Metodologias ágeis trazem novos insights para indicadores de compras – Por Carlos Campos

Dois gestores do departamento de compras se encontram. Um deles pergunta: “Olá, tudo bem com você?”. O outro responde: “Estou bem preocupado por conta do meu spend”. Esta conversa aconteceu na noite desta quinta-feira, dia 7 de julho, na sede da Nimbi onde reunimos 13 executivos responsáveis pelos departamentos de compras de grandes empresas como Nokia, LATAM, Heinz, Vigor, Claro, Eurofarma, Walmart e reforça a importância dos indicadores para a área de suprimentos.

Esses profissionais são bombardeados por dados e relatórios que analisam a performance obtida em cada negociação. Contudo, quais informações são mais relevantes? Para responder a essa pergunta, nossa aposta é fugir do modelo tradicional e recorrer às metodologias ágeis.

Atualmente, as metodologias ágeis não dizem respeito apenas ao desenvolvimento de softwares, mas também à gestão do negócio. Até 2018, por exemplo, 75% das empresas de tecnologia estarão utilizando esses processos, de acordo com pesquisa da consultoria Gartner.

A exigência do ambiente corporativo é fazer mais com menos, ao mesmo tempo em que é promovida a troca de conhecimento entre todos os parceiros. Foi esta ideia que nos motivou a criar o Centro de Excelência em Gestão de Suprimentos (CEGS), a primeira iniciativa deste tipo na América Latina.

Por isso, reunimos estes profissionais ligados aos departamentos de compras de grandes empresas para fomentar o debate e trocar experiências – sempre com foco na inovação e na busca por ferramentas que auxiliem ainda mais a nossa rotina. Recorremos ao método MoSCoW para refletir quais indicadores são, de fato, importantes para a área.

Essa técnica consiste na divisão de quatro pilares: Must, que engloba os conceitos básicos e essenciais (e que, em tese, poderiam ser usados em todos os segmentos), Should, com os que são importantes e agregam benefícios para a gestão, Could, que consiste naqueles que são desejáveis, mas não são tão importantes, e Won’t, com indicadores que não deveriam ser utilizados com tanta frequência. Assim, conseguiríamos promover a reflexão sobre a funcionalidade e eficácia de cada indicador utilizado atualmente.

Divididos em duas equipes, os participantes levantaram as análises mais utilizadas e, na sequência, participaram de um excelente debate para atingir um denominador comum. Após mais de uma hora de debate, chegamos a seguinte conclusão:

Must (Essenciais)

* Prazos de pagamentos e fluxo de caixa: refere-se às condições financeiras de cada compra realizada

* Savings: o conceito engloba os ganhos obtidos na comparação com uma negociação anterior e, em nossa discussão, compreende também o PPV (variação do preço de compra), estoque, entre outros pontos.

* Homologação dos fornecedores: avalia a qualidade do serviço prestado pelos parceiros.

* SLA interno ligado ao lead time: qualidade do serviço interno da empresa, principalmente no que envolve o ciclo do produto.

* OTIF: indicador que analisa a entrega dentro do prazo e que atende as especificações do comprador.

* Produtividade: dados que meçam a eficiência dos processos e dos profissionais envolvidos no departamento de compras.

* Single Source: quantidade de compras realizadas apenas com um parceiro.

Should (Importantes)

* TCO: é o custo total de propriedade e mede os custos envolvidos ao longo do ciclo do produto.

* IIR e LTIR: indicadores de segurança e confiabilidade dos fornecedores.

* Supply Chain Performance Management: análise de desempenho de todo o setor de supply chain.

* Consolidação de Fornecedores: número de fornecedores que realizam negócios com frequência.

* Acuracidade Forecast: porcentagem de “previsões certas” em cima das negociações realizadas.

Could (Diferenciais)

* E-procurement: porcentagem de compras feitas de forma automática pela Internet.

* Compras fora do contrato: quantidade de negociações feitas fora do contrato com o fornecedor.

* Spend por FTE: análise das despesas feitas em cima do tempo do profissional em cada negociação.

Won’t (Coadjuvantes)

* PTAX: taxa de câmbio vigente (a instabilidade econômica faz com que o dólar oscile bastante e impeça um planejamento a longo prazo).

Evidentemente não podemos considerar como verdade absoluta essa divisão – tampouco era este objetivo. O plano era traçar métricas e análises que façam sentido para o mercado de cada empresa. No debate, por exemplo, tivemos uma dúvida sobre cost avoidance (economia obtida em uma compra após o valor já ter sido orçado).

Um grupo considerou esse ponto como essencial, enquanto outros defenderam como diferencial – certamente é um tema que será pensado e debatido posteriormente. Contudo, se é impossível chegar a uma unanimidade, certamente essa proposta pode ser a luz que abre caminhos na área de suprimentos.

