Na disputa por talentos, o modelo de trabalho é um ponto fundamental na área de tecnologia da informação e influencia muito a retenção dos colaboradores. É o que revela o recorte específico para o setor da 23ª edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH), estudo trimestral desenvolvido com o intuito de monitorar o sentimento dos profissionais qualificados (a partir dos 25 anos e com ensino superior completo). Na pesquisa, 37% dos profissionais de TI empregados preferem o trabalho integralmente remoto, um resultado 19% maior do que o apresentado na amostra unificada. Outros 55% dizem aceitar o modelo híbrido, com dois dias presenciais na semana, em comparação com 74% no total de profissões da pesquisa.
Conforme os colaboradores, 62% estão dispostos a buscar um novo emprego caso a empresa opte pelo retorno 100% presencial, versus 58% no consolidado. Para 35% dos profissionais de tecnologia, a questão é determinante a ponto de cogitarem não seguir na empresa. Já 27% consideram a escolha relevante, mas não decisiva.
Convidado a comentar esses resultados, Eduardo Peixoto, CEO do CESAR — instituição que forma profissionais e impulsiona organizações, potencializando suas estratégias digitais –, lembra que o cenário muda para os profissionais que estão desempregados e buscam uma recolocação imediata. “Para 78% deles, seria possível aceitar uma proposta de trabalho ao menos parcialmente remota. Esse é um dado interessante porque especialistas apontam que há benefícios tangíveis nas trocas entre funcionários no trabalho presencial. Em especial para novos entrantes nas empresas, essa interação pode ser ainda mais vantajosa e acelerar a adaptação dos novos colaboradores”, afirma.
Contexto incerto contribui para cenário mais pessimista
A flexibilidade na escolha de modelo de trabalho para o profissional de TI em busca de recolocação pode ser explicada pelo fato de estaremmais inseguros do que os desempregados de outras áreas. Entre aqueles cuja última atuação profissional se deu em empresas de tecnologia, 65% avaliam a situação do mercado de trabalho nessa área como ruim ou muito ruim. No comparativo com o resultado consolidado, 54% dos entrevistados fizeram o mesmo diagnóstico. Ao analisar a situação futura, a tendência se mantém. Enquanto 33% dos desempregados se sentem confiantes na conquista da recolocação nos próximos seis meses, apenas 17% dos profissionais de tecnologia compartilham a mesma opinião.
Sob outro ponto de vista, os profissionais de TI que estão empregados se encontram um pouco mais otimistas do que os colaboradores de outros segmentos. Com relação à área de atuação, 62% dos entrevistados avaliam a conjuntura como boa ou muito boa. No resultado consolidado, 42% dos empregados se sentem assim. Entretanto, quando questionados sobre a confiança em se manter no atual emprego, 47% dos profissionais de TI disseram ser alta ou muito alta. Entre os demais entrevistados, 55% apresentaram alta confiança.
“Após anos de forte ascensão, as recentes ondas de demissões nas big techs colaboraram para que os profissionais de tecnologia se sintam mais inseguros. No entanto, é importante frisar que o setor, como um todo, segue bastante aquecido e a tendência é que se mantenha assim no longo prazo. É preciso ter claro que os últimos anos evidenciaram a relevância da tecnologia para todo e qualquer segmento e isso não deve mudar”, observa Alexandre Attauah, vice-presidente para Contas Estratégicas da Robert Half.