um objetivo, também obtém clientes, funcionários e acionistas mais comprometidos, e isso incentiva a criatividade e a lealdade, exatamente o que todas as empresas procuram e precisam.
Como em qualquer projeto, precisamos estudar o conceito e suas melhores práticas. Podemos nos fazer perguntas, como “por que esse negócio começou?”; “o que nos motiva todos os dias?”; “qual o nosso valor agregado?”; “que impacto temos sobre nossos clientes e pessoas?”.
Além disso, devemos seguir os quatro princípios a seguir, que regem esse conceito:
Propósito superior. Como mencionei anteriormente, um negócio que adere aos princípios do “capitalismo consciente” se concentra em um objetivo que vai além do lucro. Esse item é fundamental.
Inclua todas as partes interessadas. Uma empresa consciente se concentrará em todo o ecossistema de negócios para criar e otimizar valor para seus clientes, funcionários, fornecedores, parceiros etc.
Aposte na liderança consciente. Os líderes conscientes se concentram em pensar em “nós” para conduzir os negócios e, assim, cultivar uma cultura de capitalismo consciente na empresa. Como líderes, devemos assumir que, quando os funcionários que têm consciência social veem que a empresa em que trabalham é movida por mais do que dinheiro, fica mais fácil para eles se sentirem identificados com os pilares da companhia. Dessa forma, se tornam defensores e embaixadores da marca – e acabam por divulgar, genuinamente, as ações da empresa para fazer diferença no mundo.
Invista na cultura consciente. A cultura corporativa é a soma de valores e princípios que constituem uma espécie de “índice moral” de uma empresa. Ela promove um espírito de confiança e cooperação. Empresas com objetivos baseados no capitalismo consciente criam negócios mais éticos, honrosos e generosos. E isso significa, em síntese, um ecossistema muito positivo e energizante para todos os funcionários, um ambiente repleto de pessoas com o mesmo objetivo, fortes convicções e desejo de melhorar a sociedade. Esse ambiente, claramente, só pode nos levar a melhores resultados.
A realidade é que o sucesso de uma empresa capitalista consciente não acontecerá da noite para o dia. É trabalho que leva tempo e exige esforço, paciência e persistência, mas os resultados são sempre excelentes e gratificantes. Acima de tudo, devemos consolidar uma equipe de liderança que seja consistente com o comportamento do consumidor – e esse consumidor está em constante mudança, exigindo, cada vez mais, que as empresas contribuam positivamente para a comunidade em geral.