Carlos Campos é Sócio Diretor da Nimbi, empresa especializada em soluções para a cadeia de suprimentos. A fornecedora de tecnologia para supply chain management no Brasil atualmente conta com 50 clientes, no entanto almeja terminar 2016 com 150 empresas parceiras. Em 2015 a plataforma foi responsável por aproximar mais de 30 mil empresas, controlar 3,5 milhões de cotações e pedidos e transacionar R$ 10,6 bilhões.

Disputa por jovens talentos inflaciona folha salarial das empresas

A concorrência por profissionais qualificados está inflacionando a folha de pagamento das empresas. É o que mostra recente levantamento realizado pela Page Personnel, uma das maiores empresas globais de recrutamento especializado em profissionais de suporte à gestão e primeira gerência. De acordo com o Estudo de Remuneração 2012/2013 da companhia, as empresas estão gastando mais para contratar ou reter talentos. O salário de um administrador de banco de dados júnior em São Paulo, por exemplo, saltou de R$ 2,5 mil no ano passado para R$ 4,7 mil neste ano, o que representa aumento de 88%.

“Essa falta de mão de obra qualificada proporciona um enorme poder de barganha salarial aos profissionais que se enquadram no alto nível de exigência das empresas. É um fato novo no País, que trouxe consequências às relações trabalhistas no Brasil. Nos resta saber agora quanto tempo isso pode durar”, explica Gil Van Delft, diretor-geral da Page Personnel.

Para elaborar o estudo, a Page Personnel consultou, em julho deste ano, os informes de rendimentos de 30 mil candidatos de 20 a 30 anos de São Paulo, do Rio de Janeiro e do interior paulista. A partir dessa consulta, a Page Personnel conseguiu traçar a remuneração mensal fixa de 204 cargos em 11 setores nas capitais paulista e carioca e no interior de São Paulo. Os cargos estão listados em faixas salariais que variam de acordo com o conhecimento do profissional (júnior, pleno ou sênior) e porte da empresa (pequena, média ou grande).

Remuneração por áreas

O Estudo de Remuneração elaborado pela Page Personnel distribui os cargos nas seguintes áreas de atuação: Finanças, Bancos, Vendas, Marketing, Tecnologia da Informação, Seguros, Engenharia e Manufatura, Recursos Humanos, Imóveis e Construção, Suprimentos e Secretariado e Administrativo.

Finanças
No setor de Finanças, os cargos que mais tiveram alterações nas faixas salariais foram os de analista contábil júnior, analista fiscal tributário pleno e analista de custos e orçamentos. O salário mensal médio de um analista contábil júnior, em São Paulo, saltou de R$ 3,5 mil em 2011 para R$ 4,5 mil neste ano. No interior de São Paulo, os rendimentos de um analista tributário fiscal pleno passaram de R$ 4 mil no ano passado para R$ 5,5 mil neste ano. No caso do analista de custos e orçamentos, que atua no Rio de Janeiro, seus ganhos foram reduzidos. Caíram de R$ 3 mil em 2011 para R$ 2,5 mil neste ano.

“O complexo sistema fiscal brasileiro tem exigido profissionais com sólida expertise na área. As empresas pedem habilidades técnicas, conhecimentos em contabilidade internacional, domínio de softwares específicos e de idiomas. Por esses motivos, os salários aumentaram de uma forma geral”, explica Gil.

Bancos

No setor bancário, os cargos que apresentaram variações significativas na remuneração foram os de analista de produtos pleno – varejo e analista de crédito júnior – bancos de investimento, ambos com atuação em São Paulo. Os rendimentos de um analista de produtos pleno aumentaram de R$ 6 mil em 2011 para R$ 7,2 mil neste ano e do analista de crédito júnior saltou de R$ 5 mil no ano passado para R$ 6,5 mil.

“Nos bancos de investimentos e financeiras, os níveis salariais aplicados mantiveram-se, em geral, estáveis, exceto para as áreas de crédito”, resume o diretor da Page Personnel.

Vendas

O mercado de vendas no Brasil passa por uma fase de expansão e especialização. Por esse motivo, as empresas estão de olho nos profissionais de vendas técnicas, com atitude consultiva e fortes habilidades de comunicação. Os profissionais que tiveram mais ganhos nessa área no último ano foram os de vendas técnicas sênior e coordenador de engenharia de vendas, ambos para a área industrial. O salário para vendas técnicas sênior e coordenador de engenharia de vendas em São Paulo passou de R$ 6,5 mil em 2011 para R$ 7 mil em 2012.

Marketing

O setor de Marketing não apresentou muitas variações nas faixas salariais dos cargos avaliados.

“O mercado se manteve estável, mas percebemos grande movimentação no número de profissionais de mídias digitais contratados em relação ao ano passado. Acrescentamos a faixa salarial para essa posição no estudo deste ano”, diz Gil.

Duas mudanças sensíveis foram verificadas no interior de São Paulo para as posições de analista de marketing sênior e inteligência de mercado sênior. No ano passado, os ganhos de um analista de marketing sênior chegavam a R$ 5 mil e neste ano chegaram a R$ 3,3 mil. Os ganhos para o cargo de inteligência de mercado sênior caíram de R$ 5 mil em 2011 para R$ 4,2 mil em 2012.

