8 a cada 10 funcionários admitem realizar tarefas pouco eficientes no horário de trabalho, diz pesquisa

Compartilhar

22% dos entrevistados disseram gastar metade do tempo em funções que não contribuem de verdade para evitar demissões ou adquirirem reconhecimento profissional

Uma pesquisa realizada nos EUA pela empresa americana Visier, especializada em soluções tecnológicas para recursos humanos, apontou que 8 a cada 10 trabalhadores admitem realizar tarefas pouco eficientes, em vez de se dedicar a resultados significativos. O levantamento consultou mil trabalhadores em tempo integral – presencial, híbrido e home office – em fevereiro de 2023, e concluiu que muitos funcionários fingem que estão trabalhando para evitar demissão, adquirirem reconhecimento profissional dos seus gestores ou escapar de mais trabalho.

Segundo especialistas, isso acontece em um cenário cada vez mais competitivo, em que trabalhadores sentem que não podem aparecer sem estar entregando em alta performance. Ao longo de uma semana média de trabalho, 22% dos entrevistados disseram gastar quase metade do tempo de trabalho (20 horas) em funções que não contribuem de verdade para a companhia..

Para Alex Araujo, gestor e CEO da 4Life Prime Saúde Ocupacional – líder no segmento de saúde e segurança do trabalho, a situação é crítica e revela a falta de apoio e empatia dentro das grandes empresas. “Hoje, mesmo com a mudança na forma de trabalhar no pós- pandemia e com o aumento da preocupação com a saúde mental dos colaboradores, muitos gestores ainda se prendem a concepções arcaicas que utilizam do terror e da competitividade, para o alcance das metas, impactando diretamente na forma de trabalho”, diz.

O levantamento ainda expôs que  entre os principais motivos para fingir que trabalham, 64% citam que é importante para o sucesso profissional e 41% afirmam que querem parecer mais valiosos para a empresa. Mexer na tela do computador só para não entrar no modo descanso e responder a e-mails que não exigem uma ação imediata são considerados comportamentos performáticos pela pesquisa. 

Funcionários que trabalham nos modelos presenciais e híbridos foram os que mais se sentiram vigiados por suas chefias, induzindo-os a se mostrarem mais ocupados. Araujo complementa que hoje, líderes e gestores precisam delegar tarefas e cobrar resultados de uma forma que impacte o colaborador de forma positiva. “É preciso entender que quando falamos de uma equipe, estamos falando de pessoas. E trabalhar com pessoas é entender que uma nunca é igual a outra, e que todos estamos passando por algum momento delicado na vida”.

O empresário ainda explica que temos o hábito de valorizar pessoas muito mais agitadas e que estão se comunicando, parecendo que estão trabalhando, em vez de olhar para as entregas em si. “É uma dinâmica que precisa ser repensada em prol da saúde mental de colaboradores que realizam o seu trabalho de forma correta. Entender a personalidade de cada um e quais cobranças impulsionam o crescimento profissional, é um bom começo”, finaliza.