O período de isolamento social, aliado à tecnologia e inovação, mudou o mercado de trabalho. Pessoas colaboradoras passaram a valorizar diferentes benefícios e modelos e condições de trabalho. Muitas delas passaram a trabalhar remotamente e, mesmo as que voltaram de vez aos escritórios, passaram a valorizar a flexibilidade.
Segundo levantamento da Gupy, empresa líder em soluções de RH, alguns dos atributos mais valorizados atualmente em uma empresa por pessoas colaboradoras são: condição de trabalho, autonomia e equilíbrio entre vida pessoal e trabalho. E as pessoas colaboradoras estão atentas às oportunidades em outras empresas, em busca de maior alinhamento ao que buscam: dados da Gallup, de 2023, revelam que 51% das pessoas colaboradoras atualmente empregadas estão de olho no mercado ou já buscando por um novo emprego.
As empresas empregadoras e HRtechs, empresas ou startups que possuem o objetivo de solucionar problemas e automatizar serviços e processos de RH, perceberam nesta transformação algumas oportunidades de novos serviços e produtos que contemplem os novos hábitos no mercado de trabalho.
Selecionamos alguns exemplos de iniciativas que transformaram a vida da pessoa colaboradora e tendem a estar ainda mais presentes no mercado de trabalho. Confira:
Trabalho Flexível
O maior desafio das empresas hoje é lidar com a pressão do retorno ao presencial, equilibrando escritórios ociosos, altos custos de gerenciamento e a necessidade de flexibilidade na contratação do melhor ambiente de trabalho. Diante disso, a procura por espaços flexíveis continua forte, e a Woba, maior rede de escritórios flexíveis por assinatura da América Latina, registrou um crescimento de 22% no mercado brasileiro de coworkings em 2023. Os dados, que foram retirados do Censo Coworking 2024, realizado pela empresa, ainda afirma que deste total, 58,54% estão concentrados nas capitais, destacando a importância dessas regiões como centros de inovação e negócios no país.
“Empresas de todos os tamanhos estão reconhecendo os benefícios de se instalar em espaços que oferecem não apenas infraestrutura de alta qualidade, mas também oportunidades únicas de networking e sinergia empresarial. Hoje já temos clientes que chegaram a economizar cerca de R$ 3 milhões ao ano nesse formato de trabalho”, explica Marco Crespo, COO da Woba.
Salário sob demanda
Muito comum em países como Estados Unidos, Portugal e Espanha, o salário sob demanda é uma modalidade que traz benefícios tanto para a empresa, quanto para os colaboradores. Para os funcionários, o recurso oferece um maior controle sobre sua remuneração, bem como auxilia em todo seu planejamento financeiro. Já para a instituição, além de manter seu time mais engajado, é um excelente chamariz para atrair e reter talentos.
Mafalda Barros, especialista em Economia e COO da Quansa, startup que busca democratizar o acesso dos brasileiros ao salário, afirma que a solução chega no Brasil, justamente, para que o colaborador possa receber o pagamento de forma fluida. “Conhecemos um método de pagamento de salário tradicional, que, na maioria das empresas, o colaborador precisa trabalhar 30 dias para depois receber o seu pagamento. Essa falta de flexibilidade traz consequências financeiras e emocionais para o colaborador, uma vez que as contas e as emergências não esperam pelo fim do mês, obrigando muitas pessoas a se endividar ao recorrer ao cheque especial ou até mesmo atrasar o pagamento de contas”, diz a economista.
Ainda, segundo a especialista, ao garantir que o colaborador possa acessar o que já é seu, a empresa dá mais tranquilidade para, além de reduzir a probabilidade de endividamento ou tomar uma decisão financeira ruim. A modalidade já é uma realidade em multinacionais, como Walmart, Grupo Boticário e Oakberry.
Tecnologia aliada aos processos seletivos
Antes do surgimento de ferramentas como a Gupy, o RH enfrentava desafios como a falta de recursos para analisar milhares de currículos que eram recebidos de forma desorganizada, ou a descentralização de informações para avaliação de pessoas colaboradoras. Em 2015, a Gupy nasce com o objetivo de tornar os processos de gestão de pessoas mais justos e eficientes por meio de tecnologia.
No Recrutamento & Seleção, por exemplo, a Gupy IA, Inteligência Artificial desenvolvida pela HRTech, auxilia desde a otimização na elaboração de criação de vagas, até a leitura das candidaturas sem vieses inconscientes. O uso dessa tecnologia tem ajudado a aumentar, em média, 30% a contratação de pessoas que fazem parte de grupos de diversidade por empresas que usam a plataforma da Gupy. Mas o papel da pessoa recrutadora segue crucial: a IA não faz triagem de currículos – a decisão de prosseguir ou não nos processos seletivos é feita pela empresa contratante.
“Quando fundamos a Gupy, era comum vermos imagens de filas quilométricas de pessoas esperando para entregar o currículo em uma empresa. Nossa missão sempre foi garantir que todas as pessoas tivessem chances iguais de serem consideradas para uma vaga, sem depender de sorte ou de ordem de chegada – mas sim, da compatibilidade do seu perfil com as vagas para as quais se aplica. Hoje, temos um desafio socioeconômico de alta concorrência por emprego no Brasil e, infelizmente, não conseguimos criar mais vagas – mas trabalhamos todos os dias para ajudar a pessoa candidata a ter a melhor experiência possível”, afirma Guilherme Dias, cofundador da Gupy.
Open Talent
No cenário empresarial brasileiro, a dificuldade em ter acesso a talentos com habilidades específicas sem comprometer o orçamento é um desafio premente . Este fenômeno, caracterizado pela dificuldade das organizações em encontrar profissionais qualificados para preencher posições-chaves, não apenas impacta os resultados e a competitividade das organizações, mas também influencia diretamente no desenvolvimento econômico do país. Contudo, nos últimos anos, o movimento Open Talent, que propõe uma abordagem mais aberta e colaborativa para a aquisição e desenvolvimento de talentos, se tornou mais uma alternativa na estratégia de contratação das organizações, ao conciliar talentos internos e externos, e isso vem ganhando destaque.
Uma alternativa viável para o desafio são as soluções flexíveis, uma tendência que impulsiona a adoção de um sistema de “nuvem” compartilhadas de talentos. Para Luciana Carvalho, CEO da Chiefs Group — HRtech pioneira em Open Talent Economy no Brasil —, cada profissional carrega um acúmulo de características, como habilidades, comportamentos, interesses e técnicas, por exemplo, que moldam sua personalidade, o fazendo ser único no mercado de trabalho. “É praticamente impossível achar duas pessoas com a mesma experiência, mas é comum que empresas passem por desafios similares. Acessar esse talento, de forma sob demanda e flexível, que sabe como resolver o problema é o que assegura competitividade no mercado”, explica Luciana.
A abordagem do Open Talent está crescendo tanto que, de acordo com um relatório feito pela Future Market Insights, esse mercado deve atingir a impressionante marca de US$ 1,1 bilhão até 2032.