Tecnologia da Informação

O setor de TI é o que apresenta o cargo com maior aumento percentual na remuneração. O salário de um administrador de banco de dados júnior, em São Paulo, saltou de R$ 2,5 mil no ano passado para R$ 4,7 mil neste ano, o que representa aumento de 88%. Os ganhos de um desenvolvedor/ programador também passaram de R$ 6,7 mil em 2011 para R$ 7,5 mil em 2012.

“Os profissionais de TI estão investindo mais tempo e dinheiro em qualificações técnicas, acadêmicas e cursos de idiomas e certificações, pois sabem que a demanda de oportunidades que buscam aumentou significativamente”, discorre Gil.

Seguros

Os níveis salariais aplicados aos profissionais da área de seguros mantiveram-se estáveis de uma forma geral. No caso do analista de crédito sênior, os ganhos saíram de R$ 5,5 mil no ano passado para R$ 6,5 mil neste ano.

Engenharia e Manufatura

A falta de profissionais com conhecimento técnico e perfil comportamental adequado aponta para uma escassez de talentos neste segmento. Por esse motivo, as altas salariais apareceram em alguns cargos. No caso de técnico de manutenção no Rio de Janeiro, os rendimentos pularam de R$ 5,8 mil em 2011 para R$ 6,5 mil neste ano. Para o cargo de engenheiro ambiental sênior no interior de São Paulo, os ganhos saíram de R$ 4 mil no ano passado para R$ 5, 1 mil em 2012. No Rio de Janeiro, a remuneração de um engenheiro químico passou de R$ 7,2 mil no ano passado para R$ 8 mil neste ano.

“Essa área é muito promissora no Brasil. E um fator influencia muito nos altos níveis salariais aplicados ao setor: Muitos engenheiros, depois de formados, resolvem não seguir a profissão. Isso dá aos que seguem a carreira um poder de barganha ainda maior no momento da negociação salarial”, reflete o diretor.

Imóveis e Construção

O setor de imóveis e construção passa por um momento de grande aquecimento, motivado principalmente pela crescente demanda de mão de obra técnica em áreas ligadas à Engenharia, como obras de infraestrutura, petróleo & gás e mercado imobiliário.

Um coordenador técnico de edificações em São Paulo recebia em torno de R$ 4,2 mil no ano passado e passou a ter ganhos de R$ 7,5 mil neste ano. O cargo de projetista civil pleno em São Paulo tinha remuneração média de R$ 4 mil em 2011 e neste ano é de R$ 7,5 mil. No Rio de Janeiro, o destaque ficou para o analista sênior de facilities, que viu seus rendimentos caírem de R$ 6,3 mil em 2011 para R$ 4,5 mil neste ano.

Suprimentos

A ideia de uma compra estratégica para uma venda com mais rentabilidade gera a necessidade de profissionais mais preparados tecnicamente. Há demandas nesse mercado para profissionais com foco em resultados financeiros, utilização de ferramentas de busca e interface com a área de planejamento.

O cargo de analista de comércio exterior pleno, em São Paulo, foi o que mais apresentou ganho nos últimos 12 meses. O salário subiu de R$ 3,6 mil em 2011 para R$ 4,7 mil neste ano. No Rio de Janeiro, por sua vez, os ganhos de um analista de PCP pleno recuaram de R$ 4,9 mil para R$ 4 mil.

“Uma área de destaque é a de distribuição e logística. O complexo viário no Brasil ainda não tem a estrutura necessária para dar vazão a todo o crescimento e expansão em diferentes setores. Isso exige dos profissionais dessa área jogo de cintura e criatividade maior do que a exigida em outros países, e quem se encaixa e consegue diminuir custos, se destaca”, diz Gil.

Recursos Humanos

A participação mais estratégica do RH nos negócios da companhia impactou diretamente na remuneração dos profissionais que atuam nessa área. A procura por um perfil mais estratégico também ajudou a melhorar a remuneração desse profissional. Para o cargo de remuneração e benefícios júnior, em São Paulo, o salário saiu de R$ 4,5 mil em 2011 para R$ 5,5 mil em 2012. No caso de um business partner júnior no interior de São Paulo, os ganhos saltaram de R$ 3,3 mil em 2011 para R$ 5 mil neste ano.

Secretariado e Administrativo

Os profissionais que atuam em São Paulo e no Rio de Janeiro nas funções de suporte, como secretárias e equipe administrativa, convivem com realidades diferentes. Um gerente de escritório sênior em São Paulo, tem rendimentos em torno de R$ 10 mil. No Rio de Janeiro, o salário de um profissional deste mesmo nível está em torno de R$ 6 mil. Um assistente administrativo júnior que atua em São Paulo tem ganho médio de R$ 4 mil e no Rio de Janeiro os ganhos desse mesmo trabalhador gira em torno de R$ 2,3 mil.